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“O país vai parar novamente”, diz caminhoneiro 4 anos depois da maior greve da categoria

Há quatro anos o Brasil viveu sua maior paralisação de caminhoneiros. As manifestações duraram dez dias e ocorreram devido ao aumento do preço do óleo diesel. Na semana passada, o preço do diesel registrou recorde, com preço médio de R$ 6,94 o litro nos postos de combustíveis, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). É o maior valor em 18 anos.

Em 2018, a alta do combustível estava associada ao aumento do dólar e do petróleo no mercado internacional. Este ano, o cenário econômico se agrava com a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia.

“Presidente [Jair Bolsonaro], nós estamos preocupados com a nossa categoria, com a classe econômica do país, mas desse jeito não dá. Ou o senhor chama a responsabilidade, chama o conselho administrativo da Petrobras, chama o Ministério da Economia, quem o senhor quiser. Porque senão esse país vai parar novamente. A categoria já está parando por não ter condições de rodar. A classe pobre não tem condições de comer, chame a responsabilidade senão esse país vai estar parado e a responsabilidade é sua”, afirma Chorão Caminhoneiro, presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), em vídeo no Facebook.

Em 22 de maio de 2018, a Petrobras anunciou o reajuste de 0,9% no preço da gasolina e de 0,97% no preço do diesel nas refinarias. O litro da gasolina passou a custar R$ 2,06 e o do diesel, R$ 2,37. Mais de 20 estados e o Distrito Federal foram afetados, mesmo após anúncio de redução de 10% do preço do óleo diesel nas refinarias por 15 dias e o congelamento dos preços no mesmo período. As rodovias, o Porto de Santos (SP) e as refinarias foram paralisadas.

As Forças Armadas foram autorizadas a desbloquear as vias para evitar o desabastecimento. O Supremo Tribunal Federal permitiu a aplicação de multas de R$ 10 mil a R$ 100 mil para quem fizesse os bloqueios e para os organizadores das manifestações.

A normalidade só voltou depois que o governo, no final de maio, anunciou a redução de R$ 0,46 no litro do diesel e a isenção da cobrança de pedágio de caminhões vazios em rodovias federais, estaduais e municipais. O governo também determinou uma tabela mínima para os valores dos fretes.

Este mês, a Petrobras reajustou em 8,87% o preço do diesel nas refinarias. O preço médio do combustível para as distribuidoras passou de R$ 4,51 para R$ 4,91 o litro. Em um ano, o diesel subiu 52,53%.

Em 2022, a situação ainda piora com as sucessivas trocas no comando da Petrobras. Em suas declarações, o presidente Jair Bolsonaro insinua que a direção da Petrobras atua de forma que prejudica o governo. Na noite desta segunda-feira (23), o governo anunciou a demissão de José Mauro Coelho do cargo de presidente da estatal. Ele foi o terceiro presidente nomeado no governo Bolsonaro e tomou posse em abril, ficando apenas 40 dias no cargo. Em seu lugar assumiu Caio Paes de Andrade, que atuava no Ministério da Economia.

Em nota de anúncio do novo presidente da Petrobras, o Ministério das Minas e Energia afirma que o Brasil vive “um momento desafiador, decorrente dos efeitos da extrema volatilidade dos hidrocarbonetos nos mercados internacionais”.

“Adicionalmente, diversos fatores geopolíticos conhecidos por todos resultam em impactos não apenas sobre o preço da gasolina e do diesel, mas sobre todos os componentes energéticos. Dessa maneira, para que sejam mantidas as condições necessárias para o crescimento do emprego e renda dos brasileiros, é preciso fortalecer a capacidade de investimento do setor privado como um todo. Trabalhar e contribuir para um cenário equilibrado na área energética é fundamental para a geração de valor da Empresa, gerando benefícios para toda a sociedade. Assim, o Governo Federal decidiu convidar o Sr Caio Mário Paes de Andrade para exercer o Cargo de Presidente da Petrobras”, diz nota do Ministério.

Para o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, a troca não influenciará nos preços dos combustíveis. “Esse é mais um ataque de Bolsonaro à maior empresa do País. Mais um movimento eleitoreiro e desesperado do presidente para tentar se distanciar do preço dos combustíveis”, afirma Bacelar em sua conta no Twitter.

IstoÉ Dinheiro

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