Infância, de Graciliano Ramos, chega a Campo Mourão no 19º Fetacam
Peça com ator mourãoense Ney Piacentini será apresentada no próximo dia 22, no Teatro Municipal
Depois de se apresentar em cidades de Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e no Teatro Municipal de São Paulo e Maringá, o grupo Rodateatro mostra sua versão cênico-musical da obra prima de Graciliano Ramos em Campo Mourão no dia 22/10/2022.
PESQUISA
Em dezembro de 2021 os proponentes do projeto, Ney Piacentini (ator que também pertence a Companhia do Latão de São Paulo) e Alexandre Rosa (músico da OSESP – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – principal conjunto sinfônico da América Latina), foram até o sertão de Pernambuco e Alagoas, vivenciando os locais por onde Graciliano Ramos viveu sua meninice descrita no romance Infância. Passaram por Quebrangulo, Viçosa e Palmeira dos Índios (AL); e Buíque (PE). Lá conheceram a aridez e a pulsação da gente do sertão e da Zona da Mata nordestinos. Visitaram as ruas citadas no livro, as casas em que Graciliano viveu, conviveram com pessoas que conhecem a tradição de Graciliano nas regiões e dialogaram com os “viventes” locais. Assim, a pesquisa não se limitou à leitura das obras completas do autor, mas contou ainda com quatro palestras proferidas por especialistas como Luciana Araújo Marques, Ieda Sylberstein, Leusa Araújo e Ivan Marques, além da viagem de absorção sensorial do mundo de Ramos.
19º Fetacam
Infância se apresenta em Campo Mourão, como primeiro classificado no edital para a escolha dos espetáculos do FETACAM (Festival de Teatro de Campo Mourão – 2022), no Teatro Municipal, no dia 22 de outubro, às 20 horas. Na ocasião Ney Piacentini lançará seu livro (DES)APRENDIZAGENS (textos sobre atuação – R$ 50,00*) e Alexandre Rosa disponibilizará seu CD Bass XXI (2013, álbum – R$ 20,00*)
OBRA
Infância é a transcrição cênica e musical a partir do livro homônimo de Graciliano Ramos, publicado em 1945. No romance o escritor alagoano descreve seus primeiros anos de vida até a puberdade: a dura vivência com a família, a difícil alfabetização e sua gradativa aproximação aos livros. Sem perder o primor literário, o leitor acompanha a trajetória rudimentar do garoto no interior dos Estados de Alagoas e Pernambuco e o incipiente surgimento de uma criatura interessada no mundo das letras.
A adaptação do livro à cena revela a transformação do narrador adulto na criança que ele descreve de si mesmo e o desdobramento do autor nos vários personagens que compõem o romance, no qual descreve os episódios de sua meninice – guardada a diferença de idade entre a maturidade e suas memórias infantis. Recorte que prioriza a falta de trato de sua educação familiar, a precariedade do ambiente escolar e as dificuldades na incursão na arte de ler e escrever.
ENCENAÇÃO
Como o nosso autor é econômico em sua literatura, se utilizando apenas das palavras e frases essenciais, sem enxertos ou prolixidade, a encenação segue na mesma direção. A estrutura da obra é simples, porém inventiva: a cenografia é feita de objetos imprescindíveis ao palco, com sofisticados instrumentos musicais que se transformam, por meio de sugestões indiretas, na indumentária do projeto. O trabalho está planejado de modo a facilitar a adaptação às condições materiais dos espaços e não o contrário.
E o programa engloba a encenação (de 60 mi nutos), seguida de uma conversa sobre o universo de Graciliano Ramos. Entram em debate os conteúdos, as formas, as demais obras do autor, sua inserção no panorama da história e literatura brasileiras, além de outros aspectos de interesse da plateia. Tal base será será acrescida de uma demonstração de como se deu o processo de construção do espetáculo, especulando sobre como Ney Piacentini (ator) e Alexandre Rosa (músico) deram vida a um dos livros mais importantes do escritor alagoano. Trazer à luz uma matriz do romance brasileiro tem a intenção de estimular a leitura e a formação de público, utilizando-se de uma obra singular do repertório de Graciliano.
GRACILIANO RAMOS
O escritor, que completa 130 anos de nascimento em 2022, é autor de clássicos da literatura brasileira como Vidas secas e São Bernardo. Na sua trajetória constam as atividades de prefeito de Palmeira dos Índios e diretor da Instrução Pública do Estado de Alagoas (cargo relativo ao de secretário de Educação), tendo escrito os romances: Caetés, Angústia, e Memórias do cárcere. Foi autor de crônicas e contos reunidos nos livros A terra dos meninos pelados, Pequena história da República, Histórias in- completas, Insônia, Viagem, Linhas tortas, Viventes das Alagoas, Alexandre e outros heróis, entre mais obras. Foi jornalista, tradutor, inspetor de ensino e militante político, tendo ganho diversos prêmios pelas suas obras.
NEY PIACENTINI
O ator é natural de Campo Mourão e residente em São Paulo/SP. Possui 43 anos de teatro com mais de 65 espetáculos em sua reconhecida trajetória. Tem Pós-Doutorado no Instituto de Artes da UNESP, com o projeto ANOTAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA DA ATUAÇÃO NO BRASIL. Foi professor temporário na Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP) na disciplina Poéticas da Atuação II e atuou como orientador na Pós-Graduação de Direção e Atuação na Célia Helena Centro de Artes e Educação. Trabalhou como professor substituto no Instituto de Artes da UNESP na disciplina Laboratório de Atuação e de Processos da Performance V e VI e exerceu a função de professor de Direção de Atores na Pós-Graduação em Direção Teatral na Faculdade Paulista de Artes. Possui doutorado e mestrado em Pedagogia Teatral pela ECA/USP. Publicou os livros (DES)APRENDIZAGENS – TEXTOS SOBRE ATUAÇÃO; O ATOR DIALÉTICO: VINTE ANOS DE APRENDIZADO NA COMPANHIA DO LATÃO (fruto do doutorado); EUGÊNIO KUSNET: DO ATOR AO PROFESSOR (fruto do seu mestrado) e STANISLAVSKI REVIVIDO (Org. com Paulo Fávari). É integrante da Companhia do Latão desde a sua fundação em 1997. Em 2016 foi Indicado ao Prêmio de Melhor Ator pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) por seu solo ESPELHOS e estreou INFÂNCIA em 2021. Em 2018 foi indicado ao Prêmio Aplauso Brasil pelo seu livro O ATOR DIALÉTICO – Categoria Destaque e ao Prêmio Botequim Cultural – RJ como Melhor Ator Coadjuvante por LUGAR NENHUM da Companhia do Latão. Fez parte do conjunto que venceu o Prêmio Questão de Crítica – RJ 2013 de melhor elenco com O PATRÃO CORDIAL e o de melhor espetáculo estrangeiro em Cuba em 2007 com O CÍRCULO DE GIZ CAUCASIANO, de Bertolt Brecht. É ator, professor de teatro e autor de livros sobre atuação e em 2014 recebeu o Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro pela sua contribuição ao Teatro Paulista.
ALEXANDRE ROSA
Doutor em música-performance pelo Instituto de Artes da Unesp e formado em música-instrumento pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Atualmente é músico da OSESP, orquestra com a qual tocou em salas de música como o Lincoln Center (Nova Iorque), Royal Albert Hall (Londres), Musikverein e Konzerthaus (Viena), Concertgebouw (Amsterdã), Théâtre du Châtelet e Salle Pleyel (Paris), Philarmonie (Berlin), Palau de la Música Catalana (Barcelona), National Centre for Performing Arts (Pequim), entre outras.
Participou de oficinas de teatro com Jean-Jacques Lemêtre e Viviane Dado-Sortie (França) Julia Varley (Dinamarca) e Kalamandalam Shivadas (Índia). Esteve na Odin Week em Holstebro (Dinamarca) onde participou de oficinas com todos atores e músicos do Odin Teatret. Ministra palestras e workshops para músicos e atores em instituições conceituadas como os festivais de música de Campos do Jordão e Juiz de Fora além das escolas de teatro da USP, da Unesp, da Biblioteca Mário de Andrade de SP e da National School of Drama (Índia). Realiza trabalhos de criação musical com grupos de teatro (Teatro Enlatado) e dança (Cia Corpos Nômades).
Atuou ao lado de Antônio Fagundes e Cacá Carvalho em A história do soldado (dir. Ulisses Cruz), Contrabass in concert (atuação e direção de Sérgio Mamberti), Cicatrizes cena/monólogo (dir. Nelson Baskerville) e Shakuntala com Marilyn Nunes e produção do Oposto Teatro Laboratório.
Principais obras: Bass XXI (2013, álbum) e Técnicas estendidas do contrabaixo no Brasil: revisão de literatura, performance e ensino (2014, Editora Unesp).
SERVIÇO
- Evento: Peça teatral INFÂNCIA
- Dia e horário: 22/10/2022, às 20 horas
- Local: TEATRO MUNICIPAL
- Duração: 60 minutos (Com debate depois da peça junto à plateia interessada. Atividade facultativa. Fica no debate apenas quem quiser).
- Entrada Franca
- Realização: FUNDAÇÃO CULTURAL DE CAMPO DE CAMPO MOURÃO
- Indicado para maiores de 10 anos
- Idealização: RODATEATRO (SP/SP)
- Contatos: Em São Paulo – rodateatro (WhatsApp) 11 97283-6199 / ney,[email protected] / Instagram: @neypiacentini
- Obs: na ocasião Ney Piacentini lançará seu livro (DES)APRENDIZAGENS (textos sobre atuação – R$ 50,00*) e Alexandre Rosa disponibilizará seu CD Bass XXI (2013, álbum – R$ 20,00*)
- * Em dinheiro ou pix – [email protected]