6 dicas para fazer seu carro usado valer mais na hora da revenda
Tentar conseguir o melhor preço possível ao vender um seminovo é legítimo e há jeitos (éticos) de ganhar mais
Vou vender meu carro e queria saber o que posso fazer para valoriza-lo mais e tentar conseguir um valor melhor. Vocês podem ajudar?
Cléber Apolinário – Barueri/SP
Há várias providências possíveis para que seu carro valha a mais no mercado de usados. Muitas delas, porém, não compensam, pois você pode não conseguir recuperar o investimento na mesma proporção de valorização. Ou seja, se seu carro vale R$ 10 mil, não adianta investir R$ 1 mil em reparos que não vão fazer o veículo valorizar acima de R$ 11 mil. No melhor cenário, se você conseguir empatar o gasto adicional, vale o esforço?
No entanto, há medidas simples e baratas que podem fazer um carro que “vale” R$ 10 mil ser vendido por R$ 11 mil ou até mais – sem que necessariamente o gasto seja equivalente ao valor adicional. O pior caso é quando o mau estado de conservação leva um carro de R$ 10 mil ser vendido por muito menos. É essa a situação que vamos tentar mitigar com as dicas abaixo.
Em tempo, vamos citar apenas as melhorias legítimas. Claro que há saídas não éticas que visam disfarçar, mascarar ou esconder problemas que podem prejudicar terceiros. Isso é, inclusive, uma contravenção e está sujeito a punição judicial. Então, práticas que possam ferir a boa-fé de uma transação comercial não serão abordadas.
1) Banho é bom – limpeza
Essa dica é tão básica que beira o óbvio. Lave o carro e apresente-o limpo. No entanto, a prática (e as pesquisas que fazemos) mostram que não é isso o que acontece. Muito vendedor não faz nem isso.
Faça uma lavagem completa, caprichada, e remova seus objetos pessoais do interior. Apresente seu carro com o porta-malas desobstruído, sem cadeirinhas de criança, acessórios que não serão entregues após a negociação, muito menos com pelos de animais.
Sabe aquelas marcas esbranquiçadas de meio-fio (ou guia) no pneu? Limpe isso. Só essa esfregada na calçada que deixou um carimbo branco no pneu é suficiente para causar má impressão. Dono relaxado sempre recebe menos dinheiro do que deveria.
Veja, preço é percepção. Então você precisa transmitir a ideia de que o carro foi bem cuidado. No entanto, essa primeira dica afeta mais o comprador leigo. Um avaliador profissional é imune a esse truque. Carro limpo com B.O escondido ou manutenção pendente não passa batido por um olhar treinado.
2) Cara, crachá – Documentação
Deixe tudo em dia. Ocorre com frequência de o dono querer passar o carro adiante porque não tem condições de pagar as pendências ou não quer ter o aborrecimento de resolver os problemas. Tributos ou taxas atrasados, documentos faltando, tudo isso é uma dor de cabeça que, se fosse simples de solucionar, você já teria feito. Certo? Ou seja, ao transferir essa fria para “o próximo”, você irá perder mais dinheiro além do que custo monetário do que estiver em débito.
Em outras palavras, você terá que remunerar o transtorno causado ao interessado para viabilizar uma negociação. Há também um efeito colateral: o vendedor corre o risco de ficar na mão do comprador. Se ele não solucionar as “capivaras” do carro, você pode ficar com tudo isso pendurado no seu nome.
3) Curriculum Vitae – Histórico de manutenção e manual
Se você não cuidou do carro, nem o mínimo, agora é a hora de chorar. Ou, para os desapegados, de executar os prejuízos – como se diz no mercado financeiro. Deixar de fazer manutenções ou não registrar e arquivar os consertos realizados custa caro. Mas, é uma opção individual.
A recomendação oficial de Autoesporte é não comprar carros seminovos que não tenham histórico de manutenção em dia. Carro sem currículo, sem negócio.
4) Quem te viu, quem te vê – Polimento na pintura
O uso diário, com lavagens rápidas, chuva e a sujeira do mundo reduzem o brilho da pintura, geram pequenos riscos e até manchas na lata. Esses danos são normais e todo carro, a partir do instante que sai da loja, sempre terá. Faça uma avaliação técnica em empresas de detailing para considerar um polimento. Não precisa necessariamente ser um tratamento profundo, super caro. No mínimo, algo para amenizar o impacto desses danos – uma “levantada” no brilho.
5) Que nojo – o interior
A limpeza completa inclui o interior do carro. Faça uma aspiração completa. Existem revitalizadores que restauram o brilho dos plásticos internos. Ou então limpadores especiais chamados APC.
Dê atenção especial aos bancos. Estofado manchado é quase uma garantia de que seu carro será desvalorizado. Experimente utilizar limpadores de espuma, esfregando com uma escova macia e toalhas de microfibra. Limpe tudo, tire o máximo de manchas que puder. É um jeito extremamente barato de evitar que seu carro valha menos.
6) Tarde demais – a mecânica
Não é trocando filtros, tampas plásticas e calotas que você provará o bom tratamento ao longo dos anos. Evite entregar um automóvel com coxins estourados, coifas rasgadas ou batentes esfarelados. Se o comprador encomendar uma avaliação profissional (ou ele próprio fizer) e identificar essas falhas, o preço cai.
Vale lembrar que esses itens podem ser cobrados do vendedor por via judicial, caso esses elementos inservíveis sejam detectados após a compra, se for uma negociação entre pessoas físicas. Lojas, por lei, precisam dar garantia sobre todo o veículo.
Pneus carecas estão entre os maiores ofensores aos preços bons. É uma excelente oportunidade para o comprador jogar o preço “lá em baixo”.
A sugestão é fazer a venda com pneus, no mínimo, “meia vida”. Se você está vendendo o carro com pneus que requerem troca imediata, esteja pronto para ouvir uma proposta de desvalorização bem maior do que o mero custo da reposição.