Lula chama diretora-geral do FMI de ‘mulherzinha’ em discurso em evento oficial do governo

Ao simular a fala de Kristalina Georgieva, o presidente ainda fez uma voz de fragilidade.
Durante discurso nesta terça-feira (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se referiu à diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, como “aquela mulherzinha”, ao lembrar de um encontro entre os dois em 2023, no Japão.
Segundo Lula, na ocasião, Georgieva teria dito que a economia brasileira cresceria apenas 0,8% naquele ano.
Ao simular a fala de Georgieva, o presidente ainda fez uma voz de fragilidade.
“Eu estive em 25 de janeiro do ano passado em Hiroshima. Estava lá visitando, eu e o presidente dos EUA, onde jogaram a bomba de Hiroshima. Eu se fosse presidente dos EUA, não iria no lugar que jogou a bomba, mas ele foi. E lá eu encontro uma mulherzinha, uma presidente do FMI, diretora-geral do FMI, nem me conhecia [faz vozinha]: ‘Presidente Lula, presidente Lula, sabe que o Brasil, está difícil a coisa para o Brasil. O Brasil só vai crescer 0,8%’. Eu falei você nem me conhece, eu não te conheço, como é que você fala que o Brasil só vai crescer 0,8%?”, disse o presidente.
Lula continuou o discurso:
“A resposta veio do fim do ano. O Brasil cresceu 3,2%”, completou.
O evento ocorreu nesta terça-feira, 8 de abril, da abertura do 100º Encontro Internacional da Indústria da Construção (Enic), em São Paulo (SP).
Em seguida, Lula criticou o que chamou de “professores de Deus” na avaliação econômica.
“Depois começaram os outros especialistas, porque está cheio de especialista neste país, não tem um especialista pra dar um palpite bom. Está cheio de dono da verdade, está cheio de professor de Deus dando palpite em economia”, criticou o presidente.
Falas equivocadas de Lula
Ao longo do mandato, o presidente tem proferido frases que demonstram preconceitos e machismo.
No mês passado, ele disse que tinha escolhido Gleisi Hoffmann para ser ministra da Secretaria de Relações Institucionais por ser uma “mulher bonita” para dialogar com o Congresso.
20 de julho de 2023
O presidente afirmou que o auxílio a países da África seria uma forma de “pagamento” pelo período em que africanos foram escravizados no Brasil. A fala foi em Cabo Verde, África.
“Nós temos uma profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso país”, disse Lula.
2 de fevereiro de 2024
Lula disse para uma mulher negra que “uma afrodescendente assim gosta de um batuque de um tambor”. A declaração foi dada durante um evento na fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
“Essa menina bonita que está aqui. Eu estava perguntando: o que faz essa moça sentada, que eu não ouvi ninguém falar o nome dela? Falei: ‘Ela é cantora, vai’. Não, não vai cantar. Perguntei (e disseram): ‘Não, não vai ter música’. Então, ela vai batucar alguma coisa. Porque uma afrodescendente assim gosta de um batuque de um tambor”, disse.
20 de junho de 2024
O presidente aconselhou uma mulher de 25 anos com três filhos a parar de ter crianças. A declaração foi dada durante um evento de entrega de casas do programa Minha Casa Minha Vida.
“Na hora que você deixa [a obra parada], você não tem preocupação com o povo mais humilde, com a dona de casa, com a mãe que tem dois, três filhos”, argumentou o presidente.
16 de julho de 2024
Durante uma reunião no Palácio do Planalto, o presidente comentou ser “inacreditável” que a violência contra a mulher aumente depois de jogos de futebol. Ele disse que “se o cara é corintiano, tudo bem”, mas que não fica nervoso quando perde.
“Hoje, eu fiquei sabendo de uma notícia triste, eu fiquei sabendo que tem pesquisa, Haddad, que mostra que depois de jogo de futebol, aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corinthiano, tudo bem. Mas eu não fico nervoso quando perco, eu lamento profundamente. Então, eu queria dar os parabéns às mulheres que estão aqui”, disse o presidente.
8 de janeiro de 2025
Presidente afirmou que maridos tendem a amar mais as amantes do que as próprias mulheres. A fala foi em um discurso sobre a democracia, em memória aos atos golpistas ocorridos em 2023.
“Não sou nem marido, eu sou um amante da democracia. Porque a maioria das vezes os amantes são mais apaixonados pela amante do que pelas mulheres. Eu sou um amante da democracia”, disse Lula, a poucos passos de sua mulher, Janja da Silva, que estava presente ao evento.