Chefe de gabinete de Regina Dubay pagou supermercados com cheques de comissionados
Dinheiro arrecadado ilegalmente dos salários de comissionados da prefeitura de Campo Mourão, além de pagar honorários de advogado curitibano que atuou na defesa de processos particulares de Regina Dubay, também foi utilizado para pagar compras em supermercados de Campo Mourão.
Reportagem da iTribuna confirma os fatos e apresenta cópias de cheques que foram anexados ao processo que investiga o Mensalinho da Regina, como ficou conhecido o caso após a denuncia do GAECO, que flagrou e prendeu funcionário da secretaria da saúde da administração Regina Dubay cobrando comissão, em média 5%, de salários de outros comissionados da prefeitura.
Supermercados e Gás – Raimundo Machado, chefe de gabinete de Regina Dubay, que atende em sala anexa ao da prefeira, utilizou cheques de comissionados para pagar supermercados e empresas de entrega de gás de cozinha.
Cobrança desde 2013 – depoimento de comissionado confirma que a cobrança existiu desde os primeiros dias do mandato da prefeita Regina Dubay.
Leiam abaixo a íntegra da reportagem da iTribuna:
O dinheiro arrecadado na cobrança criminosa, segundo depoimentos colhidos pelo Ministério Público, de parte de salários de funcionários comissionados da prefeitura de Campo Mourão era direcionado para pagamento de honorários do advogado particular contratado pela prefeita Regina Dubay e também bancava gastos realizados pelo chefe de gabinete, Raimundo Machado, em supermercados da cidade e até em depósitos de entrega de gás. Cópias de cheques comprovando estes destinos estão anexadas no processo que tramita na 2ª Vara Criminal de Campo Mourão, à espera de decisão da Justiça.
Além do depoimento do advogado eleitoral Guilherme Gonçalves – um dos mais renomados e caros profissionais do Paraná, na área de Direito Eleitoral – admitindo que cheques de servidores comissionados foram depositados em sua conta bancária particular para pagamento de honorários – sem qualquer relação oficial com o Município- prestados à prefeita, o processo traz ainda o testemunho de vários servidores comissionados que admitiram o pagamento compulsório mensal e apresentaram provas irrefutáveis da cobrança.
É o caso, por exemplo, do servidor comissionado José Luiz da Silva, que atuava na secretaria de Ação Social de Campo Mourão. Em depoimento ele disse que o recolhimento ilegal era feito desde o primeiro ano do mandato de Regina. A cobrança era feita e anotada em uma lista. Silva chegou a indicar que na secretaria que atuava, a responsável pela cobrança era a funcionária, também comissionada, identificada como Cláudia Gameiro. O comissionado disse que sabia, assim como demais funcionários, que o dinheiro era entregue ao chefe de gabinete da prefeita.
Para provar sua versão, Silva entregou ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cópias de cheques do Banco do Brasil que ele teria pago ao esquema de arrecadação. Um dos cheques, emitido em setembro de 2013, foi pago para um supermercado da cidade e no verso foi anotado a palavra Machado. Abaixo do nome foi anotado um número de telefone de Campo Mourão. O número telefônico pertence, ainda hoje, à residência de Raimundo Machado. (Nota da CRN1: Clique na imagem para ver cópia de um dos cheques entregue por Silva)
Pagamento do gás
Não foi apenas o cheque de Silva que foi utilizado para pagamento de compras. Um cheque do banco HSBC, emitido também em setembro de 2013, pelo comissionado Silvio Vilczack, também foi entregue ao mesmo supermercado. No verso do cheque, a mesma anotação com o nome “Machado” e o mesmo número de telefone abaixo. Outro cheque emitido pelo mesmo funcionário em maio de 2013, também trazia no verso a descrição “Machado”. O cheque foi descontado em uma empresa de entrega de gás que atua na cidade. Como Silva, Vilczack também disponibilizou cópias de cheques pagos ao esquema. Diretor de teatro, Vilczack disse que o pagamento para a arrecadação foi feito diretamente para Machado.
Inúmeros outros comissionados confirmaram o pagamento. A maioria disse que não sabia a finalidade do dinheiro arrecadado. Nem mesmo ocupantes de cargos em secretarias, escaparam da cobrança como é o caso do atual secretário, Edoel Rocha, e do ex-secretário de Planejamento, Rogério Tonet.
Fonte: Da Redação com iTribuna