Vilões da conta de luz: veja 7 eletrônicos que gastam muita energia
Do chuveiro elétrico às TVs, confira os eletrônicos e eletrodomésticos que mais influenciam na conta de luz ao fim do mês e saiba como economizar em cada um deles
Os dispositivos eletrônicos estão presentes em quase todos os aspectos de nossas vidas — muitos deles operando ininterruptamente — e não é novidade que eles gastam energia elétrica. Por mais que não seja uma opção desligar geladeiras para economizar na conta de luz, por exemplo, alguns hábitos relativamente recentes podem ser adaptados, principalmente no caso de aparelhos como ar-condicionado, TVs e computadores, para que a despesa com energia fique mais em conta ao fim do mês. Pensando nisso, o TechTudo listou os aparelhos eletrônicos que representam os maiores vilões para as contas de luz — e ainda separou algumas dicas para minimizar seus impactos.
Como funciona o consumo de energia elétrica
O sistema de distribuição de energia brasileiro é bastante complexo e envolve diferentes etapas — da geração, transmissão, até a energia chegar ao consumidor. Um fator que colabora para ampliar essa complexidade é o fato de a rede de distribuição ser fragmentada entre várias concessionárias, inclusive com mais de uma operando na mesma região, como ENEL São Paulo, Elektro e CPFL apenas no estado de São Paulo.
Com isso, o valor da tarifa varia muito conforme o estado, operadora vigente, eventuais subsídios, e assim por diante. Considerando apenas algumas capitais, os valores do primeiro semestre de 2024 — antes do reajuste — foram os seguintes:
- Curitiba: R$ 0,570/kWh;
- Florianópolis: R$ 0,573/kWh;
- Belo Horizonte: R$ 0,653/kWh;
- São Paulo: R$ 0,656/kWh;
- Porto Alegre: R$ 0,656/kWh;
- Goiânia: R$ 0,671/kWh;
- Recife: R$ 0,706/kWh;
- Salvador: R$ 0,746/kWh
- Rio de Janeiro: R$ 0,754/kWh;
Esse custo leva em consideração desde a autonomia da geração nas usinas, até a instalação e manutenção das linhas de transmissão, subestações, e redes locais de distribuição. Também entram na conta tarifas adicionais para períodos específicos. Isso porque, como a maior parte da matriz energética do país vêm de hidrelétricas, períodos de estiagem nas regiões de represa prejudicam o volume de produção. Nesses casos, é preciso compensar a demanda intensificando a geração em fontes mais caras, ou comprando de vizinhos.
Evidentemente, esse gasto a mais é repassado para o consumidor na forma das famigeradas bandeiras amarela e vermelha. Por essa mesma razão, o preço da eletricidade também varia conforme o horário de uso, ficando mais cara em períodos de pico, geralmente entre 17h e 22h, quando todas as pessoas estão em casa vendo TV, tomando banho, jogando no PC ou, simplesmente, com as luzes acesas.
No Rio de Janeiro, por exemplo, estado com uma as taxas mais caras do país, um aparelho com consumo mensal médio de 25 kWh teria sozinho um impacto de R$ 18,85. Ainda vale mencionar que a faixa de consumo também influencia no valor final cobrado, ou seja, quanto mais kWh utilizados, maior o fator multiplicador. Dessa forma, alguns aparelhos eletrônicos podem pesar mais que outros no fim do mês, sendo preciso ficar atento aos modelos, hábitos de uso, e criar rotinas que minimizem o desperdício.
Veja os aparelhos que serão abordados na matéria:
- Geladeira
- Chuveiro Elétrico
- Ar-condicionado
- Aquecedores
- Máquinas de lavar
- Televisões
- Computadores
1. Geladeira
As geladeiras são itens indispensáveis em nossas vidas, por manterem alimentos, bebidas e até medicamentos em temperaturas abaixo da ambiente. O frio reduz a atividade biológica, fazendo com que esses itens demorem mais para estragar. Contudo, o processo de refrigeração é um mecanismo de troca que retira calor da parte interna da geladeira, e joga para a parte externa, por meio de um sistema complexo de motor, e fluídos de refrigeração circulando em espiras.
Como se trata de um processo 100% ativo, a geladeira precisa operar ininterruptamente. Além disso, quanto maior a capacidade de refrigeração e volume interno, maior será o consumo do aparelho. Uma geladeira nova de 280 litros, pode ter um consumo entre 20 kWh e 30 kWh por mês, enquanto uma de 400 litros pode chegar a 60 kWh.
Uma das estratégias para otimizar esse processo é garantir que a área interna desses aparelhos seja bem isolada termicamente. Ao reter melhor o ar frio dentro do aparelho, ele pode operar menos intensamente, apenas estabilizando a temperatura. Por isso é importantíssimo verificar se as borrachas de vedação estão em bom estado, sem rachaduras ou descoladas, assim como evitar abrir a geladeira constantemente ou esquecer a porta aberta.
Além disso, os motores convencionais desligam de tempos em tempos neste ciclo, e a partida inicial gera pequenos picos no consumo. Para reduzir ainda mais o gasto de luz, é recomendado optar por modelos com motores do tipo inverter, que conseguem gerenciar a regulação térmica sem desligar totalmente, evitando os ciclos de religamento recorrentes.
2. Chuveiro Elétrico
Outro item doméstico essencial para o brasileiro é o chuveiro elétrico — uma particularidade que o Brasil criou e exportou para o restante do mundo. Como a rede de gás encanado era praticamente inexistente no início do século XX, era quase impossível ter boilers centrais para o aquecimento da água para o banho. A solução encontrada foi utilizar energia elétrica, de acesso mais fácil, em um mecanismo simples que passa uma corrente por um conjunto de resistências em um circuito fechado.
Fisicamente, a resistência elétrica “dificulta” essa passagem de corrente, fazendo com que a corrente de saída seja menor que a de entrada. Dessa forma, essa energia que resta é “perdida” para o sistema em forma de calor, esquentando a água.
Quanto mais poderosa a resistência, maior o calor gerado no processo e, claro, maior o consumo de eletricidade. Isso faz com que os chuveiros elétricos, apesar de essenciais, ainda hoje estejam entre os principais vilões para a conta de luz. Um modelo intermediário de 5500 W operando 30 minutos por dia, equivalente a três banhos em média, pode gerar um consumo mensal de até 90 kWh, ou cerca de R$ 67,86 pela tarifa do Rio de Janeiro.
Uma dica é, além de evitar banhos muito longos, sempre regular a potência de chuveiro conforme a necessidade, não deixando ele configurado constantemente no Modo Inverno. Inclusive, muitos chuveiros modernos já vêm com um potenciômetro para regular a intensidade de forma precisa, e não apenas em três modos. Apesar de serem mais caros, eles são mais eficientes por permitir controlar melhor a potência utilizada, algo que evita evita desperdício de energia, força menos a resistência, e, consequentemente, reduz eventuais rompimentos e riscos de acidentes — como incêndios.
3. Ar-condicionado
Outro item cada vez mais presente e essencial em nossas, mas que é o terror da conta de eletricidade, é o ar-condicionado. Seu princípio de operação é muito similar ao da geladeira, mas ele é projetado para resfriar volumes bem maiores que apenas 280 litros. Um modelo de 9.000 BTUs costuma ter potência nominal entre 800 W e 1200 W, dependendo da fabricante e das tecnologias utilizadas.
Para alguém que trabalha de casa e fica entre 6h a 10h com o ar ligado todos os dias, o consumo final passa tranquilamente de 130 kWh, custando sozinho R$ 120 ou mais. Essa é, inclusive, uma conta importante que profissionais de home office precisam ter em mente na hora de negociar salário ou serviços como autônomo.
Também como as geladeiras, os modelos mais baratos ou antigos trabalham com motores que ligam e desligam para regular a temperatura. A boa notícia é que muitas marcas já estão aposentando essa opção, com praticamente todas as linhas novas trazendo compressores inverter — alguns inclusive com a função de aquecimento para reduzir a necessidade de aquecedores no inverno. Infelizmente, as ondas de calor recentes tornaram o uso do ar-condicionado obrigatório em muitas regiões, até por questões de saúde. Sendo assim, veja dicas que podem minimizar os impactos desses aparelhos
- Mantenha o cômodo com portas e janelas fechadas: é o mesmo princípio da geladeira, evitar que o ar frio saia do ambiente reduz o consumo médio do ar-condicionado.
- Evite forçar temperaturas muito baixas: segundo a Organização Mundial de Saúde, a temperatura ideal para um ambiente interno deve ficar entre 18 °C e 21 °C em salas médicas, e até 24 °C em espaços comuns.
- Não deixe o aparelho constantemente ligado: ao sair do ambiente, mesmo que pretenda voltar em breve, desligue o ar-condicionado e apenas mantenha as portas e janelas fechadas, para preservar a temperatura por mais tempo.
- Ventile o ambiente sempre que possível: em dias de calor menos intenso, prefira abrir portas e janelas e utilizar ventilação natural. Se a janela possuir tela mosquiteira, também opte por dormir com o vidro aberto em vez do ar-condicionado.
4. Aquecedores
Os aquecedores internos seguem, majoritariamente, o mesmo princípio dos chuveiros, utilizando resistências elétricas para aquecer o ar, superfícies dispersoras, ou emitir luz infravermelha de alta intensidade. Isso os torna máquinas térmicas extremamente exigentes e de consumo elevado por definição, realizando uma transformação direta de eletricidade em calor.
A diferença é que, diferente da água do banho, o processo de aquecer o ar pode ser mais lento. Mesmo os aquecedores mais poderosos raramente passam de 1.500 W de potência, o que ainda é menos da metade dos chuveiros elétricos mais fracos do mercado.
Outra boa notícia para o brasileiro é que, mesmo durante o inverno, ainda são raros os dias nos quais utilizar um aquecedor será necessário. Além disso, os sistemas de ar-condicionado com opção de aquecimento também podem ser uma alternativa interessante e eficiente em termos de consumo de luz. Por outro lado, vale dizer que manter o ambiente sem ventilação com o aquecedor ligado pode oferecer riscos, então busque desligar o aparelho após atingir uma temperatura agradável, para só então fechar o cômodo.
Outra coisa para ficar atento é que o acúmulo de poeira e pelos de animais pode prejudicar o funcionamento dos aquecedores e causar riscos de incêndio, então mantenha os aparelhos sempre limpos. Além disso, prefira os aquecedores a óleo, pois, apesar de mais caros, eles são mais seguros, mantém o ambiente aquecido por algum tempo mesmo após desligados, são de fácil manutenção, e têm consumo mais energeticamente eficiente que outros modelos elétricos.
Algo que também pode intensificar o consumo de energia eaumentar riscos de incêndio é utilizar extensões elétricas e adaptadores. Como os aquecedores puxam energia da tomada comum, geralmente com fiação de 10A em malha de cobre e bitola reduzida, tanto a tomada quanto os cabos vão aquecer pela corrente mais elevada. Por isso, conectar outros aparelhos na mesma rede ou puxar extensões irá resultar em grande perda de energia e ainda abrir margem para curtos, ou até o derretimento do revestimento isolante.
5. Máquinas de lavar
As máquinas de lavar também são aparelhos de consumo elevado e podem pesar bastante na conta de luz se não forem utilizadas de forma consciente. Não à toa, os motores utilizados para girar os tambores, aquecer a água e centrifugar quilos de roupas exigem potências de 400 W a 800 W. Com um ciclo de lavagem automático de aproximadamente 1 hora, o consumo médio desses aparelhos vai de 0,25 kWh a 0,90 kWh, variando conforme o modelo e sem considerar opções de duplo enxágue ou ciclo de secagem.
Se a cada lavagem o usuário realizar quatro ciclos, um para roupas coloridas, um para claras, um para delicadas e outra para pesadas, estamos falando de 2,5 kWh a 3,5 kWh. Pensando em famílias médias que costumam larvar roupas uma vez por semana, temos entre 10 kWh e 14 kWh por mês apenas lavando roupa.
Uma forma interessante de economizar é, sempre que possível, acumular roupas suficiente para utilizar a capacidade máxima da máquina. Além disso, é ideal realizar uma higienização periódica do tambor para remover fibras e outras sujeiras que podem forçar o motor e consumir ainda mais energia.
6. Televisões
Por mais que não pareça, as televisões estão entre os aparelhos que atualmente mais pesam na conta de luz do brasileiro, nem tanto por seu gasto médio, mas por seu padrão de uso. Em uma família com até quatro pessoas, é bem provável que o aparelho fique ligado constantemente ao longo do dia, sendo utilizado por pessoas diferentes em períodos distintos. Uma Smart TV moderna de 42 polegadas tem um consumo médio de 100 W, ou 0,1 kWh, ou seja, se o aparelho ficar ligado todos os dias por 8 horas, serão 0,8 kWh por dia, num total de 24 kWh por mês — quase o mesmo de uma geladeira pequena.
Especificamente no caso da TV, é realmente difícil simplesmente sugerir uma mudança radical de hábitos com a única finalidade de economizar na conta de luz. Os momentos de lazer são importantes, e nem sempre as pessoas têm tempo, dinheiro ou disposição para buscar outras formas de se divertir.
Sendo assim, o ideal é desligar o aparelho quando não estiver mais no ambiente e buscar modelos mais econômicos, como os com tela LED e outras tecnologias de baixo consumo, que podem sacrificar um pouco a qualidade de imagem para isso. Também é crucial ficar atento às etiquetas de consumo o Inmetro.
7. Computadores
No mundo atual, os computadores estão, tranquilamente, entre os aparelhos que mais consomem energia, também por conta do perfil moderno de uso. É extremamente comum sempre estarmos com o PC ligado quando estamos em casa, seja trabalhando, jogando, assistindo alguma série, ou simplesmente porque não temos o costume de desligá-los.
Além disso ser um problema sério para a vida útil dos PCs, eles têm fontes poderosas que podem atingir picos de até 800 W nos setups mais poderosos. Mesmo sem uso intenso, o consumo médio gira em torno de 100 W a 150 W, isso sem considerar monitor e sistema de som. Ainda que notebooks sejam mais econômicos, os modelos gamer, que precisam ficar na tomada em uso intenso, também contam com fontes mais parrudas, que podem chegar tranquilamente a 250 W de consumo.
Diferentemente de servidores e supercomputadores, os PCs domésticos, tanto de mesa quanto notebooks, não foram projetados para operar 24/7. O uso ininterrupto mantém os aparelhos sempre bem quentes, além de consumir desnecessariamente ciclos de leitura e escrita dos SSDs e HDs. Desligar os PCs quando não estiver mais utilizando, seja antes de dormir ou quando for “rapidinho” ao mercado, ajuda a prolongar a vida útil dos computadores, e garante algumas horas de consumo quase zerado — lembrando que também existe um gasto passivo por estar ligado à tomada.