Cigarro eletrônico oferece mais riscos a fumantes passivos em lugares fechados
Muitos acham que o cigarro eletrônico pode ser inofensivo em ambientes fechados, uma vez que a fumaça desaparece depressa. Mas segundo um estudo publicado na revista científica Drug and Alcohol Dependence, a prática pode oferecer diversos riscos às pessoas ao redor (ou seja, aos fumantes passivos).
O estudo observou que, quando cigarros eletrônicos são utilizados dentro de um carro por apenas dez minutos, o ar ao seu redor se enche de partículas tóxicas conhecidas especificamente como PM2,5. Essas partículas podem aumentar o risco de problemas de saúde, como doenças cardíacas ou respiratórias.
Conforme alerta o estudo, uma única pessoa usando um dispositivo desses em um veículo com as janelas fechadas pode causar um aumento mensurável na concentração de material particulado. “Os dados do estudo atual indicam que os dispositivos mais comumente usados são capazes de produzir grandes quantidades de PM2,5, resultando em maior risco de exposições passivas”, aponta o material.
A preocupação dos especialistas, estampada no relatório em questão, é que qualquer pessoa sentada nesse carro (mesmo as crianças, por exemplo) poderia inalar níveis indesejados de partículas nocivas, mesmo que não estivesse fumando. Seria o equivalente a ser exposto à fumaça tóxica do cigarro.
Para fazer a comparação, os cientistas usaram monitores de aerossol e testaram a qualidade do ar nos carro antes e depois das sessões de vaporização dos fumantes. Ao todo, 60 voluntários participaram do estudo. A conclusão é que, em apenas sete minutos, o material particulado nos carros aumentou 22 vezes.
Riscos do cigarro eletrônico
Estudos já lançaram luz sobre diversos riscos do cigarro eletrônico. Para se ter uma noção, o uso de vape pode comprometer até os ossos. Em 2020, um estudo norte-americano analisou a toxicidade de três sabores diferentes da essência que se usa nos vapes e levantou a descoberta de que a substância faz mal ao coração.
Vale salientar que o vape pode causar infecção no cérebro, pulmão, coração e cólon, de acordo com um estudo conduzido pela University of California San Diego.
No Brasil, a comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas. “Essa decisão se baseou no princípio da precaução, devido à inexistência de dados científicos que comprovassem as alegações atribuídas a esses produtos”, diz o Ministério da Saúde, em seu site.
Vale a pena trocar o cigarro por vape?
Mas fica a questão: trocar cigarro por vape é uma boa ideia? Em entrevista anterior ao Canaltech, Alexandre Todorovic Fabro, médico patologista e associado da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), explicou que “o cigarro eletrônico causa as mesmas doenças que o cigarro comum e também lesões mais agudas, como a destruição de pneumócitos — as células que revestem os alvéolos pulmonares — por queimadura provocada pelo vapor quente combinado às substâncias tóxicas”.
Além disso, um estudo do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP), pesquisadores descobriram que usuários de cigarros eletrônicos apresentam níveis de nicotina equivalentes ao consumo de 20 cigarros tradicionais por dia.
Via: CanalTech