Marido que manteve esposa em cárcere privado por 5 anos no PR é preso no DF; áudios mostram rotina de violência

Homem foi detido com revólver, munições e documentos falsos
O marido que manteve a esposa em cárcere privado por cinco anos no Paraná foi preso nesta quinta-feira (27), em São Sebastião (DF).
Segundo informações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), o suspeito foi preso com um revólver, munições, além de documentos falsificados.
Jean Machado Ribas viajava com um motorista de aplicativo, que foi contratado para levar o foragido do Paraná ao Distrito Federal. O homem também foi detido na ação.
O suspeito havia sido preso em flagrante no dia 14 de março e encaminhado para a Delegacia da Polícia Civil do Paraná (PCPR) em de Itaperuçu, na Região Metropolitana de Curitiba.
Mas na audiência de custódia, realizada no dia 16 de março, o suspeito foi liberado para responder em liberdade o processo.
Na última segunda-feira, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) solicitou a prisão preventiva do marido que manteve a esposa em cárcere privado por cinco anos, por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Rio Branco do Sul.
Segundo a Polícia Militar do Paraná (PM-PR), a esposa e o filho do casal, de 4 anos, foram encaminhados para uma unidade de saúde para realizarem exames médicos e depois foram a um local mantido em sigilo pela polícia.
Esposa denunciou em bilhete e em e-mail

A esposa, que era vítima de violência doméstica e cárcere privado, tentou ser resgatada pela primeira vez ao deixar um bilhete com pedido de socorro em um posto de gasolina de Itaperuçu.
“Me ajude moro no município de Itaperuçu. Sofro muita violência em casa”, disse a mulher no bilhete.
Segundo o aspirante a Oficial da Polícia Militar do Paraná (PM-PR) Alexandretti, policiais fizeram diligências na zona rural de Itaperuçu após encontrarem o bilhete, mas não encontraram a mulher ou o marido na residência.
Mas a mulher conseguiu encaminhar um e-mail para a Casa da Mulher Brasileira e na última sexta-feira (14). os policiais conseguiram prender o marido e resgatar a mulher.
Primeiramente, a vítima não delatou o companheiro aos policiais, mas durante o interrogatório ela chorou e confessou aos agentes a violência sofrida, bem como ter escrito o bilhete e enviado o e-mail.
A mulher relatou que o marido era acobertado por familiares, que eram coniventes com as agressões e o cárcere privado realizado nos últimos cinco anos. Em diversas ocasiões, a vítima disse ter sido amarrada, amordaçada e estrangulada.
Além disso, o marido utilizava uma câmera de segurança, presa em um poste de energia e voltada para a entrada da casa para monitorar a esposa.
A mulher também não era autorizada a ver ninguém, nem mesmo familiares, sem o aval ou a presença do marido.
A vítima também não tinha direito a ter um celular próprio, tendo que dividir o mesmo aparelho com o marido. Sendo que foi desse smartphone que ela conseguiu fazer a denúncia à Casa da Mulher.
Áudios mostram rotina de violência vivida pela mulher

Áudios gravados pela esposa mantida em cárcere privado por cinco anos pelo marido mostraram diversas ameaças cometidas pelo homem neste período.
Os áudios foram obtidos pela Banda B. Confira abaixo algumas das ameaças feitas pelo marido a esposa.
- Marido: “Se eu souber alguma coisa de você, eu te mato na mesma hora. Pode ser hoje, amanhã, um ano, não interessa”;
- Esposa: “Se eu morrer e você ver que não fiz nada? Você falou ‘aquele dia quase te matei’, e eu nem fiz nada pra você”;
- Marido: “A hora que eu te matar, é quase certeza que eu me mato também”;
- Esposa: “E o filho?”;
- Marido: “O filho fica com a mãe”;
- Marido: “Se você não fez, você não morre. Se eu nunca descobrir nada, você não morre”;
- Esposa: “Aquele dia eu não fiz nada pra você e você quase me matou […]. Toda vez você me bate, se eu tivesse escondendo as coisas eu tinha falado porque eu sei que eu tenho medo”;
- Marido: “É que eu nunca peguei pra te matar de verdade, né”;
- Esposa: “Matar de verdade? Se aquele dia eu pensei que eu ia morrer?”;
- Marido: “Eu não quero matar ninguém, não quero ser nenhum matador, não quero matar nada de ser humano. Não é minha vontade matar. Eu sei que eu não quero. Só que alguma coisa tua se eu descobrir, não penso nem meia vez e já te mato”;
- Esposa: “O que mais dói em mim, é você me bater, Jean. Você me bate como se eu fosse um homem. Você me bate de verdade. Se fosse um tapa… mas você me afoga, você me dá soco, você tampa a minha respiração, você sobe em cima de mim, você puxa o meu cabelo”;
- Esposa: Não foi, um inferno, Jean. Aquilo lá nunca mais sai da minha cabeça. É olhar para tua cara e eu lembro de você me socando em cima do sofá. Eu não aguento mais entrar aqui, olhar no sofá e lembrar aquele dia que você me sufocou naquele sofá ali e o filho olhando para minha cara. Desde aquela vez que você me deixou com o rosto doendo. Você me deu um murro na cara, coisa que eu nem estava fazendo, e você me deu um murro na cara.
Via: RIC Mais