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Irmão de Roberto Requião é investigado pela PF por fraude e desvio milionário

Investigação revelou que familiares de Eduardo Requião, como esposa e filhos, também promoveram operações ilegais

A operação da Polícia Federal (PF) deflagrada na manhã desta quinta-feira (9), que investiga fraudes em contratos ligados aos portos do Paraná, tem como um dos alvos o ex-superintendente do Porto de Paranaguá Eduardo Requião, irmão do ex-governador Roberto Requião. Nesta manhã foram cumpridos mandados judiciais em um endereço ligado ao suspeito, no bairro Mercês, em Curitiba.

A Operação Serendipitia investiga a prática de crimes de lavagem transnacional de dinheiro, evasão de divisas, corrupção ativa e passiva e associação criminosa. Ao todo, 30 policiais federais foram às ruas para cumprir 23 ordens judiciais, sendo 13 de busca e apreensão e 10 de sequestro de bens.

A investigação teve início em 2021, após diligências da Operação Daemon. Um empresário foi alvo de busca e apreensão no bojo da operação policial e, ao ser interrogado, forneceu elementos que indicavam a existência de esquema voltado à prática de lavagem transnacional de ativos e evasão de divisas que tinham como beneficiário pessoa que havia ocupado, no período de 2003 a 2008, a função de superintendente de empresa estatal responsável pela administração dos Portos do Paraná.

Irmão de Roberto Requião é investigado pela PF

A investigação desmembrada demonstrou que o empresário teria recebido e mantido oculto, de 2009 a 2017, junto à instituição financeira da Áustria, valores que ultrapassavam R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) e que pertenciam, de fato, ao ex-agente público. Posteriormente, os valores foram disponibilizados, com conhecimento do seu real proprietário, ao estelionatário condenado na Operação Daemon, que acabou por se apropriar deles e desviá-los. Ao sofrer cobranças e ameaças, o empresário, no período de 2018 a 2021, realizou diversas operações financeiras de lavagem de capitais para restituir os valores ao ex-superintendente.

Apurou-se que a lavagem dos recursos ilícitos ocorreu com o uso de familiares do ex-servidor público. Em coautoria com o empresário, o ex-agente estatal, sua esposa e seus dois filhos promoveram operações ilegais de câmbio, movimentação de valores em espécie, depósitos fracionados e transferências bancárias com apresentação de justificativas falsas.

Polícia Federal cumpre mandados judiciais em Curitiba e no Rio de Janeiro por suspeita de fraudes em contratos dos portos do Paraná (Foto: PF)

Para aprofundar a investigação, a Polícia Federal, através de cooperação jurídica internacional, obteve provas junto a bancos da Áustria e dos Estados Unidos da América. Documentos recebidos de instituição financeira austríaca revelaram que, em 2009, uma companhia holandesa realizou três pagamentos em favor da conta administrada pelo empresário. No total, os depósitos somavam quase R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) e tinham como destinatário o ex-superintendente dos portos do Paraná. Apurou-se, na sequência, que a empresa estrangeira havia recém celebrado contrato público e aditivos com a estatal administradora dos portos, em valor superior a R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais), para execução de serviços de dragagem no Canal da Galheta, em Paranaguá/PR.

A cooperação com os EUA, por sua vez, trouxe provas a respeito de operação de dólar-cabo promovida em 2018 e que disponibilizou, em território norte-americano, cerca de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para o ex-agente público e seus familiares. Diligências realizadas em território nacional, com autorização da Justiça Federal do Paraná, permitiram a identificação das pessoas e empresas usadas para a operação irregular de câmbio. Além disso, foram colhidos elementos adicionais a respeito das atividades da família do ex-superintendente para lavagem dos recursos ilícitos.

Um dos locais de busca e apreensão da operação da PF fica no bairro Mercês, em Curitiba (Foto: Kainan lucas/ RICtv)

As ordens judiciais cumpridas no âmbito da Operação Serendipitia visam não apenas a cessação das atividades de branqueamento de ativos, mas também a elucidação da participação de outras pessoas na prática dos crimes de corrupção no âmbito de contrato público. A Justiça Federal ainda determinou constrições de bens dos investigados para viabilizar reparação pelos danos causados com a prática dos delitos contra a administração pública e sistema financeiro nacional.

RIC Mais

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