Separadas ao nascer, quatro irmãs se encontram 30 anos depois
A vida das irmãs Julia Alberich, Juliana Alberich, Bianca Amorim e Camila Buchele teve um recomeço após 30 anos. Separadas no berçário, as jovens tomaram rumos diferentes na vida até se encontrarem por um acaso do destino.
A busca começou quando Camila começou a olhar documentos antigos da avó e descobriu que tinha mais três irmãs.
Só que a vida resolveu dar um jeitinho e unir as quatro irmãs novamente!
Separadas ainda bebês
Camila conta que todas as irmãs foram colocadas para adoção, mas ela nunca conseguiu uma família. A jovem chegou a viver em alguns lares e, aos 11 anos, foi morar com a avó.
O contato com a mãe biológica nunca existiu.
“Nunca tive contato com a minha mãe biológica entre filha e mãe. Sabia quem ela era, mas nunca tive contato. E eu sempre me interessei por buscar a minha história, até para que eu pudesse encerrar um ciclo”, relata.
Já o pai biológico, Camila conta que chegou a encontrá-lo algumas vezes.
“Eu não morava com ele, minha vó nunca permitiu, devido à condição financeira dele. Mas ele sempre demonstrou interesse e vinha me ver durante os fins de semana”, diz. Ele morreu em um acidente, no entanto, quando ela ainda era criança.
Busca por respostas
Em 2020, quando completou 33 anos, Camila descobriu por acaso que o nome da avó dela constava no cartório como testemunha do nascimento de outras três crianças: Bianca, Julia e Juliana.
Foi exatamente quando ela começou a buscar por respostas e tentar descobrir o paradeiro das irmãs.
Camila passou a trabalhar em locais públicos – como agência dos Correios, lojas e cartórios –somente para ver se conseguia informações sobre as irmãs ou se reconhecia os traços familiares em pessoas que passavam pelos locais.
“Eu já trabalhei até no hospital da minha cidade, onde nós todas nascemos. E todo tempo que eu fiquei ali sempre fui atrás das informações de quem trabalhou na época, qual eram os médicos que faziam o parto, quem eram as enfermeiras que trabalhavam na década de 1990.”
Já Julia, Juliana e Bianca consideravam a possibilidade de uma irmã ou irmão ainda existir, mas relembram que o desejo de ir atrás disso não era tão forte quanto em Camila.
Desejo realizado
Mesmo sendo Camila a mais engajada em descobrir as irmãs, quem proporcionou o reencontro final, entretanto, não foi ela.
Em 2020, Julia, de 32 anos, que trabalha como jornalista, começou a buscar por parentes pelo Instagram. Ela encontrou um tio biológico, que a colocou em contato com Camila.
Já o encontro com Bianca veio depois. Ela também resolveu adicionar no Instagram pessoas com o mesmo sobrenome, sem muita pretensão de descobrir algo.
Uma dessas pessoas era Camila, que não a reconheceu, pois buscava por uma irmã chamada Roberta, nome de nascença de Bianca.
Conversando, elas então trocaram informações sobre possíveis parentes, e descobriram que realmente eram irmãs. Elas moravam a apenas meia hora de distância uma da outra – Bianca, em Itajaí e Camila em Brusque, Santa Catarina.
Novos começos
Até o momento, as quatro irmãs ainda não conseguiram se encontrar presencialmente. Julia e Juliana moram fora do país, e, em função da pandemia e do trabalho, ainda não conseguiram vir juntas para o Brasil.
Julia e Camila se encontraram pela primeira vez em 2021, em São Paulo. No ano seguinte, Bianca e Camila se encontraram em Itajaí.
Camila conta que chegou a encontrar a mãe biológica depois que descobriu a identidade de todas as suas irmãs.
“Fui até o local onde ela morava e pedi perdão. Disse que queria ouvir a versão dela, porque toda história tem versões. E muito dos fatos não eram como me passaram”, diz.
“Acredito que a gente encerrou também ali um ciclo para reconstruir outro, e vida que segue.”
Bianca conta que as irmãs criaram um grupo no WhatsApp, onde conversam sobre tudo e tentam conhecem uma a outra aos poucos.
“Eu brinco que a gente parece aqueles cadernos de perguntas que tinha antigamente: ‘O que tu gosta de fazer? O que é que tu come? Como é que tu faz tal coisa?’. A gente manda foto do nosso pé, da nossa mão, o que a gente tem de parecido, o que a gente não tem.”
“É muito gostoso, é muito legal. Então, a gente tem total consciência de que a gente não teve um passado, mas que, daqui para a frente, a gente vai poder ser realmente irmã, sabe? Apoiar uma a outra, participar da vida uma da outra”, celebra Bianca. “Nós nos tornamos um combustível magnífico para a vida uma da outra.”
Com informações de Farol da Bahia