Médico afirma que não devemos ficar mais de 10 minutos sentados no vaso sanitário; saiba quais são os riscos
Com o apoio dos celulares, perder a hora no banheiro virou um hábito para muitas pessoas, porém, a ação pode ajudar no desenvolvimento de câncer
Quem nunca foi ao banheiro para fazer suas necessidades, ficou olhando as redes sociais e vídeos no celular e esqueceu do mundo e do tempo. Porém, especialistas afirmam que isso é um erro e que as pessoas não devem ficar no vaso sanitário por mais de 10 minutos.
O cirurgião colorretal do Centro Médico da Universidade do Texas Southwestern, Dr. Lai Xue, alertou que você deve ficar sentado no vaso sanitário apenas pelo tempo necessário para fazer suas necessidades. Mais do que isso, pode causar uma série de problemas, como: hemorroidas, incontinência e até mesmo câncer de cólon.
“A pressão do assento nas nádegas causa um fluxo de sangue para os vasos da área. Aumentando a pressão sanguínea na área delicada ao redor do ânus, amplificando o risco de hemorroidas”, afirma o médico.
Ficar sentado no vaso sanitário por muito tempo também pode ser um sinal de que você está fazendo força excessiva para evacuar — hábito que pode levar ao enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico, que ajudam nos movimentos intestinais em geral, e também ajudam a reter a urina. Outra questão que pode surgir com o tempo é o prolapso retal.
O gastroenterologista Lance Uradomo explicou que esses sinais podem também ser um indicador do câncer de cólon.
“Se um tumor dentro do cólon crescer muito, pode bloquear o fluxo das fezes, o que pode causar constipação e sangramento”, explica.
O médico disse ainda que ao longo de sua carreira, notou um aumento no número de jovens buscando ajuda para hemorroidas e constipação — e muitos desses pacientes foram posteriormente diagnosticados com câncer de cólon.
Câncer de intestino em adultos jovens
Tem sido registrado em todo mundo um aumento na incidência de casos de câncer de intestino em pessoas mais jovens.
Se, no passado, esse tipo de tumor afetava, predominantemente, pessoas acima dos 50 anos, a idade já não é o fator de risco mais preponderante. De acordo com um estudo da Sociedade Americana de Câncer (ACS), a incidência do câncer de intestino entre jovens está aumentando. O diagnóstico em adultos de 20 a 39 anos vem crescendo entre 1% e 2,4% por ano desde a década de 1980.
— As causas para essa incidência do câncer antes dos 50 anos são multifatoriais. Por um lado, existe essa questão da falta de exames de rastreio para pessoas com menos dessa faixa etária. Não há uma preocupação porque eles acham que nunca será com eles. Há uma recomendação da classe médica para realizar esses exames apenas depois dos 50 anos, mas com esse eminente crescimento eu, por exemplo, e outros médicos, já recomendam que seus clientes comecem a partir dos 45 anos — disse a oncologista e pesquisadora do instituto D’Or Mariana Bruno Siqueira em entrevista recente ao GLOBO.
A ACS também passou a recomendar o rastreamento de câncer colorretal pela colonoscopia a partir dos 45 anos, mesmo quando não houver sintomas ou casos da doença na família. O ideal é fazer o exame a cada três a cinco anos.
Para pessoas com histórico de câncer colorretal na família, o recomendado é que se procure um médico para avaliar se há necessidade e frequência do rastreio. O fato de ter um parente com a doença aumenta os riscos da pessoa de ter o problema.
Outra causa relacionada ao aumento de casos em jovens é o mau hábito de vida da população nesta faixa etária. Falta de exercícios físicos, sedentarismo, alcoolismo, tabagismo, obesidade e falta de alimentação saudável, ou seja, uma dieta pobre em fibras, consumo exagerado de carne vermelha, rica em alimentos ultraprocessados, sem frutas e vegetais, são fatores de risco relevantes para a incidência da doença.
Estima-se, por exemplo, que pessoas nascidas na década de 1990 possuem um risco quatro vezes maior de desenvolver câncer no reto (a porção final do intestino) do que as que vieram ao mundo nos anos 1950.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca) é um dos mais incidentes no Brasil, ficando atrás somente dos de pele, mama e próstata. Apesar de a incidência ser semelhante em homens e mulheres, a mortalidade, segundo o Inca, varia de 8,4% dos casos em pacientes do sexo masculino a 9,6% no sexo feminino.
Separando pelos gêneros, ele é o segundo mais frequente entre mulheres, atrás apenas do câncer de mama. Já nos homens, está atrás do câncer de próstata e de pulmão, porém em trajetória ascendente para ocupar a segunda posição.