No G1: ‘Se fosse o filho de vocês, ficariam em silêncio?’, diz mãe de Anthony Pietro, jovem de Araruna morto em acidente com BMW
Anthony Pietro voltava para casa após fazer prova para entrar no ensino técnico. Motorista da BMW estava com CNH suspensa por excesso de multas.
Natielle Marçal Fanti Rosa pede justiça pela morte do filho, o adolescente Anthony Pietro, após o carro em que ele estava ser atingido por uma BMW conduzida por uma idosa que estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa.
“Eu perdi meu menino… Meu filho… Meu Anthony… Eu quero justiça. Eu não quero que outras mães passem pelo o que eu passei. A minha pergunta é: se fosse o filho de vocês, vocês ficariam em silêncio? Meu filho não vai voltar, mas enquanto eu estiver viva, quero fazer justiça”, desabafou.
No domingo (24), o carro onde Anthony estava foi atingido de frente pela BMW na PR-558, em Campo Mourão. O carro de luxo era conduzido por Maria do Carmo Carneiro, de 77 anos.
De acordo com a polícia, a idosa tem um longo histórico de infrações no trânsito e estava com a carteira suspensa por excesso de multas.
O processo que investiga a batida que causou a morte de Anthony corre em segredo de Justiça. Por conta disso, a defesa de Maria do Carmo Carneiro optou por não se manifestar.
‘Morreu com o gabarito na mão’
Luiz Thiago Rosa, pai de Anthony, estava no veículo junto com o filho. Eles voltavam para Araruna, onde moram.
Os dois tinham ido a Campo Mourão, onde o adolescente fez uma prova para ingressar no ensino técnico da Universidade Tecnológica Federal Do Paraná (UTFPR).
“Ele morreu com o gabarito na mão. Antes, ele falou ‘pai, eu acho que passei’. Ele só queria estudar”, lamenta o pai.
De acordo com a família, Anthony era um adolescente tranquilo, com aptidão para a música. O menino gostava de tocar violão, guitarra e bateria.
Gostava também de andar de skate e acompanhar jogos de futebol.
Ele deixa os pais, uma irmã mais nova, e diversos amigos.
Na escola, os colegas de turma do adolescente fizeram uma homenagem a ele. A turma deixou flores coloridas em cima da carteira em que ele costumava se sentar e fez cartazes com mensagens a Anthony.
No domingo (1º), amigos e familiares do adolescente soltaram balões brancos na pista de skate da cidade.
Justiça determinou a prisão domiciliar da suspeita
Luiz Thiago Rosa, pai de Anthony, afirma que não conseguiu desviar do carro de luxo, que, segundo ele, estava em alta velocidade e andando pela pista em zigue-zague. O impacto foi tão violento que o motor da BMW foi arrancado e o veículo pegou fogo às margens da rodovia.
Após o acidente, a mulher teve ferimentos leves e foi encaminhada para o hospital.
Segundo o delegado Nilson Rodrigues da Silva, ela recebeu voz de prisão no local e se negou a fornecer materiais para o teste do bafômetro.
“Autuando ela em flagrante de delito, por homicídio culposo, lesões emissões culposas, porque ela estava dirigindo com a carteira suspensa. Tudo são agravantes para que eu autuasse em flagrante de delito. Eu dei voz de prisão no hospital. Ela se negou também a fornecer o material de sangue para a dosagem alcoolíca, mas isso não me impediu que ela fosse autuada em flagrante”, detalha.
Na quinta-feira (28), a Justiça determinou a prisão domiciliar da suspeita. Conforme a polícia, ela não está usando tornozeleira eletrônica porque teve ferimentos nas pernas.
A idosa tem um histórico de ingrações no trânsito. O site do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) indica uma série de multas, uma cassação da CNH, além de três suspensões, sendo uma delas vigente até janeiro de 2025.
O acidente que vitimou Anthony não é o primeiro com morte envolvendo a idosa Maria do Carmo Carneiro. Em 1994, ela dirigia um carro que bateu contra outro e resultou na morte de duas pessoas. O caso prescreveu.
A advogada Tatiani Bortolucci, advogada que representa a família da vítima, afirma que estão solicitando a prisão preventiva da idosa.
“Ela vai tentar ficar em prisão domiciliar, mas a gente vai tentar que isso não aconteça. Veja bem, mesmo com a carteira suspensa, ela continua dirigindo. Em prisão domiciliar, isso não vai fazer com que ela pare. Ela é um perigo constante para a sociedade”, defende.