Populações de abelhas estão diminuindo em todo o mundo devido ao crescimento urbano, práticas agrícolas e mudanças climáticos
Se engana quem acredita que as abelhas só servem para produzir mel. Esses pequenos insetos desempenham um papel fundamental para os ecossistemas e para a preservação do meio ambiente.
O professor de biologia Rodrigo Borges, do Colégio Presbiteriano Mackenzie de Brasília, explica que as abelhas são as principais polinizadoras de plantas com flores, garantindo a formação de frutos e sementes.
“Elas desempenham um papel importante na polinização, o que chamamos de serviços ecológicos ou serviços ecossistêmicos. São essenciais para a reprodução de muitas plantas, incluindo alimentos básicos da dieta humana, como arroz, feijão e soja”, detalha Borges.
Além de sustentar cadeias alimentares inteiras, beneficiando herbívoros e predadores, a polinização feita pelas abelhas promove a diversidade genética das plantas. Ao coletar néctar, elas transportam pólen de uma flor para outra, permitindo a reprodução das plantas e contribuindo para a manutenção dos ecossistemas.
“Essa polinização cruzada sustenta uma ampla variedade de vida selvagem. Sem as abelhas, muitos ecossistemas seriam gravemente afetados, resultando em perda de biodiversidade”, acrescenta o biólogo Marcos José Wolf, especialista em apicultura e meliponicultura.
O poder da polinização na segurança alimentar
Além da importância ecológica, o serviço prestado pelas abelhas tem um imenso valor econômico. “Estima-se que as abelhas polinizam cerca de 75% das culturas alimentares do mundo. Sem esse serviço, a produção de alimentos seria drasticamente reduzida, afetando a disponibilidade e a diversidade dos produtos, além de elevar os preços”, afirma Wolf.
O especialista destaca que, nos Estados Unidos, a contribuição das abelhas para a agricultura é avaliada em cerca de 15 a 20 bilhões de dólares por ano. No Brasil, culturas como as de maçã, melão, café, cítricos e soja dependem da polinização para garantir altos índices de produtividade. Em regiões onde há escassez de abelhas, produtores recorrem ao aluguel de colônias para realizar o trabalho.
Estudos indicam que, se as abelhas fossem extintas, a população humana só conseguiria produzir alimentos para cerca de um bilhão de pessoas no mundo. “Elas aumentam a produtividade e a qualidade de culturas de frutas, legumes, oleaginosas e castanhas. Sem as abelhas, haveria uma redução drástica na oferta de alimentos, impactando a economia agrícola e elevando os preços”, diz o professor de biologia Rodrigo Borges.
Como ajudar a proteger as abelhas?
- Procurar conhecer e se informar sobre as abelhas, pois só cuidamos daquilo que de fato conhecemos.
- Plantar espécies vegetais que forneçam recursos como néctar e pólen para as abelhas.
- Criar abrigos para as abelhas, manter árvores velhas que tenham cavidades para nidificação e instalar colmeias para espécies nativas.
- Apoiar apicultores locais comprando mel e demais produtos das abelhas e ajudando a divulgar a importância dessa atividade.
- Evitar pesticidas e incentivar o uso de métodos naturais de controle de pragas.
- Educar e conscientizar as pessoas sobre a importância das abelhas e os riscos que elas enfrentam.
Principais ameaças às populações de abelhas
De acordo com o professor Rodrigo, as principais ameaças incluem o uso indiscriminado de pesticidas, como o glifosato (recentemente liberado no Brasil); o desmatamento; e a fragmentação dos habitats devido à expansão agrícola e urbana, as mudanças climáticas e a disseminação de parasitas que estão se espalhando.
“Se as abelhas desaparecessem, haveria um colapso na polinização de várias culturas agrícolas, resultando em menor produção de alimentos, empobrecimento da biodiversidade e desequilíbrios ecológicos graves”, alerta o especialista.
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