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Presidente da Colômbia apaga tuíte que anunciava resgate de crianças na selva amazônica e se retrata: ‘Continuaremos busca incansável’

Militares ainda não conseguiram contato oficial com as vítimas, que estariam em aldeia de mata fechada, segundo relatos de comunidades indígenas

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, apagou o tuíte em que anunciava o resgate de quatro crianças que estavam desaparecidas desde o começo do mês após um acidente aéreo na selva amazônica. Ele se retratou, nesta quinta-feira, e prometeu continuar uma “busca incansável” pelas vítimas.

“Resolvi deletar o tuíte porque as informações fornecidas pelo ICBF [agência do governo] não puderam ser confirmadas. Lamento que isso tenha acontecido. As Forças Armadas e as comunidades indígenas continuarão em sua busca incansável para dar ao país a notícia que ele espera”, disse ele.

Petro escreveu, ainda, que não há outra prioridade além de avançar nas buscas e encontrar as crianças.

“A vida das crianças é o mais importante”, destacou o presidente.

Petro havia dito, na tarde desta quarta-feira, que os menores haviam sido encontrados durante o trabalho de buscas das Forças Armadas do país. No entanto, nem os militares nem a Aeronáutica Civil confirmaram a informação.

“Após árduos esforços de busca por nossas Forças Armadas, encontramos com vida as 4 crianças desaparecidas devido à queda do avião (…) Uma alegria para o país”, disse Petro, no Twitter.

Nesta quinta-feira, antes de se retratar, o presidente apagou a publicação e retuitou a mensagem de um jornalista que atribuía à diretora do Instituto de Bem-Estar Familiar da Colômbia, Astrid Cárceres, a informação de que as crianças estavam bem.

“A comunicação por satélite foi interrompida, mas estamos esperando [o contato] em três pontos que nos disseram ser possíveis. Estamos tranquilos com a informação”, afirma Astrid Cárceres, diretora da agência do governo, na postagem.

Em comunicado, o ICBF Colômbia afirmou que recebeu relatos de comunidades indígenas da região em que o avião caiu de que as crianças haviam sido encontradas. Segundo a agência, elas estão numa aldeia em mata fechada. Por causa de condições meteorológicas adversas e da dificuldade de locomoção no território, os militares ainda não conseguiram acessar o local para estabelecer contato oficial com as vítimas.

“Por isso, de maneira incansável, seguem as buscas, que renderam diversos achados na área e que vão permitir corroborar as informações recebidas pelo ICBF de diversas fontes”, disse o ICBF, que estabeleceu como prioridade “encontrá-los o mais rápido possível” e levá-los aos parentes.

Ao noticiar que as crianças haviam sido encontradas, Petro não detalhou onde nem quantos quilômetros conseguiram percorrer enquanto estavam perdidas.

De acordo com o jornal “El Tiempo”, as autoridades do país ainda não entraram em contato com os parentes dos meninos.

— Não sabemos muito bem. Nos disseram que as crianças foram encontradas por um camponês e um agricultor. Como sua família, espero que cheguem logo aqui — afirmou ao “El Tiempo” a avó das crianças, Fátima Valencia.

Militares não viram as crianças

As últimas publicações das Forças Militares da Colômbia sobre a ocorrência mostram imagens do que seria o “refúgio” das vítimas. Os soldados encontraram um “abrigo improvisado feito de paus e galhos”, então suspeitaram que houvesse pelo menos um sobrevivente. Algumas tesouras, laços de cabelo, sapatos, roupas e uma garrafa localizada no meio dos galhos da mata serviram de indicação para os policiais uniformizados.

“Esse fato enche de alento e esperança as tropas que se encontram na área e se torna um novo sinal que norteia os esforços de busca e salvamento”, afirmaram as Forças Armadas, no Twitter.

Fontes disseram ao jornal “El Colombiano” que os militares não chegaram a ver as crianças e que as buscas seguem na Amazônia. O diário cita que o relato de que foram encontradas é uma “falsa esperança”.

Já o jornal “Cambio”, com base no relato de uma fonte do alto escalão do governo, diz que Petro foi “mal informado”. Os militares não reportaram a localização das crianças, de acordo com o jornal. Fontes da Aeronáutica Civil também disseram que as buscas continuam na Amazônia.

Vítimas são identificadas

As crianças foram identificadas como Lesly Jacobombaire Mucutuy, de 13 anos; Soleiny Jacobombaire Mucutuy, de 9 anos; Tien Noriel Ronoque Mucutuy, de 4 anos, e Cristin Neriman Ranoque Mucutuy, de 11 meses. Elas desapareceram em 1º de maio, quando a aeronave em que viajavam caiu aparentemente devido a uma falha mecânica.

Avó das crianças, Fátima lamentou a morte da filha, Magdalena Mucutuy, mãe dos quatro irmãos da etnia indígena Huitoto, que teriam sobrevivido na selva comendo frutas da selva e à mercê de animais selvagens.

Mais de 100 militares com cães farejadores foram acionados para seguir o rastro dos menores e caminharam pela selva entre os departamentos de Caquetá, onde o avião ficou com a frente destruída, e Guaviare, ambos no sul da Colômbia. Além de Magdalena, o piloto, identificado como Hernando Murcia, também morreu no acidente. Ele foi encontrado sem vida dentro da aeronave.

O Globo

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