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Novo golpe da vaga de emprego oferece dinheiro para seguir canais no YouTube

Um novo golpe da vaga de emprego oferece dinheiro para quem seguir canais no YouTube ou curtir vídeos na plataforma. Em contatos feitos por meio do WhatsApp, os criminosos se passam por representantes de agências conhecidas de segmentos como relações públicas ou criação de conteúdo, com propostas de altos valores para um trabalho que pode ser realizado diretamente pelo celular — e é considerado irregular.

Como normalmente acontece em golpes dessa categoria, os salários oferecidos são altos em troca de pouca dedicação, com o emprego sendo oferecido como um bom caminho para gerar renda extra. Os bandidos oferecem de R$ 500 a R$ 8.000 por dia, de acordo com o tempo que o usuário passar realizando as tarefas solicitadas pelo suposto empregador.

Do outro lado estariam marcas que estariam em busca de maior engajamento por meio do esquema — algo que, inclusive, vai contra os termos de uso do YouTube e também de outras plataformas ou redes sociais. Diariamente, listas de canais a serem seguidos seriam postadas em um grupo no Telegram, com o falso salário sendo recebido via Pix diariamente.

É um esquema conhecido, que já foi utilizado em nome de marcas como Magazine Luiza ou Amazon em outros golpes envolvendo falso emprego para roubo de dados e dinheiro, mas que ganhou novos ares e objetivo. A abordagem da vez parece mais direta, com a oferta direta de uma vaga de emprego em nome de agências de relações públicas ou criação de conteúdo conhecidas, em um momento no qual o setor, assim como o de tecnologia, também passa por ondas de demissões.

Contato com possíveis interessados em suposta vaga de emprego parece automatizado, sem atender diretamente a questionamentos e indicando grupo no Telegram como centro da proposta (Imagem: Reprodução/Canaltech)

O contato, porém, não parece necessariamente focado nos profissionais deste ramo, conforme publicações feitas em redes sociais que reúnem casos e denúncias. Enquanto a disseminação é massiva, com números internacionais falando em português, as respostas parecem automatizadas, quase nunca respondendo diretamente ao que é perguntado pela possível vítima e insistindo no cadastro e integração ao esquema.

Fraude se espalhou (e foi interrompida) rapidamente

Uma das agências cuja marca foi usada para disseminação das falsas vagas de emprego foi a SMART Group, que trabalha com relações públicas, comunicação e posicionamento de marca. De acordo com a companhia, foram pelo menos 60 contatos feitos em nome da companhia, enquanto o grupo no Telegram indicado pelos golpistas chegou a ultrapassar 800 membros, todos reunidos ao longo de uma semana.

“Os golpistas ofereceram oportunidade de ganho financeiro em troca de cliques em perfis de redes sociais de marcas populares, usando o nome de empresas conhecidas no mercado para ganharem confiança”, conta Suelen Salmazo, gerente de operaçÕes do SMART Group. Em alguns casos, usuários chegaram a receber de R$ 10 a R$ 20 antes mesmo de integrarem o esquema, como forma de garantir a confiança na suposta oferta de trabalho.

Os pagamentos cessam logo depois, porém, enquanto os perfis continuavam a ser compartilhados no grupo para que recebessem mais e mais engajamento. As contas se dividiam entre perfis clonados, que simulavam a aparência de marcas reais e poderiam ser usados mais tarde na aplicação de golpes, e contas efetivamente reais, supostamente um artifício para manter a aparência de legitimidade do esquema.

O principal vetor de ataque a partir de esquemas desse tipo são os golpes envolvendo criptomoedas, em que perfis furtados e com aparência de legítimos usam marcas ou celebridades para ventilar fraudes financeiras. A promessa costuma ser de ganhos financeiros altos em troca de um pequeno depósito, com transmissões ao vivo no Youtube ou postagens no Twitter, por exemplo, promovendo uma suposta entrega de ativos que, na realidade, não existe.

O Canaltech não encontrou indícios de que as marcas reais, citadas esporadicamente em meio aos perfis falsos, efetivamente estão envolvidas em esquemas de geração artificial de engajamento. A reportagem entrou em contato com duas delas, mas não havia recebido retorno até a publicação desta matéria.

Enquanto isso, a campanha mal-intencionada não parece ter durado muito tempo. Entre bloqueios e denúncias dos indivíduos contatados com a falsa vaga de emprego, o grupo no Telegram que reunia quem aderiu à proposta foi banido nesta semana, enquanto alguns dos contatos responsáveis pela disseminação deixaram de responder a novos interessados.

Fique atento às mensagens oferecendo emprego

Se estiver procurando emprego, desconfie de vagas enviadas por mensagem sem que você tenha se candidatado a elas, principalmente se a oferta for de ganhos rápidos e altos valores (Imagem: Envato/Rawpixel)

Para este e tantos outros casos, vale a máxima sempre comentada em nossa cobertura: se uma oferta parece boa demais para ser verdade, ela provavelmente é mentira. Os bandidos se aproveitam de uma situação de crise econômica e dificuldades financeiras para agir, oferecendo propostas que soam boas demais e realmente são como forma de aplicar golpes e obter informações a serem usadas em fraudes.

Por isso, ao receber um contato direto oferecendo emprego, principalmente em uma grande empresa, sem que tenha aplicado a vaga alguma, desconfie. Posições assim não costumam serem ofertadas desta maneira, mas sim por meio de plataformas oficiais e confiáveis, que são usadas para cadastro de currículos e realização de processos seletivos; desconfie de incentivos iniciais grandes demais ou da pressa para a realização de cadastros em sites suspeitos.

O ideal é ignorar os contatos e não clicar em links ao menor sinal de suspeita, entrando em contato com o RH das empresas citadas caso acredite que a proposta é real, mas não tenha certeza disso. Usar antivírus e outros softwares de segurança no PC e smartphone também ajuda na proteção.

Salmazo indica ainda que as empresas cujos nomes são usadas em esquemas desse tipo podem contatar redes sociais e mensageiros como Telegram ou WhatsApp, com informações que ajudem no bloqueio de contas e grupos relacionados à fraude. Posts em plataformas oficiais, bem como o contato com atingidos, também ajuda a proteger as pessoas e marcas, enquanto medidas jurídicas também podem ser buscadas, além do registro de um boletim de ocorrência.

Via: CanalTech

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