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Professora dá sapato para aluno e ele doa para mãe não sentir frio

Valéria Juri é professora e notou que um dos alunos dela, Ciro, estava com o sapato muito rasgado. Ela deu um par de calçados de presente para o menino, mas ele resolveu doar para alguém ainda mais especial: a mãe.

Ciro tem 13 anos e como muitos jovens carentes, teve o sapato estragado não tinha condições de comprar um par novo.

Ele passou a ir para a escola descalço. Ao ser abordado pela professora, explicou o motivo. Comovida ela fez o bem para o menino, mas foi surpreendida pela atitude dele.

‘O frio dói’

Valéria é mãe de dois meninos e ensina sexta e sétima série na escola Tierra de Huarpes, em Mendoza, na Argentina.

Ela conta que sempre amou o inverno e lembra que a estação do ano era a preferida até que ela começasse a dar aulas em escolas públicas. Foi quando a professora sentiu que o frio não era agradável para todos.

“Depois percebi que o frio dói, que o verão é o abrigo dos pobres e que todos os anos, antes do início da geada, começamos outro trabalho: o das coleções intermináveis ​​de chinelos, camisolas e casacos”, resume a professora.

A professora contou que sempre nota os pés dos alunos. Foi quando ela percebeu que Ciro estava com sapatos estragados e quis entender o porquê.

“Nós professores sempre olhamos para os pés das nossas crianças e Ciro veio para a sala de aula com os sapatos muito rasgados”, explica.

A professora ouviu do aluno que aquele era o único calçado que ele tinha e que os pais não estavam em condições de comprar novos.

Valéria então foi em uma loja perto da escola, comprou um par de sapatos para o garoto e deu de presente. “Ele estava feliz”, disse a professora.

“No entanto, para minha surpresa, no dia seguinte ele chegou com seus tênis velhos. Perguntei-lhe o que tinha acontecido e ele disse-me que preferia deixá-las com a mãe porque costuma fazer bicos a pé e por isso precisa deles [os sapatos] mais do que ele”, relata emocionada.

Valeria saiu imediatamente para procurar outro par. Dessa vez ela voltou não só com os sapatos, mas com jaquetas e meias.

Mas a professora quis fazer um pouco mais!

Onda de solidariedade

Quando Valéria resolveu publicar a história do aluno nas redes sociais, teve a intenção de provocar uma reflexão entre os amigos e incentivar a doação de itens básicos para pessoas em situação de vulnerabilidade em Mendoza.

Só que em poucas horas a história de Ciro deu origem a uma corrente de solidariedade que conseguiu levar sapatos, roupas e alimento para a família.

“Comecei imediatamente a fazer campanha porque sei que sempre que peço ajuda, recebo e há muitas pessoas solidárias e comprometidas”, diz.

O menino mora com o pai e a madrasta, em uma casa muito humilde. Ele chegou lá depois de ter sido entregue pela mãe biológica, que não podia cuidar do filho devido a problemas com drogas.

“Em casa ele recebe amor, mas a pobreza o atravessa como tantos outros meninos. Posso assegurar-lhe que este é o caso da maioria nesta escola. Trabalhamos sempre procurando ajuda de todos os tipos”, explica a professora.

“Aqui se observam muitas infâncias desfeitas e os pais também são vítimas, porque sofreram ou estão sofrendo situações dolorosas que, obviamente, são transmitidas”, continua.

“Que me disse? Que sua mãe precisava dos sapatos mais do que ele. É simples assim. Essas histórias não acontecem hoje, mas sempre. A fome e o frio nos machucam. Somos professoras e mães”, reforça.

Ela também percebe a falta de afeto de muitas pessoas que lidam com situações similares nas escolas.

“Não é apenas a pobreza, mas, em muitos casos, a falta de amor que muitos sofrem. Ontem dei um abraço em uma mãe e pude ver o quanto ela estava contente e o quanto ela precisava de uma simples demonstração de carinho”, explica.

Valeria também se disponibilizou para receber doações e entregar para a família do garoto. A professora disse que visitou a casa onde Ciro mora e todos passam por muitas dificuldades. “Não há cama para todos”, lamenta a professora.

“Tudo é bem-vindo na escola, onde podemos tornar visíveis as deficiências, e claro também em casa. Acredito que esta história, insisto, é apenas uma entre muitas. Amanhã certamente haverá outro igual ou semelhante e assim por diante. Nós professores temos que observar nossas crianças e nunca olhar para o lado”, reflete.

Do Só Notícia Boa (com informações de Los Andes)

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