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Veja quais remédios podem ser consumidos durante o tratamento da Covid

Saiba se uso de anti-inflamatórios, corticoides e medicamentos para doenças crônicas e autoimunes por pessoas com Covid pode trazer riscos

Apesar de a Covid-19 já não ser mais uma doença nova e causar apenas sintomas leves na maioria dos pacientes já vacinados, ainda resta muita dúvida sobre como tratar a condição. Se no início da pandemia muitos medicamentos foram cogitados para combater a infecção (cloroquina e ivermectina são alguns dos remédios testados e descartados), com a imunização, a solução para o quadro leve é simples.

Como as demais doenças virais, o tratamento da Covid-19 é sintomático, ou seja, são indicados medicamentos voltados para amenizar os sintomas da infecção. “A gente pode entrar com alguns remédios para dar conforto ao paciente: anti-inflamatórios, analgésicos, antialérgicos, corticoides nasais. Tudo isso pode ser usado para melhorar os sintomas, mas não há comprovação de que vão diminuir o tempo de manifestação da doença”, assinala o clínico geral Lucas Albanaz, coordenador da Clínica Médica do Hospital Santa Lúcia Gama.

Os anti-inflamatórios e analgésicos mais comuns são o ibuprofeno, a dipirona, o diclofenaco, a nimesulida e o paracetamol. Antialérgicos e corticoides nasais devem ser receitados pelo médico.

Alguns estudos preliminares logo no início da pandemia sugeriram que o anti-inflamatório ibuprofeno poderia fazer mal quando utilizado em pessoas infectadas com Covid-19. No entanto, o clínico geral afirma que não há comprovação científica e que nenhum estudo mostrou que a medicação pode estar ligada a casos mais graves.

O médico infectologista do Hospital Anchieta de Brasília Cesar Carranza destaca que o risco maior é quando os anti-inflamatórios são usados em excesso ou em pessoas com algumas doenças prévias, como problemas renais. “Nesses, quando usados em excesso ou sem indicação, os medicamentos podem piorar a função renal”, explica.

O infectologista aponta ainda que os anti-inflamatórios são conhecidos por causar problemas digestivos, como refluxo, gastrite e até úlceras gástricas ou duodenais, e, por isso, é importante não abusar no uso.

Covid grave

Albanaz acrescenta que as medicações molnupiravir e o Paxlovid têm estudos comprovando a eficácia na proteção contra casos graves de Covid-19 em pacientes com comorbidades e alto risco de desenvolver quadros complicados da infecção, mas apesar de já aprovados pela Anvisa ainda não estão disponíveis no Brasil.

“A eficácia da primeira é de 65%, e da segunda, até 85%. Mas são medicações que ainda não estão disponíveis no Brasil e só podem ser usadas para pacientes com comorbidades, pois com os demais não houve constatação de melhora. Também temos alguns anticorpos monoclonais que apresentam bons resultados: porém, são remédios muito caros e também não estão disponíveis no mercado brasileiro”, comenta o clínico geral.

Os tratamentos para a Covid-19 podem variar conforme o quadro apresentado. Em casos mais leves, onde há presença de dores musculares, dor na cabeça, perda do paladar ou do olfato, tosse intensa e febre, repouso e o uso de certos medicamentos podem auxiliar no alívio dos sintomas MSD/Reprodução

Corticoides e doenças respiratórias

O tratamento de algumas condições respiratórias, como crises de bronquite crônica, contam com o uso de corticoides, que também costumam ser indicados para o tratamento de Covid-19 em casos de internação e quando há necessidade de suplementação por oxigênio.

De acordo com o infectologista Carranza, o medicamento não traz benefícios para o tratamento de doenças respiratórias comuns, como resfriados, gripes, faringites, amigdalites e a própria Covid-19 leve.

“O uso de corticoides tem vários riscos, principalmente quando administrados a altas doses e por períodos prolongados. Quem faz esse uso pode ter desde problemas gástricos, passando pela diminuição das defesas, até problemas psiquiátricos ou dos ossos pelo uso continuado em doses elevadas. Por isso, o tratamento deve ser sempre acompanhado por um profissional, que deve pesar se o benefício de usar corticoides ultrapassa o risco”, orienta o médico.

Interação medicamentosa

Carranza aponta que interações entre medicamentos, como anticoagulantes, antibacterianos, antiparasitários e até hormônios, podem ocorrer, mas não são exclusivas da Covid-19. Segundo ele, os remédios que podem causar mais dano do que alívio são aqueles com demonstrada ineficácia, como o “kit covid”, que não passou pelos testes clínicos.

“O uso deles pode causar efeitos adversos, interações medicamentosas e até dar uma falsa sensação de segurança para os doentes que os usam”, alerta o médico.

O clínico geral Albanaz explica não há relatos de medicações que podem causar quadros de maior gravidade da Covid-19 até o momento. “Como não temos evidências de medicações com contraindicação absoluta, não podemos afirmar isso”, enfatiza.

Quem tem doenças crônicas deve parar com a medicação de rotina?

Quem apresenta doenças crônicas também costuma ter receios quanto aos remédios de uso contínuo. Carranza afirma que, quando uma pessoa faz uso de vários medicamentos, é necessário acompanhamento médico, mas tranquiliza: “Na maior parte das vezes, não há risco de agravar a infecção pelo Sars-CoV-2. A maioria das pessoas não precisa suspender o uso dos remédios de uso contínuo, mas essa conduta deve ser individualizada para cada pessoa”.

Albanaz também salienta que pacientes com doenças crônicas e hipertensos não devem interromper o uso das medicações quando contraem o coronavírus. “Não há relatos de nenhum desfecho desfavorável durante o uso contínuo na vigência da infecção por Covid-19”, pontua.

Doenças autoimunes

Também não há evidências de que os pacientes que apresentam doenças autoimunes devam parar com o uso das medicações específicas. Segundo Carranza, em geral, a maioria de remédios que esses pacientes usam de forma contínua não prejudica ou piora os quadros da infecção, mas é sempre preferível uma avaliação médica.

“Alguns medicamentos devem ser bem avaliados por um profissional para determinar se o uso deve ser suspenso enquanto duram os sintomas da Covid-19 para serem retomados posteriormente, quando o paciente for considerado curado”, completa.

Via: Metrópoles

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