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Comidas geladas fazem mal para quem está gripado? Especialista explica

Otorrinolaringologista explica que muito das informações sobre o tema, na verdade, são incorretas

Na última terça-feira (30/5), o mundo das redes sociais girou em torno de uma nova polêmica: um médico da UPA Jardim Conceição em Osasco, na grande São Paulo, prescreveu uma receita para uma criança com gripe que continha, além dos medicamentos para o tratamento, a indicação de sorvete de chocolate duas vezes ao dia e o jogo Free fire. A polêmica acabou com o afastamento do profissional — entre o apoio e crítica dos internautas.

Entre toda a confusão de opiniões nas redes sociais, a base da polêmica ainda deixa muita gente com dúvida: afinal, alimentos gelados fazem mal a saúde?

O Correio conversou com a médica Lúcia Larissa Camargo, otorrinolaringologista do Hospital Santa Lúcia, para pegar detalhes sobre o assunto. A especialista explica que muito das informações sobre o tema, na verdade, são incorretas.

“Não há comprovação científica que o sorvete piore os quadros inflamatórios em cavidade oral. Então, na verdade, ele não está relacionado com piora do quadro. Há pacientes que preferem (antes de comer um alimento gelado) uma melhora da irritação de incômodo pelo efeito vasoconstritor de contrair os vasos e reduzir um pouco a sensação de desconforto. Então, você pode ingerir sorvete em momentos que está gripado que você não vai piorar ou melhorar sua evolução pela ingestão do sorvete”, explica.

Já para as pessoas que estão apenas com a garganta inflamada, como fica a história? Algo gelado pode impactar no quadro? A resposta de Lúcia surpreende: “Paciente que está com quadro, seja inflamatório, irritativo ou infeccioso sendo viral ou bacteriano em cavidade oral, ele não vai ter uma piora do seu quadro pela ingestão de sorvete ou alimentos gelados, muito pelo contrário, em pós-operatórios de amígdala, você tem até uma observação importante nos primeiros dias de fazer ingestão de alimentos gelados justamente para evitar a chance de sangramento e de desconforto. O alimento gelado tem uma tendência de contrair os vasos, reduzindo o porte de sangue e também o desconforto durante o processo, seja infeccioso, irritativo, alérgico até não pós-operatório”, aponta.

“Não há evidência científica que a ingestão de alimentos gelados durante um processo infeccioso seja ele viral ou bacteriano, terá uma piora da evolução desse paciente, então a princípio a ingestão é liberada e trata-se de um mito de piora clínica, de resfriado com a ingestão de alimentos gelado”, relata.

A especialista finaliza explicando sobre como os gelados podem servir para o alívio da dor de garganta. “A resposta em ingestão de alimentos gelados ou mornos durante um processo inflamatório infeccioso em cavidade oral é muito individual. Em geral, verifica-se um alívio do desconforto com a ingestão de alimentos gelados justamente porque você tem uma tendência contrair os vasos da cavidade oral, você contrai os vasos, você reduz o aporte de sangue naquela região reduzindo até a sensibilidade àqueles receptor de dor. Então, os pacientes referem até uma sensação de anestesia temporária após a ingestão de alimentos gelados como sorvete”, conclui.

Correio Braziliense

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