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Celular virou ‘chupeta’ para adultos, diz pesquisador; veja sinais de dependência

O uso excessivo de smartphones pode se assemelhar ao uso de uma “chupeta” para adultos, segundo alguns especialistas. Isso ocorre quando o aparelho se torna uma extensão de nossas mãos, constantemente verificado sem motivo aparente. Essa prática, além de ser comum, pode sinalizar um comportamento problemático.

Gloria Mark, professora de informática na Universidade da Califórnia, Irvine, que estuda os impactos da mídia digital, destaca que o ato de pegar o celular e desbloqueá-lo frequentemente se torna um hábito sem razão específica. Esse comportamento, embora comum, pode ser um sinal de uma relação disfuncional com o dispositivo.

Ao longo dos anos, pesquisadores desenvolveram métodos para medir o chamado vício em smartphones. Em 2023, um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Toronto, que envolveu mais de 50 mil pessoas de 18 a 90 anos em 195 países, revelou que mulheres e jovens são mais propensos a essa dependência, especialmente em países do Sudeste Asiático. Os pesquisadores descreveram o uso excessivo do celular como uma forma de evitar emoções negativas, comparando-o a uma “chupeta para adultos”.

Contudo, o termo “vício” é debatido. Gloria Mark, autora do livro Attention Span, alerta que o vício é caracterizado por interferir significativamente na vida da pessoa, como prejudicar sua capacidade de trabalhar. Alguns especialistas preferem falar em “uso problemático” em vez de vício, já que o comportamento pode não atingir o nível de uma dependência clínica.

Larry Rosen, especialista em psicologia da tecnologia, sugere que o uso problemático de smartphones pode ser motivado tanto por uma busca constante de satisfação, impulsionada por dopamina e serotonina, quanto por ansiedade obsessiva, causada pelo medo de perder algo. Em ambos os casos, o resultado pode ser semelhante ao vício, mas com nuances importantes que diferenciam os comportamentos.

Outro fenômeno relacionado é a “nomofobia” – o pânico de ficar sem o celular. Isso inclui sentir vibrações fantasmas no bolso, uma resposta ansiosa e baseada em pânico. Rosen destaca que, embora o pânico causado pela ausência do celular não seja comparável ao de um viciado em drogas, ele reflete um transtorno de ansiedade, onde a pessoa sente que está perdendo algo importante.

Para identificar se você tem um problema com smartphones, é possível usar diversas ferramentas, como a Escala de Vício em Smartphone (SAS) ou critérios propostos por psiquiatras para avaliar sintomas como preocupação excessiva com o uso do telefone, aumento da tolerância e consequências negativas na vida cotidiana.

Para lidar com essa dependência, Rosen sugere aumentar a autoconsciência sobre o uso do aparelho, controlando o tempo de tela e estabelecendo pausas tecnológicas regulares. Já Gloria Mark recomenda deixar o celular em outro cômodo enquanto trabalha, tornando seu acesso mais difícil, o que pode ajudar a reduzir o uso compulsivo ao longo do tempo.

A ideia é que as pessoas desenvolvam sua própria capacidade de gerenciar o comportamento em vez de depender de soluções externas, como caixas trancadas para guardar o telefone. Segundo Gloria, o caminho para a mudança de comportamento passa pela conscientização e pela educação pessoal, permitindo que cada um controle o uso do celular de forma saudável.

ESTADÃO

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