Em novo estudo publicado na PLOS Biology na última terça-feira (15), uma equipe de pesquisadores desenvolveu uma ferramenta capaz de traduzir a atividade cerebral em notas musicais, reconstruindo assim a música que alguém estava ouvindo. Na prática, o modelo decodifica a atividade registrada no córtex auditivo e usá-la reconstrói uma forma de onda sonora.
Para o estudo, os pesquisadores deixaram tocar os acordes de “Another Brick in the Wall, Part 1” do Pink Floyd e captaram a atividade elétrica das regiões do cérebro sintonizadas com os atributos da música (tom, ritmo, harmonia e palavras). Ao todo, 29 pessoas fizeram parte do experimento.
A reconstrução mostra a viabilidade de gravar e traduzir ondas cerebrais para capturar os elementos musicais da fala, bem como as sílabas. Nos humanos, esses elementos musicais, chamados de prosódia (ritmo, ênfase, acentuação e entonação) carregam um significado que as palavras sozinhas não transmitem.
“À medida que todo esse campo de interfaces cérebro-máquina progride, isso oferece uma maneira de adicionar musicalidade a futuros implantes cerebrais para pessoas que precisam, como alguém que tenha um distúrbio neurológico ou de desenvolvimento incapacitante que comprometa a produção da fala”, apontam os pesquisadores, em comunicado.
O grupo estima que pode ser possível algum dia fazer essas gravações sem abrir o cérebro, talvez usando eletrodos sensíveis presos ao couro cabeludo.
O estudo permitiu identificar novas áreas do cérebro envolvidas na detecção de ritmo, como uma guitarra vibrante, e descobrir que algumas partes do córtex auditivo (no giro temporal superior, localizado logo atrás e acima da orelha) respondem no início de uma voz.
Os pesquisadores também confirmaram que o lado direito do cérebro está mais sintonizado com a música do que o lado esquerdo.
Para ouvir o trecho original da música e a versão reconstruída por IA, clique nos players abaixo.
IA adivinha qual música você está ouvindo
Em estudo publicado no último dia 2 na plataforma ArXiv, pesquisadores descreveram a criação de um pipeline baseado em IA, chamado Brain2Music, que adivinha a música a partir da leitura da atividade cerebral.
Ao examinar a atividade cerebral, a IApode produzir uma música que corresponda ao gênero, ritmo, humor e características instrumentais da música que a pessoa ouviu recentemente. Para isso, a tecnologia aproveita dados para gerar uma canção que se assemelha a trechos curtos de músicas que uma pessoa estava ouvindo quando seu cérebro foi escaneado.
Via: CanalTech (com informações de PLOS Biology, EurekAlert!, Science)
