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Filhos de pai superprotetor vivem menos, revela estudo

Para entender se a criação dos pais pode ter efeito na expectativa de vida dos filhos, cientistas brasileiros e britânicos investigaram a vida de mais de 910 idosos nascidos entre as décadas 1950 e 1960 — a geração que veio após a Segunda Guerra Mundial. A conclusão é que, sim, ter pais superprotetores e autoritários pode ser relacionado com a morte precoce dos filhos, antes dos 80 anos.

Publicado na revista Scientific Reports, o estudo foi liderado por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no Brasil, e da University College London, no Reino Unido. Segundo os autores, o problema maior é ter pais superprotetores, mas a mesma relação não é observada quando a mãe é superprotetora.

“A superproteção parental aumentou o risco de mortalidade precoce em ambos os sexos, enquanto o cuidado materno favoreceu a longevidade das mulheres”, afirmam os cientistas.

Como a superproteção paterna impacta na expectativa de vida dos filhos?

No estudo com idosos britânicos, os pesquisadores revelam que homens com pai superprotetor tinham um risco 12% maior de morrer antes dos 80 anos do que aqueles que não tinham um pai autoritário. Entre as mulheres, pais mais controladores representavam um risco 22% maior de morte precoce.

Por outro lado, a situação muda quando se analisa o impacto de mães protetoras. Mulheres com mãe superprotetora têm risco 14% menor de morrer prematuramente do que as que foram negligenciadas. Para os homens, não foi possível identificar o impacto desse tipo de relação.

Pai superprotetor pode aumentar o risco de morte precoce, mas o mesmo não ocorre quando a mãe é (Imagem: Mint_Images/Envato)

Outro fato curioso na pesquisa é que homens que passaram a infância morando somente com um dos pais tiveram um risco 179% maior de morrer antes dos 80 anos. Isso quando se compara com aqueles que cresceram com os dois na mesma casa.

Descobertas são válidas para as novas gerações?

Embora seja tentador replicar as descobertas do estudo na nossa realidade, os autores recomendam cautela na hora da interpretação. “Os resultados são um retrato de indivíduos que hoje teriam uma idade mais avançada. Portanto, não significa que teríamos resultados iguais com a geração de hoje”, explica Tiago Silva Alexandre, professor do Departamento de Gerontologia da UFSCar e coordenador da pesquisa, para a Agência Fapesp.

O ponto atemporal do estudo é o impacto da criação familiar na vida de um indivíduo. “As relações de cuidado e afeto com o pai e a mãe durante a infância e a adolescência têm repercussão na vida inteira, inclusive, como mostramos, impactam na longevidade”, afirma Alexandre.

Qual é a melhor forma para criar os filhos?

Diante dessas descobertas, é natural se perguntar se existe uma forma ideal de criação para os filhos. “Trata-se de achar o meio do caminho. Nem ser intrusivo a ponto de fazer com que a criança ou adolescente perca a autonomia, nem ser negligente e distante emocionalmente dos filhos. Essa questão do cuidado que tratamos neste estudo é justamente não negligenciar, cuidar com zelo, ser presente, mas não superproteger”, completa Aline Fernanda de Souza Canelada, outra autora do estudo.

Via: CanalTech (com: Scientific Reports e Agência Fapesp)

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