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O que há nos vapes? Nem especialistas sabem — e isso é alarmante para a saúde

Substâncias presentes nos vapes ou cigarros eletrônicos variam e, junto de outras variáveis, dificultam o estudo sobre os impactos na saúde

Do que os vapes são feitos? Algumas pesquisas já tentaram descobrir, mas nenhuma chegou a um resultado concreto sobre as substâncias que compõem os cigarros eletrônicos ou vapes descartáveis.

Isso porque os ingredientes mudam de empresa para empresa, os compostos químicos reagem entre si de maneiras diferentes (ainda mais quando aquecidos) e a rotulagem inadequada impossibilita esse conhecimento.

Do que o vape é feito?

  • Segundo Alexander Larcombe, pesquisador que estudou a composição química dos vapes e escreveu um artigo para o site Science Alert, a química analítica até fornece algumas respostas para esse pergunta.
  • No entanto, há muitas variáveis, incluindo qual dispositivo a pessoa usa para inalar a substância, como faz uso e até qual sabor prefere.
  • O que é uma constância entre a grande maioria dos vapes é que os ingredientes incluem nicotina, produtos químicos aromatizantes e os líquidos que os transportam (como propilenoglicol e glicerina).
  • Além disso, a composição também quase sempre tem compostos orgânicos voláteis, material particulado e agentes cancerígenos — todos são comprovadamente nocivos à saúde.
  • Uma pesquisa anterior de Larcombe ainda encontrou 2-clorofenol em metade dos usuários de vapes ou cigarros eletrônicos.
  • A substância é classificada como “nociva se inalada” (o que acontece no caso dos dispositivos) e, segundo o pesquisador, provavelmente está lá por contaminação na fabricação.
IA para cigarros eletrônicos pode ajudar fumantes a largarem o vício.
Crédito: Amani A/Shutterstock

Ingredientes não são o único problema

Polônio-210 radiotivo é outro ingrediente que tem aparecido na composição de alguns vapes e cigarros eletrônicos recentemente. Para exemplificar o porquê da substância ser perigosa a saúde, ela foi usada para assassinar o ex-espião russo Alexander Litvinenko em 2006.

No entanto, o problema vai além do que há na fumaça e se estende a compostos nocivos dos quais os próprios dispositivos são feitos. Segundo Larcombe, metais tóxicos, como arsênico, chumbo, cromo e níquel, já foram e continuam sendo detectadas na urina, sangue e saliva das pessoas que usam os dispositivos.

Ainda, o aquecimento dos compostos no processo de inalação reage com os que fazem parte do próprio dispositivo, e criam ainda mais substâncias tóxicas.

Rotulagem inadequada

E ainda piora. Outro motivo que impossibilita dizer o que há nos vapes — e, assim, estudar os danos para saúde — é a rotulagem inadequada.

De acordo com o pesquisador, os rótulos não mencionam tudo o que há no produto, por vezes alteram os níveis de nicotina presente, omitem informações de risco e advertências, e usam nomes genéricos para descrever os sabores, sem indicar o que foi usado para fazê-lo ter aquele sabor.

Alguns estudos já indicam malefícios do vape, mas ainda se sabe pouco sobre o impacto das substância na saúde
(Imagem: shutterstock/Yarrrrrbright)

Variáveis e incógnitas no estudo dos vapes

É justamente o volume de variáveis que torna o estudo dos vapes e seus prejuízos exatos à saúde tão difícil.

Além do que é composto e como é usado, Larcombe destaca que, para entender o real dano ao organismo humano, ainda é preciso avaliar o que acontece quando os produtos químicos são inalados, como os diferentes ingredientes reagem entre si e com os materiais do próprio dispositivo, como as pessoas usam esses cigarros eletrônicos e quais contaminantes novos podem surgir deles.

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