Teste de DNA: após 72 anos, homem descobre que sua irmã era, na verdade, sua mãe biológica

Paul McLister, de 76 anos, fez um teste de DNA caseiro para saber mais sobre sua ancestralidade e acabou desvendando o segredo da família

Os testes de DNA caseiros têm como objetivo principal revelar mais informações sobre a ancestralidade das pessoas, mas, em alguns casos, eles estão desvendando segredos familiares que parecem até enredos de novelas. Paul McLister, de 76 anos, vivenciou essa experiência. No final de 2020, ele fez um teste de DNA e descobriu que sua família havia escondido a verdade sobre a sua identidade por 72 anos.

Em entrevista à emissora canadense CTV News, Paul, que mora em Sarnia, em Ontário, Canadá, contou que sempre soube que sua família tinha o adotado, assim como uma de suas irmãs mais velhas. No entanto, seus pais nunca discutiram muito sobre seu processo de adoção. Eles lhe disseram apenas que seus pais biológicos eram um casal franco-canadense e que ele foi colocado para adoção quando ainda era um bebê.

A história de Paul veio à tona depois que seus três filhos o presentearam com um kit de teste de DNA para ajudar o pai a saber mais sobre suas origens. “Sempre quis saber quem eram meus pais biológicos por vários motivos – um, por questões de saúde, e o outro, acho, para me dar uma identidade”, ele contou. Após receber os resultados, ele descobriu que tinha um meio-irmão e tentou entrar em contato com ele. “Não sabíamos se éramos filhos da mesma mãe ou do mesmo pai”, explicou Paul. A incerteza tornou as coisas um pouco estranhas no início”.

As novas revelações movimentaram a família de Paul e, então, os segredos começaram a ser revelados. Em meio a essas descobertas, a sobrinha do canadense resolveu mostrar a foto de sua mãe, Gloria, grávida no final de 1946, época que Paul nasceu. “Acontece que quem eu pensava ser minha irmã era, na verdade, minha mãe biológica”, afirmou McLister, “e minha sobrinha era minha irmã”.

Paul acredita que seus pais se conheceram após a Segunda Guerra Mundial por meio de alguma atividade atlética em Ontário ou Michigan (EUA). O relacionamento durou pouco e o canadense acredita que seu pai nunca foi informado de sua existência. Os pais de Gloria, então, decidiram fazê-la se passar por irmã do próprio filho. “Eles inventaram toda essa história para tentar torná-la realidade, quando, na verdade, era um monte de mentiras”, disse ele. “Uma das coisas mais surpreendentes sobre tudo isso é como isso foi mantido em segredo, como as pessoas do lado dos meus avós conseguiram manter isso em segredo”, acrescentou.

Desde então, Paul descobriu que não apenas seus avós maternos e sua mãe biológica sabiam do segredo, mas, depois que ela se casou, seu marido e seus sogros também. Até mesmo sua irmã biológica, Beth, que ele acreditava ser sua prima, tinha suspeitas. “Quando descobrimos isso, minha irmã por parte de mãe me disse: ‘Por 50 anos, sempre pensei que você fosse meu irmão'”, ele contou.

A revelação deixou o canadense atordoado. Afinal, ele descobriu que sua mãe biológica e seus irmãos nunca estiveram longe. Paul também começou a se aproximar de sua família paterna e chegou até mesmo a mandar uma foto sua para os irmãos. “Assim que minha meia-irmã paterna viu a foto, ela me escreveu de volta e disse: ‘Fiquei muito desconfiada, mas assim que vi sua foto, não tive dúvidas de que você era meu irmão'”, ela revelou, acrescentando que ele se parecia muito com o pai.

Em apenas dois dias de investigação, Paul descobriu que tinha quatro irmãos no Canadá e cinco nos Estados Unidos – três irmãs e dois irmãos espalhados pela Carolina do Sul, Ohio e Michigan. As restrições da pandemia, em vigor na época, impediram que os irmãos se encontrassem, então, eles decidiram se comunicar apenas por chamada de vídeo. Em 2021, o encontro presencial, finalmente, aconteceu, quando os irmãos de Paul, Mary Beth e Jim, vieram visitá-lo. “Foi uma experiência bastante emocionante. Mas foi fácil. Era como se os conhecêssemos desde sempre. Não houve nenhum constrangimento. Foi incrível”, ele lembrou.

Paul conheceu quatro dos seus cinco irmãos norte-americanos e ganhou 1.500 novas conexões de primos distantes. Ele também descobriu que seu pai passou por uma infância difícil em Detroit, antes de servir na Segunda Guerra Mundial. No entanto, se tornou um homem de negócios após se formar na faculdade.

O canadense comentou que ficou muito feliz com as descobertas, embora admita se sentir frustrado por não ter conhecido seus pais enquanto estavam vivos. Ele conheceu Gloria, sua mãe biológica, mas sempre a viu como uma irmã. Paul se lembra ainda que mãe parecia uma pessoa muito infeliz e constantemente submissa à sua própria mãe. Ele também expressou ressentimento em relação à sua avó materna, que era sua mãe adotiva, por ela ter inventado essa história para ocultar a verdade sobre sua identidade, em uma tentativa de protegê-lo e evitar um escândalo. “Posso ver as impressões digitais dela em tudo isso”, disse ele. Apesar dos segredos, ele disse que foi bem cuidado e sempre se sentiu amado enquanto crescia.

Revista Crescer/Globo