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4 lições da Bíblia sobre Paternidade que todo pai deveria conhecer

Por Gabriel Sestrem*, na Gazeta do Povo

Acho curioso o poder que o cristianismo tem de gerar verdadeiros milagres na vida do mais incrédulo dos ateus sem depender de uma intervenção sobrenatural divina: basta que ele coloque em prática o que foi ensinado nas Escrituras. E isso pode ser muito bem experimentado na paternidade, no desafiador dia a dia da criação de filhos.

Não há pai, por mais descrente que seja, que não comece a ver mudanças profundas dentro de casa quando passa a praticar ensinamentos bíblicos básicos, como tratar os outros como gostaria de ser tratado, tolerar os erros alheios, expressar amor e servir os de sua casa.

Se todos fizéssemos o que Jesus ensinou, o mundo seria um lugar incrivelmente melhor. E quando o assunto é paternidade não é diferente: colocar em prática o que a Bíblia ensina sobre amor, liderança, proteção e provisão significa tornar nossa casa um lugar melhor para todos.

Veja a seguir 4 ensinamentos bíblicos capazes de mudar profundamente a forma como você enxerga e vive a paternidade.       

1. A autoridade do pai serve para edificar, não para destruir

Um pai deve disciplinar o filho, repreendendo-o sempre que necessário para impor limites desde cedo. Isso evitará que seja formado um adulto rebelde, que não respeita autoridades e acha que é o centro de tudo.

A Bíblia fala sobre isso em vários trechos, assim como este, que relaciona a repreensão a um ato de amor paterno: “Porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem”. (Provérbios 3: 11-12)

Mas no processo de disciplinar é essencial que o propósito seja sempre a edificação, nunca a destruição. Um pai tem a nobre função de ser uma autoridade para os filhos, mas há um grande risco de confundir autoridade com autoritarismo.

“Não ajam como dominadores dos que foram confiados a vocês, mas como exemplos para o rebanho”. (1 Pedro 5:3)

A autoridade confiada a nós, pais, não deve ser usada para exercer um controle rígido, ditatorial e abusivo dos filhos.

2. O pai deve dar a vida pelos filhos (e isso não significa necessariamente morrer)

No capítulo 10 do evangelho de João, Jesus se revela como um pastor de ovelhas que dá a vida pelo rebanho – o que seria concretizado na cruz quando Ele viria a morrer para salvar todos os que nele cressem. Ele disse:

“Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. E dou a minha vida pelas ovelhas” (João 10: 14-15)

A Bíblia ensina que Jesus é Deus, e Deus é o Pai por excelência. Nesse mesmo evangelho, alguns capítulos antes, Jesus diz que só faz o que aprendeu do Pai. Em outras palavras, é papel de um pai dar a vida pelas ovelhas, ou seja, pelos filhos.

É pouco provável que haja uma ocasião em que seja preciso literalmente dar a vida pelos filhos, num ato heroico em uma situação extrema. Como pais, o “dar a vida” que nos cabe é doar tempo, paciência, afeto e recursos aos filhos – e isso todos os dias.  

Muitos pais garantem que nada falte em termos materiais – o que conhecemos como amor efetivo, o amor da provisão, do sustento –, mas com frequência estão longe do amor afetivo: o beijo, o abraço, as palavras de afirmação e o tempo passado com os filhos.

A presença é o maior presente que um pai pode dar aos filhos, principalmente na primeira infância| MidJourney

3. Quem não é um bom filho dificilmente será um bom pai

“Honra teu pai e tua mãe” – este é o primeiro mandamento com promessa – “para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra”. (Efésios 6: 2-3)

Dada sua relevância, o mandamento de “honrar pai e mãe” aparece diversas vezes na Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Para adultos independentes, que já não moram sob o mesmo teto dos pais, essa ordem tem a ver com dar o devido respeito, além de fornecer suporte e cuidado, em especial quando os pais são mais idosos.

Como ser um bom pai, diante de Deus, sem colocar isso em prática em relação aos próprios pais? Antes de encarar a missão da paternidade com afinco pode ser preciso dar passos atrás e consertar o que for necessário no relacionamento com eles.

Se isso não é mais possível, lembre da importância que a Bíblia dá ao arrependimento sincero. “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam apagados” (Atos 3:19)

4. O pai deve servir sua família

Cristianismo tem tudo a ver com servir aos outros – e talvez por isso esteja tão “fora de moda”.

Pouco antes de Jesus ser entregue aos que iriam crucificá-lo, ele reuniu seus discípulos, pegou uma bacia e uma toalha e começou a lavar os pés dos seus seguidores, o que gerou uma reação imediata: por que o mestre lavaria os pés dos discípulos? Mas Jesus não dá “ponto sem nó”:

“Se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz” (João 13: 14-15)

Lavar os pés, aqui, significa servir. Se Jesus, que é o Filho de Deus, nos disse que ele não veio para ser servido, mas para servir (Mateus 20:28), quem somos nós para não agir assim?

No contexto bíblico, “servir” a família significa agir com amor sacrificial, colocando as necessidades e o bem-estar dos filhos e da esposa acima dos próprios interesses.

Um homem deve ser um servo dentro de casa, o que também implica em ajudar nas tarefas domésticas. E obviamente o servir deve ser uma via de mão dupla entre marido e mulher. O feminismo costuma apontar o excesso de atividades sobre os ombros das mulheres no passado, mas hoje o mais comum nas novas gerações são mulheres que foram ao outro extremo: não toleram qualquer atividade doméstica.

Para o feminismo é lindo ver um homem servindo sua mulher, mas dói os olhos ver o contrário, quando é a mulher que serve o homem. Voltando ao que Jesus disse: “Não será assim entre vocês” (Mateus 20:26).

O verdadeiro líder (e um homem que exerce bem a paternidade assim deve ser) é um servo, a exemplo de Jesus. Não há nada errado em servir sua família. Errado é não servir.

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