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Preso por matar namorada e simular engasgo com carne é encontrado morto em cela

Acusado de assassinar a namorada, Elaine Vieira de Jesus Dias, por esganadura, Marcus Renato de Sousa da Silveira, estava detido no Centro de Detenção Provisória (CDP) do Complexo Penitenciário da Papuda. A suspeita é de suicídio

Preso acusado de assassinar a namorada por esganadura, Marcus Renato de Sousa da Silveira (foto abaixo), 44 anos, foi encontrado morto dentro da cela do Centro de Detenção Provisória (CDP) do Complexo Penitenciário da Papuda, nesta sexta-feira (24/11). O técnico de informática estava detido desde julho ao ser indiciado pelo feminicídio de Elaine Vieira de Jesus Dias, 35. À época, ele alegou à polícia que a vítima havia falecido depois de se engasgar com um pedaço de carne.

Foto: Reprodução

A principal hipótese é de que Marcus tenha tirado a própria vida, segundo informou a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape-DF) ao Correio. No entanto, apenas a perícia poderá afirmar.

Elaine morreu na madrugada de 22 de março, dentro da casa de Marcus, em Samambaia. O casal estava junto havia nove meses, mas a relação era regada de brigas, segundo relataram testemunhas. No primeiro depoimento prestado à polícia, o técnico afirmou que havia discutido com a mulher cinco dias antes, em 18 de março, e Elaine decidiu sair de casa. No dia 22, a mulher teria postado uma foto nas redes sociais em um bar, o que teria incomodado o companheiro.

Marcus passou a ligar para Elaine de forma insistente, até que uma das ligações foi atendida por um amigo da universitária. Pelo telefone, o colega de Elaine afirmou que estava tudo bem e Marcus exigiu que a chamada fosse de vídeo. Pela câmera, o agressor viu que a namorada estava deitada e embrulhada em uma coberta. Tomado pelo sentimento de posse, ele pediu que Elaine voltasse para casa.

Noite do crime

Elaine saiu do Sudoeste, onde mora o amigo, com destino à casa de Marcus. Ela chegou em um carro de transporte por aplicativo. Na noite de 22 de março, o casal discutiu. Apesar de Marcus afirmar que a conversa teria ocorrido de forma amistosa, depoimentos cruciais colhidos ao longo da investigação desmentem a versão do feminicida.

Em depoimento, Marcus contou que, naquela noite, Elaine chegou embriagada, se arrastando pelo chão e caiu por três vezes no portão. Disse ainda que os dois conversaram e ele saiu para limpar a área, enquanto Elaine pegou um prato com comida e foi para o quarto comer. Ainda de acordo com o acusado, ela derrubou o prato e desfaleceu ao se engasgar com um pedaço de carne.

Com base nas oitivas, a polícia descobriu que houve um intenso conflito entre Elaine e Marcus na madrugada em que ela sofreu a parada cardiorrespiratória. Uma vizinha ouvida pelos investigadores relatou que foi uma “baixaria só”, ainda acrescentando ter escutado muitos gritos de uma voz fina.

Marcus foi o responsável por acionar o socorro. Uma das profissionais de saúde que foi até o local disse ter encontrado o portão fechado e as equipes precisaram tocar a sirene e bater na porta por diversas vezes. O homem só apareceu depois de cinco minutos. Os socorristas detalham, ainda, ter encontrado um cenário “esquisito”. O único pedaço de carne visto pela equipe foi uma enorme fatia de bife que, segundo os profissionais, seria impossível de ser engolida por qualquer pessoa.

A hipótese de engasgo por alimento foi descartada por médicos. Com base no depoimento de uma médica, seria improvável que a vítima tenha se engasgado, pois não há elementos indicativos para essa ocorrência, uma vez que não foi observado nenhum resto alimentar na via aérea durante a intubação.

O laudo de exame cadavérico concluiu que o óbito de Elaine se deu por asfixia de origem não determinada. Contudo, a presença de inúmeras lesões na região cervical indica esganadura. O delegado Marcos Miranda, da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte), que coordenou a investigação na época, explicou que elementos coletados após a prisão do suspeito vieram a reforçar o crime de feminicídio por esganadura. “As testemunhas ouvidas durante a investigação fizeram cair por terra a narrativa de engasgo criada por Marcus Renato.”

CORREIO BRAZILIENSE

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