Setembro foi o mês mais quente da história recente
O mês passado foi extremamente quente no Brasil e em outras partes do mundo. Dados divulgados pelo Serviço de Mudança Climática Copernicus (C3S), na quarta-feira (6), dimensionam melhor esse calor anormal. Os cálculos indicam que aquele mês foi o setembro mais quente do planeta na história recente. E agosto também já tinha sido o mais quente entre todos os agostos.
Devido à crise climática — provocada pelas emissões de gás carbono associadas à ação humana — e pelo fenômeno El Ninõ, a tendência é que 2023 se torne o ano mais quente do planeta. Em muito, as temperaturas médias já ultrapassaram a média registrada na era pré-industrial, entre 1850 e 1900.
Setembro mais quente
Para dimensionar o quão quente foi o mês passado, o C3S afirma que a temperatura média na superfície do planeta foi estimada em 16,38 °C ao longo dos últimos 30 dias. Isso é 0,5 °C mais quente que a temperatura do antigo mês de setembro mais tórrido da história, registrado em 2020.
A temperatura foi 0,93 °C maior que a média calculada entre os setembros de 1991 a 2020. Olhando mais para o passado, os termômetros desse mês registraram temperaturas 1,75 °C mais quentes do que a média de setembro de 1850 a 1900, ou seja, o período de referência pré-industrial. Por fim, é também o mês mais anômalo verificado em termos da elevação das temperaturas.
Na superfície do mar, a temperatura média foi calculada em 20,92 °C, o que equivale a mais elevada já registrada em um mês de setembro e a segunda mais elevada de todos os meses, atrás apenas de agosto de 2023.
Quebra dos recordes de temperatura
Nos dados sobre as temperaturas de setembro, o que mais chama a atenção é que, normalmente, os recordes de temperatura são quebrados por margens muito menores, próximas de um décimo de grau. Só que, no mês passado, a situação foi diferente.
“As temperaturas sem precedentes para esta época do ano observadas em setembro — após um verão recorde [no hemisfério norte] — quebraram recordes de forma extraordinária”, afirma Samantha Burgess, diretora adjunta do C3S, em nota. Nesta tendência, a estimativa é que 2023 se confirme como o ano mais quente.
Nas redes sociais, Zeke Hausfather, pesquisador da empresa Stripe, se posicionou de forma semelhante diante dos dados. “Este mês foi, na minha opinião profissional como cientista climático, absolutamente absurdo”, escreveu.
Calor extremo no Brasil
Mesmo no inverno, a maioria das regiões do Brasil também sofreu com o excesso de calor registrado no mês de setembro. A principal responsável foi uma onda de calor extrema, que se formou na região que faz fronteira com o Paraguai. Por causa do fenômeno, muitas cidades ultrapassaram os 40 °C.
Algumas regiões mais próximas do Norte enfrentam secas históricas — que se prolongam para este começo de outubro. Mais de 100 botos morreram em decorrência do calor extremo em um afluente do rio Amazonas. Em reação às altas temperaturas, algumas toxinas se proliferaram nas águas.
A exceção brasileira foi o Sul, em especial o Rio Grande do Sul, que enfrentou a formação de ciclones extratropicais e intensas precipitações. No total, mais de 50 pessoas morreram por causa das chuvas e enchentes.
Via: CanalTech (com: Copernicus)