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Animais que parecem inofensivos, mas são mortais, podem estar no seu jardim!

Pequenos ou grandes, eles são peçonhentos e venenosos, e ficam alojados em cantos escuros ou no meio das folhagens

Um simples passeio no jardim pode terminar em um acidente grave, se não tomarmos alguns cuidados para evitar o contato com animais perigosos, que podem estar escondidos em meio ao verde. Alguns deles, de aparência inofensiva, podem até levar à morte com seu veneno poderoso.

“A observação dos espaços é imprescindível para evitar acidentes com qualquer tipo de animal. Onde colocamos nossos pés e mãos, onde nos deitamos… temos de estar sempre de olho. Verificar sapatos antes de calçá-los, sacudir as roupas, evitar lixo, resto de comida espalhada e entulhos dentro e fora de casa, é importantíssimo na prevenção de acidentes”, destaca a paisagista Marina Vidal, da Sapucaia Paisagismo.

Veja algumas medidas de prevenção sugeridas pelo Ministério da Saúde:

  • Use calçados e luvas nas atividades de jardinagem;
  • Utilize camisas de mangas longas e calças em áreas verdes mais densas;
  • Não acumule lixo orgânico, que pode servir de alimento;
  • Muito cuidado ao levantar vasos, pois alguns animais podem se esconder embaixo;
  • Vede frestas e buracos em paredes e muros;
  • Utilize telas ou mantenha os ralos fechados;
  • Preserve jardins e quintais sempre limpos, não acumulando entulhos, que podem ser usados como abrigo;
  • Evite plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e sempre as pode para que não toquem o chão;
  • Mantenha a grama sempre cortada;
  • Combata a proliferação de insetos, principalmente baratas e cupins, pois são alimentos para aranhas e escorpiões;
  • Não coloque mãos ou pés em buracos, montes de pedra, troncos ou galhos podres;
  • Caixas de esgoto devem ser mantidas fechadas sempre;
  • Use um pedaço de pau para mexer em folhas e galhos secos;
  • Observe se as folhas das plantas e árvores estão roídas, o que pode indicar a presença de lagartas.

Confira os animais perigosos que podem ser encontrados nos jardins:

1. Escorpiões

O escorpião amarello (Tityus serrulatus) e o escorpião do Nordeste (Tityus stigmurus) são predadores e costumam caçar no período noturno, quando se alimentam de insetos e animais como baratas e traças. Durante o dia, ficam escondidos em encanamentos, embaixo de pedras, madeira, casas abandonadas, restos de construção e instalações elétricas.

O escorpião amarelo (Tityus serrulatus) pode causar sintomas graves em algumas pessoas — Foto: Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul / Divulgação
O escorpião amarelo (Tityus serrulatus) pode causar sintomas graves em algumas pessoas — Foto: Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul / Divulgação

“Áreas recém desmatadas para a construção de novos loteamentos, assim como regiões das cidades onde o lixo e entulho ficam amontoados, são muito frequentados por eles, pois é onde encontram mais alimento”, destaca a especialista.

A picada de escorpião é seguida de dor ou formigamento. É importante observar o surgimento de outros sintomas, como vômito, suor excessivo e tremores. Nestes casos, procure um hospital o mais rápido possível. “Crianças, idosos e pessoas cardíacas podem correr risco de vida ao serem picados”, alerta Marina.

O escorpião do Nordeste (Tityus stigmurus) fica escondido durante o dia e sai para "caçar" à noite — Foto: Wikimedia / Hjalmar Turesson / Creative Commons
O escorpião do Nordeste (Tityus stigmurus) fica escondido durante o dia e sai para “caçar” à noite — Foto: Wikimedia / Hjalmar Turesson / Creative Commons

2. Aranhas

As principais aranhas causadoras de acidentes no Brasil são a armadeira, a marrom e a caranguejeira, segundo o Ministério da Saúde. “Aranhas são muito comuns em nossos jardins e casas. Algumas são até benéficas, pois se alimentam de outros insetos, mas outras, como a armadeira (Phoneuria nigriventer), a viúva negra (Latrodectus mactans) e a marrom (Loxoceles sp), são bem perigosas”, comenta Marina.

A viúva negra (Latrodectus mactans) é uma aranha que tem manchas vermelhas no corpo — Foto: Wikimedia / Steve Jurvetson / Creative Commons
A viúva negra (Latrodectus mactans) é uma aranha que tem manchas vermelhas no corpo — Foto: Wikimedia / Steve Jurvetson / Creative Commons
As tarântulas ou caranguejeiras (Theraphosidae) são aranhas grandes com o corpo peludo — Foto: Wikimedia / Albertwap / Creative Commons
As tarântulas ou caranguejeiras (Theraphosidae) são aranhas grandes com o corpo peludo — Foto: Wikimedia / Albertwap / Creative Commons

A armadeira, quando surpreendida, coloca-se em posição de ataque, apoiando-se nas pernas traseiras, e erguendo as dianteiras. A picada causa dor, inchaço e formigamento. Se houver sintomas como vômitos, dificuldade respiratória, tremores e espasmos, será preciso a aplicação de um soro específico.

A aranha armadeira (Phoneuria nigriventer) faz posição de ataque quando surpreendida — Foto: Wikimedia / Rodrigo Tetsuo Argenton / Creative Commons
A aranha armadeira (Phoneuria nigriventer) faz posição de ataque quando surpreendida — Foto: Wikimedia / Rodrigo Tetsuo Argenton / Creative Commons

A picada da aranha marrom, comum nas regiões Sul e Sudeste, causa dor com inchaço, náuseas, mal estar, manchas, bolhas e até necrose. Nos casos graves, a urina fica de cor marrom escura.

Já o ataque de caranguejeira (Theraphosidae), aranha que vive em gramados ou jardins, pode gerar dor e necrose, sendo que não há tratamento com soro específico.

A aranha marrom (Loxoceles sp) é comum nas regiões Sul e Sudeste do Brasil — Foto: Wikimedia / Rogerio Bertani / Creative Commons
A aranha marrom (Loxoceles sp) é comum nas regiões Sul e Sudeste do Brasil — Foto: Wikimedia / Rogerio Bertani / Creative Commons

“Elas circulam mais durante o período noturno e, de dia, costumam se esconder debaixo de pedras, cascas de árvores e no meio de folhagens. Ao serem perturbadas pelos ‘jardineiros’ de plantão, crianças curiosas e pets, atacam em defesa própria e causam acidentes sérios”, fala a paisagista.

3. Lagartas

A lagarta, também chamada taturana, mandruvá e marandová, é uma das etapas da vida das mariposas e borboletas. Somente a fase larval é capaz de produzir efeitos sobre o organismo, com exceção das mariposas fêmeas adultas do gênero Hylesia, que apresentam cerdas no abdômen e podem causar dermatite.

As lagartas podem ser amarronzadas, brancas, castanhas, negras e até verdes, e injetam seu veneno pelo contato com a pele das pessoas, causando as chamadas “queimaduras”, com dor forte, febre e até ínguas.

As mariposas fêmeas adultas do gênero Hylesia (Saturniidae) apresentam cerdas venenosas no abdômen — Foto: Flickr / Helio Lourencini / Creative Commons
As mariposas fêmeas adultas do gênero Hylesia (Saturniidae) apresentam cerdas venenosas no abdômen — Foto: Flickr / Helio Lourencini / Creative Commons

“Existem as lagartas ‘espinhudas’ (Saturniidae), com cerdas urticantes em forma de espinho, que lembram pinheiros plantados em seu dorso, e as ‘cabeludas’ (Megalopygidae), que parecem inofensivas, mas no meio dos pelos sedosos estão escondidas as cerdas pontudas e urticantes”, explica Marina.

Entre as lagartas espinhudas mais perigosas está a Lonomia obliqua, cujo veneno pode comprometer o funcionamento dos rins, causar hemorragia interna e levar à morte. No caso de envenenamento, é necessário o uso de soro antilonômico. Seus “espinhos” ramificados e pontiagudos possuem tonalidades esverdeadas, mimetizando as plantas.

A lagarta Lonomia obliqua é um animal muito bonito, mas seu veneno pode ser fatal — Foto: Facebook / Instituto Butantan / Reprodução
A lagarta Lonomia obliqua é um animal muito bonito, mas seu veneno pode ser fatal — Foto: Facebook / Instituto Butantan / Reprodução

4. Lacraias

As lacraias, mais conhecidas como centopéias, têm as presas embaixo da cabeça. São caçadoras noturnas e têm o corpo adaptado para penetrar em pequenos espaços, onde se escondem durante o dia. Podem medir até 23 cm e se alimentam de insetos, lagartixas, camundongos e até filhotes de pássaros.

“Os acidentes com lacraias não são considerados graves, apesar de haver muita dor, inchaço local, tremores e suores. Elas gostam de locais úmidos, como ralos, encanamentos, entulhos, frestas de muros, caixas de esgoto, locais com trepadeiras e materiais em decomposição”, orienta Marina.

Os acidentes com lacraias ou centopéias (Scolopendridae) causam dor, mas não são graves — Foto: Pixabay / Alexa / Creative Commons
Os acidentes com lacraias ou centopéias (Scolopendridae) causam dor, mas não são graves — Foto: Pixabay / Alexa / Creative Commons

Segundo o Ministério da Saúde, o veneno das lacraias é pouco tóxico para o homem e, embora existam muitas lendas a respeito desse animal, não há, no Brasil, relatos comprovados de morte nem de envenenamentos graves.

5. Marimbondos

Os marimbondos, também conhecidos como vespas, fazem suas casas geralmente em locais protegidos, como embaixo de beirais e de folhas grandes.

“Em pessoas alérgicas, basta a picada de um marimbondo, mas grandes enxames podem matar qualquer um. Quando possível, suas casas devem ser deixadas sem serem molestadas, pois são também consideradas benéficas à polinização e ao controle de outros animais indesejáveis, como pulgões e aranhas”, comenta a paisagista.

Marimbondos ou vespas ficam escondidos embaixo de beirais e de folhas grandes — Foto: Wikimedia / Valdeir Barreto Santos / Creative Commons
Marimbondos ou vespas ficam escondidos embaixo de beirais e de folhas grandes — Foto: Wikimedia / Valdeir Barreto Santos / Creative Commons

6. Abelhas

As abelhas africanizadas (Apis mellifera scutellata) são conhecidas como “assassinas” por sua agressividade quando são molestadas. Elas podem ser altamente perigosas às pessoas alérgicas ou quando estão juntas em um enxame, atacando simultaneamente uma única pessoa caso ela resolva mexer em sua colmeia.

“Abelhas são a principal fonte de polinização na produção alimentar do mundo inteiro, portanto, devem ser preservadas e incentivadas a aumentar seus enxames. Ao se descobrir colmeias próximas ao convívio humano, deve-se chamar um apicultor que se encarregará da retirada”, sugere Marina.

A abelha africanizada (Apis mellifera scutellata) é conhecida como "assassina" — Foto: Wikimedia / Jeffrey W. Lotz / Creative Commons
A abelha africanizada (Apis mellifera scutellata) é conhecida como “assassina” — Foto: Wikimedia / Jeffrey W. Lotz / Creative Commons

Geralmente, após uma ferroada, há dor aguda local, que tende a desaparecer em poucos minutos, deixando vermelhidão, coceira e inchaço.

Nos casos em que a pessoa é alérgica à picada, a reação é rápida, com sintomas como dor de cabeça, calafrios, aperto no peito, coceira generalizada, dificuldade para respirar, vômitos e palpitações, entre outros. A pessoa pode morrer por inchaço na laringe, que impede a respiração, ou choque anafilático.

Nos acidentes envolvendo enxames de abelhas, com múltiplas picadas, desenvolve-se um quadro chamado síndrome de envenenamento, por causa da quantidade de veneno que a pessoa recebeu, podendo levar à destruição dos glóbulos vermelhos, ao coma e à insuficiência renal.

7. Formigas

A formiga lava-pé (Solenopsis saevissima), também chamada formiga de fogo, pode ser muito perigosa para pessoas alérgicas. São muito agressivas e sua dieta é baseada em plantas, trazendo prejuízo às vegetações. Sua ferroada é muito dolorida, podendo causar irritação e coceira no local.

A formiga lava-pé (Solenopsis saevissima) ou formiga de fogo tem uma ferroada dolorida — Foto: Wikimedia / Antweb / Creative Commons
A formiga lava-pé (Solenopsis saevissima) ou formiga de fogo tem uma ferroada dolorida — Foto: Wikimedia / Antweb / Creative Commons

“Só quem já ficou em pé ou se sentou em cima de um formigueiro desses escondido no meio do gramado sabe o desespero que causa. Como seus ninhos são superficiais, eles podem ser eliminados com inseticidas ou até mesmo soluções com vinagre e bicarbonato de sódio”, explica Marina.

8. Cobras

As principais cobras que provocam acidentes graves no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, são a jararaca, a surucucu, a cascavel e a coral.

“Elas podem ser encontradas em áreas recém-desmatadas, como novos loteamentos, bairros de periferia, sítios, fazendas e ranchos em beiradas de rios e represas. Costumam se esconder embaixo de pedras, buracos e vãos de escada. Evite o acúmulo de lixo, pois isso atrai ratos e atrás deles vêm as cobras”, indica Marina.

A jararaca (Bothrops jararaca) é uma das cobras que mais causam acidentes no Brasil — Foto: Wikimedia / Leandro Avelar / Creative Commons
A jararaca (Bothrops jararaca) é uma das cobras que mais causam acidentes no Brasil — Foto: Wikimedia / Leandro Avelar / Creative Commons
Cobras, como a cascavel, podem estar em áreas recém-desmatadas, como novos loteamentos — Foto: Wikimedia / José Reynaldo da Fonseca / Creative Commons
Cobras, como a cascavel, podem estar em áreas recém-desmatadas, como novos loteamentos — Foto: Wikimedia / José Reynaldo da Fonseca / Creative Commons

O veneno da jararaca e da surucucu pode gerar dor, inchaço, vermelhidão ou sangramento na região da picada. Em casos graves, ocorrem bolhas, gangrena, acúmulo de pus e insuficiência renal aguda.

Já a cascavel possui veneno que não provoca reações graves no local da picada, mas pode levar à morte. A pessoa pode apresentar dificuldade em abrir os olhos, visão dupla, dor muscular e alteração na cor da urina. Em casos mais graves, leva à insuficiência renal aguda.

As cobras, como a jararacuçu (Bothrops jararacussu), gostam de se esconder em vãos e locais escuros — Foto: Wikimedia / Rodrigo Argenton / Creative Commons
As cobras, como a jararacuçu (Bothrops jararacussu), gostam de se esconder em vãos e locais escuros — Foto: Wikimedia / Rodrigo Argenton / Creative Commons

A ação do veneno da coral é muito rápida, com sintomas que aparecem em questão de minutos. São eles: dificuldade em abrir os olhos, desorientação, falta de ar, dificuldade em engolir e insuficiência respiratória aguda.

“É preciso identificar a cobra caso haja algum acidente, pois isso é essencial para se administrar o soro correto e salvar a vida da pessoa envolvida”, destaca a paisagista.

Com detalhes vermelhos, a cobra coral (Micrurus lemniscatus) é fácil de ser identificada — Foto: Wikimedia / Lvulgaris / Creative Commons
Com detalhes vermelhos, a cobra coral (Micrurus lemniscatus) é fácil de ser identificada — Foto: Wikimedia / Lvulgaris / Creative Commons

O que fazer em caso de acidentes com picadas de cobras:

  • Não amarrar ou fazer torniquetes, o que impede a circulação do sangue, podendo produzir necrose ou gangrena;
  • Não colocar nenhuma substância, folhas ou qualquer produto na picada;
  • Não cortar ou chupar o local da picada;
  • Manter a pessoa em repouso, evitando que ande, corra ou se locomova, o que facilita a absorção do veneno;
  • No caso de picadas em braços ou pernas, mantê-los em posição mais elevada;
  • Levar a pessoa ao hospital para receber o soro adequado.

Casa e Jardim/Globo

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