Na iTribuna, ex-prefeito Tauillo Tezelli falou sobre eleições 2016 e dívidas da Fertimourão
A edição do jornal Tribuna do Interior deste domingo, dia 26, publicou entrevista com o ex-prefeito Tauillo Tezelli, que falou sobre as eleições municipais do ano que vem, das articulações em andamento e dos problemas financeiros da Fertimourão. Leia, abaixo, a íntegra da entrevista.
Odiado pela oposição, mas considerado por uma grande fatia da população como um dos melhores prefeitos de Campo Mourão, o ex-prefeito Tauillo Tezelli (PPS), concedeu entrevista exclusiva à TRIBUNA neste final de semana onde fala dos planos para 2016. Ele abriu também ao jornal as contas da Fertimourão, que foi amplamente explorada contra ele por seus opositores na campanha municipal de 2012.
Apesar de aparecer entre um dos nomes mais cotados do PPS para disputar a prefeitura no próximo ano, o ex-prefeito disse que ainda não há nada definido. Ele não descartou também a participação do próprio deputado estadual, Douglas Fabrício, atualmente secretário do Esporte e Meio ambiente no pleito.
“O mais importante para 2016 é a união. Temos que ficar atentos para não nos dividirmos, pois a divisão da oposição novamente pode favorecer a situação e novamente ser eleita pela minoria”, disse Tezelli, lembrando que perdeu eleição para atual administração por uma diferença mínima de votos. Confira a entrevista completa abaixo.
A campanha de 2016 já está começando a ser organizada. O senhor é candidato a prefeito?
No momento estamos trabalhando em uma frente de oposição, para unir partidos e pessoas que não estão contentes com a atual administração para termos um candidato único. Realmente, o meu nome aparece naturalmente por ter sido prefeito duas vezes e mesmo quando fui derrotado sempre perdemos por muito pouco e muito bem votado. Mas não tem nada definido. Estamos abertos ao diálogo e queremos o diálogo com pessoas de bem da nossa cidade. Nosso principal objetivo é tirar o atual grupo do poder, pois está sendo prejudicial para cidade, independente de quem seja o candidato.
Quem são esses partidos? O PPS abriria mão da cabeça de chapa?
Até o momento os partidos que fazem parte das reuniões são: PPS, PTB, DEM, PSDB, PSB. Quanto à cabeça de chapa, é natural a especulação do PPS liderar, por ser o partido mais organizado, com mais militantes e filiados. Mas repito, não está definido nenhum nome. Queremos dialogar com os partidos e chegarmos juntos a uma decisão do melhor nome para prefeito e um nome para vice. O deputado estadual Douglas Fabrício, além de ser um possível nome, também faz parte dessas conversas. Assim como também participa das conversas, o atual vice-prefeito, Rodrigo Salvadori, que rompeu com a prefeita, por denúncias de corrupção na prefeitura. Além dele, queremos conversar com outros partidos como PV, PSC, com entidades sérias que estão preocupadas com a cidade. O mais importante para 2016 é a união, não ter vaidades e chegarmos ao melhor nome para ganharmos a eleição. Temos que ficar atentos para não nos dividirmos, pois a divisão da oposição novamente pode favorecer a situação e novamente ser eleita pela minoria.
Falando em eleição de 2014. Como senhor avalia as eleições?
A eleição foi excelente para o nosso grupo político. O deputado federal Rubens Bueno foi o mais votado em Campo Mourão com ampla diferença para os demais candidatos. Fez em torno de 16 mil votos na cidade e o candidato da prefeita apenas cerca de 3 mil. Já para deputado estadual, o Douglas foi o mais votado, em torno de 20 mil votos, fazendo mais que a soma dos outros candidatos da cidade.
Os problemas com a Fertimourão é um dos principais pontos usados pela oposição contra o senhor. Como está a recuperação judicial da empresa, a qual o senhor faz parte do quadro societário.
Muito boa essa pergunta e aqui é um espaço bom para esclarecer algumas coisas e desmentir fofocas e boatos maldosos. A Fertimourão é uma empresa de mais de 35 anos em Campo Mourão, que faturava em torno de R$ 500 milhões e sempre gerou emprego e receitas para nossa cidade, empresa que sempre atuou e atua em um mercado de risco, que é a Agricultura. O que significa Recuperação Judicial? Recuperação Judicial é um mecanismo da nossa legislação, que permite empresa em dificuldade, renegociar e prorrogar suas contas. Assim, como muitos agricultores já fizeram alguma vez na vida, que é prorrogar as suas contas com os bancos. Importante dizer que a Recuperação Judicial, é uma forma para a empresa poder se recuperar e continuar gerando empregos e renda para a sociedade. E a Recuperação Judicial só é autorizada, após a justiça analisar todas as contas e comprovar que a dificuldade financeira ocorreu por problemas do negócio, sem fraudes, sem má-fé, etc. É isso que estamos passando. Já faz cinco anos e provavelmente até colocarmos a casa em ordem pode demorar mais cinco anos, talvez um pouco mais. Importante é que estamos trabalhando diariamente, como eu faço desde meus oito anos de idade. Não nos furtamos das responsabilidades.
Por que ocorreram os problemas com a Fertimourão?
Foi uma série de fatores juntos. O ano de 2008 foi um ano muito complicado mundialmente, a crise que afetou os EUA, afetou o mundo inteiro. O dólar disparou. Os bancos cortaram linhas de créditos e prejudicou o capital de giro de diversas empresas. Paralelamente a isso, a alta do câmbio dificultou muito. Uma empresa exportadora como a Fertimourão, com muitas operações atreladas ao dólar, viu sua dívida aumentar muito devido ao câmbio. Nesse período, muitas empresas quebraram no Brasil e no mundo inteiro. A Sadia, por exemplo, por problemas no câmbio e derivativos quase foi à falência por falta de caixa e teve que ser socorrida pelo governo. E a Perdigão que era muito menor comprou a Sadia, com dinheiro do BNDES. Assim como esta, várias outras empresas do nosso setor quebraram ou foram vendidas. Junto a todos esses fatores já citados, a agricultura vinha de um a dois anos com quebra de safra na região, onde muitos agricultores também não honraram os compromissos conosco e prorrogaram contas. Somando tudo isso, faltou caixa para operação do negócio.
Falta muito ainda a ser pago ainda? Existem dívidas com agricultores?
Sobre as nossas dívidas, posso lhe afirmar que muitas contas já foram pagas e outras contas estão em nosso plano de recuperação apresentado a justiça. Sim, existem ainda dívidas com agricultores. No início da crise, eram quase mil agricultores na região inteira, hoje posso te afirmar restam em torno de 250. Portanto, muito já foi pago. Sobre meus adversários falarem sobre esse assunto, isso já foi usada à exaustão na última campanha, quando a situação era pior, inventaram muitos boatos e mentiras sobre esse assunto. O curioso, que alguns que propagam que nos agridem com mentiras e boatos devem para a Fertimourão também. E interessante que mesmo com todo tipo de apelação, com uma campanha com poucos recursos financeiros, nosso grupo fez 20 mil votos. Sinceramente, já me incomodou, mas hoje não me incomoda mais, eu até entendo eles. E sabe o porquê fazem isso? Porque eles não têm nada para falar da minha vida pública e apelam para explorar uma fatalidade na vida empresarial. Eu não faria isso, pois não é assim que se faz política. O povo não é bobo, sabe que isso é desespero e apelação. O povo quer saber o que você irá fazer pela cidade, quais são suas propostas e o que você já fez.
O que difere seu grupo político do que está no poder atualmente?
Tudo. Somos completamente diferentes. Nos 12 anos de mandato do nosso grupo, não tiveram secretários afastados pela justiça, uso o plural porque foram vários. Não praticamos o Nepotismo. Não tivemos cargos de confiança preso em flagrante corrupção. Nosso grupo não teve nenhuma condenação por improbidade administrativa. Não fazemos política de maneira populista e oportunista. Não trocamos apoios por cargos, nem votos por cesta básica, passagens, etc. Agora, eles irão completar 12 anos e poderíamos comparar também em números. Quantos cursos superiores cada grupo trouxe pra cidade, quantos metros de asfalto cada grupo fez e recapou, quantas escolas, quantas creches foram feitas. Importante ressaltar que hoje se arrecada muito mais que no passado. A arrecadação que era em torno de R$ 40 milhões, hoje passa dos R$ 250 milhões.
Fonte: Da Redação com iTribuna