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O que leva mentirosos patológicos a mentir? Como identificar e lidar com eles?

Apesar de a definição de “mentiroso patológico” não ser um diagnóstico psiquiátrico formalmente reconhecido, psicólogos e psiquiatras vêm estudando o conceito e os pacientes que apresentam características da condição há décadas — quase séculos, na verdade, desde que Anton Delbrueck, um psiquiatra alemão, cunhou o termo Pseudologia fantastica em 1891, descrevendo pacientes que mentiam muito.

Mitomania e síndrome do mentiroso crônico são outros termos para definir a mesma condição, que, talvez contra-intuitivamente, não é necessariamente presente em pessoas com distúrbios de personalidade, como psicopatas ou pacientes com desordens antissociais. Enquanto estes últimos são tipicamente manipulativos e autocentrados, os mentirosos patológicos geralmente mentem sem razão aparente.

Os mentirosos patológicos não mentem por motivo aparente e suas histórias costumam ser exageradas demais (Imagem: davidpereiras/Envato Elements)
Os mentirosos patológicos não mentem por motivo aparente e suas histórias costumam ser exageradas demais
(Imagem: david pereiras/Envato Elements)

Quais os sintomas?

As mentiras costumam ser especialmente bizarras ou exageradas demais para se acreditar. Alguns psicólogos acreditam que a condição deveria se tornar um diagnóstico psiquiátrico distinto: especificamente, Drew Curtis e Christian Hart, dois americanos que aplicaram um questionário em 623 voluntários, descobrindo que de 8% a 13% deles se encaixavam nos critérios para ser um mentiroso patológico. O estudo foi publicado na revista cientifica Psychiatric Research & Clinical Practice.

Os voluntários com a condição mentiam cerca de 10 vezes por dia, contra uma média de 3 vezes do restante dos pesquisados. Eles também mentiam mais pessoalmente do que por telefone, texto ou e-mail, e com mais frequência para amigos. Eles vinham tendo esse comportamento por 6 meses ou mais, que geralmente havia começado na adolescência.

Segundo os mentirosos patológicos, a condição causava desconforto, em geral, pela falta de razão aparente e porque causava problemas em seus relacionamentos. Eles também relatam sentir que as mentiras pareciam fora de controle e que a ação era tomada, em parte, para reduzir a ansiedade.

Procurar auxiliar o mentiroso patológico a procurar ajuda profissional é o melhor a se fazer, indicam especialistas (Imagem: Freepik)
Procurar auxiliar o mentiroso patológico a procurar ajuda profissional é o melhor a se fazer, indicam especialistas
(Imagem: Freepik)

Isso bate com algumas teorias acadêmicas: elas sugerem que as mentiras são, na verdade, exageros em cima de conquistas, sofrimentos ou conexões sociais passadas. Alguns casos estudados incluem relatos de pessoas cujos amigos teriam enviado ameaças de morte ou se apaixonado por eles, ou cujos pais teriam matado um ao outro, ou até mesmo que tinham filhos inexistentes.

As mentiras desses casos, além de não terem razão para serem elaboradas, prejudicavam as pessoas que as contavam e, principalmente, eram uma forma de apresentar autonomia frente à falta de autoestima, se apresentando como herói ou vítima perante as circunstâncias da vida.

Como lidar com um mentiroso patológico?

Conviver com alguém que mente patologicamente não é fácil, mas especialistas apontam ser importante lembrar as prováveis causas do comportamento. Embora possa ser irritante ou até mesmo prejudicial ouvir mentiras (ainda mais quando são alegações falsas muito sérias), elas vêm de uma insegurança profunda: é melhor procurar ajuda e resistir a confrontações forçadas ou pouco empáticas.

Caso o mentiroso que você conhece seja um ente querido ou pessoa próxima, uma saída é ajudá-lo a encontrar formas mais produtivas de lidar com a baixa autoestima e ansiedade, ou talvez a lidar com um passado difícil. Ainda não há muitas pesquisas sendo feitas para encontrar tratamentos efetivos contra a condição, mas ajudar quem sofre dela a encontrar ajuda profissional no campo da saúde mental pode ser uma boa pedida.

Via CanalTech (Fonte: Psychiatric Research & Clinical Practice)

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