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Mulher ‘acorda’ depois de 20 anos em estado catatônico

Parece história de ficção científica, mas é real. Uma mulher que permaneceu em estado catatônico (perturbação neurológica em que a pessoa fica paralisada) por mais de vinte anos “acordou” depois de passar por um tratamento inovador durante um ano.

Quando tinha 21 anos, a americana April Burrell passou por um evento traumático que a fez manifestar uma esquizofrenia e entrar num estado constante de alucinações visuais e auditivas. A então estudante universitária perdeu a capacidade de se comunicar, tomar banho e até mesmo de reconhecer a sua família.

Internada em uma instituição psiquiátrica, os médicos descobriram que April também sofria de lúpus, doença autoimune em que o sistema imunológico ataca o próprio corpo e afeta os órgãos. Depois de passar por um tratamento combinado de várias técnicas, ela finalmente saiu do estado catatônico em 2020, mas só pode se reintegrar à família no ano seguinte, por conta da pandemia de covid-19.

Agora, pesquisadores no mundo todo estudam o que aconteceu com ela na crença de que esse tratamento poderá beneficiar milhares de pessoas.

O tratamento

(Fonte: The Washington Post)

April foi tratada pela equipe liderada pelo médico Sander Markx, diretor de psiquiatria de precisão da Universidade de Columbia. Ele contou que ela foi sua primeira paciente, a quem começou a atender quando ainda era estudante de Medicina na década de 2000. “Ela é, até hoje, a paciente mais doente que já vi”, confessou.

Markx e seus colegas notaram que, embora April tivesse um diagnóstico incontestável de esquizofrenia, o lúpus também tinha uma correlação com o seu estado, já que a doença estava atacando seu cérebro. Depois de vários meses de tratamentos direcionados, a paciente finalmente “acordou” de seu estado depois de mais de vinte anos.

O resultado do tratamento de April agora está sendo visto como uma esperança para muitas outras pessoas que enfrentam condições semelhantes e que estão definhando em instituições de saúde mental, sem apresentar melhoras.

Por isso, cientistas de todo o mundo estão se dedicando a pesquisas semelhantes que correlacionam doenças autoimunes e inflamatórias a síndromes psiquiátricas, o que pode trazer novas possibilidades de tratamento para esses sujeitos.

A história de April Burrell

(Fonte: The Washington Post)

Quando foi diagnosticada com a esquizofrenia, April Burrell era uma aluna dedicada do curso de Contabilidade, era ótima com números e não aceitava tirar notas baixas. Ela era descrita pela família como uma pessoa extrovertida e que foi oradora de sua turma.

Tudo mudou em 1995, quando sua família recebeu um telefonema da escola dizendo que April havia passado por uma experiência traumática (que nunca foi revelada aos jornalistas, para protegê-la) e estava incoerente.

Ela foi então internada por alguns meses em um hospital psiquiátrico, onde foi diagnosticada com esquizofrenia. Como exigia atenção constante, April acabou sendo deslocada para o Pilgrim Psychiatric Center, em Maryland, para cuidados de longo prazo. Por todo esse tempo, ela permanecia trancada dentro de seu próprio mundo, parecendo desenhar com os dedos e falando sozinha sobre transações financeiras.

Depois que a equipe do doutor Sander Markx desenvolveu uma nova aproximação para o seu caso, April Burrell ficou em tratamento por mais de um ano. Para medir sua capacidade cognitiva, os médicos pediam que ela desenhasse um relógio, que aos poucos foi tomando forma e evoluiu de rabiscos para um desenho perfeito. Ela então começou a lembrar de coisas da infância e a reconhecer seus irmãos.

Para o médico, o resultado obtido no tratamento de April é muito promissor, e pode ajudar a muita gente que hoje está vivendo em casas psiquiátricas. “Estas são as almas esquecidas. Não estamos apenas melhorando a vida dessas pessoas, mas também trazendo-as de volta de um lugar de onde eu não achava que elas poderiam voltar”, afirmou em entrevista ao jornal Daily Mail.

MEGA CURIOSO

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