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Elefantas mãe e filha viajam da Argentina a santuário em MT; animais passaram pelo Paraná

A Polícia Rodoviária Federal está fazendo a escolta do caminhão que é acompanhado por carros de apoio

Mãe e filha em sua primeira e talvez única viagem juntas, pegando a estrada por cinco dias de um país para outro. Pelo caminho, paradas programadas para descanso e alimentação, até chegarem ao seu destino final: um lugar tranquilo e rodeado de paredões e cachoeiras chamado Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso.

Essa é a aventura que Pocha e Guillermina, duas elefantas asiáticas que estão desde o último sábado (7) na estrada em caminhão rumo ao SEB (Santuário de Elefantes Brasil), na Chapada dos Guimarães, região metropolitana de Cuiabá.

A previsão é que a chegada ocorrerá nesta quinta-feira (12) por volta das 9 horas (horário local). Ao todo, as duas percorrerão 3.228 km até o destino final.

Pocha com 55 anos e Guillermina, 22, deixaram o Ecoparque de Mendonza, na Argentina, na tarde do dia 7 de maio, em duas caixas adaptadas e especiais para este tipo de transporte.

As caixas climatizadas são monitoradas 24 horas por câmeras que são monitoradas por veterinários e especialistas do santuário. A Polícia Rodoviária Federal está fazendo a escolta do caminhão que é acompanhado por carros de apoio.

Um caminhão de apoio também transporta toda a alimentação e água para as duas elefantas que não foram sedadas para o trajeto.

“Nós estamos oferecendo cana-de-açúcar, feno, capim, galhos, bambus, frutas, verduras, e dependendo da região que a gente está, nós oferecemos algumas folhas de algumas árvores que elas gostam e que nós oferecemos no santuário, como palmeira, entre outras”, diz Daniel Moura, biólogo e diretor do SEB, lembrando que as folhas dessas árvores faz parte da preparação para a nova dieta que terão no novo lar.

Durante o trajeto, várias paradas (que não são divulgadas para a segurança dos animais) são feitas. Daniel explica ainda que nas paradas a equipe também descansam por algumas horas, em locais mais calmos e sem barulho.

“Os animais permanecem nas caixas em um lugar sem luz e barulho para que elas possam tirar pequenos cochilos. Elas dormem de pé, já que elefantes dão pequenos cochilos durante o dia”, afirma.

Segundo o biólogo isso é comum, já que elefantes não gostam de dormir em solos retos, e que eles preferem dormir em lugares inclinados para que eles possam escorar e facilitar ao se levantar. “No Santuário elas poderão descansar e deitar de verdade para descansar de uma maneira que elas nunca puderam fazer na vida delas”.

As elefantas chegaram ao solo brasileiro na madrugada da última segunda-feira (10), passando pela Alfândega da cidade de Foz do Iguaçu. Durante o trajeto os animais também passarão por outras cidades dos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

Lá, mãe e filha vão se juntar a companhia de Maia, Rana, Lady, Mara e a Bambi, elefantas moradoras do Santuário.

Segundo o SEB, não há informações se mãe e filha sofreram maus-tratos em algum momento da vida. Elas foram doadas pelo Ecoparque argentino porque o local não possuía condições adequadas para os animais. Após a doação ser oficializada, obteve-se a licença do governo argentino para a transferência.

Para o biólogo toda transferência de elefantes é emocionante. “A gente deposita mais expectativa, mais energia, mais ansiedade. Sabemos que existem muitos obstáculos a serem superados […] mas a gente tem a expectativa de que vai ser o melhor possível, pensando em tudo que o santuário e sua equipe tem a oferecer”, explica.

Outro fator que torna a viagem emblemática é fato de Guillermina nunca ter saído do seu cativeiro onde nasceu, além de ser o primeiro elefante jovem que chega ao santuário.

Lá, no campo com um verde a perder de vista, com 1.100 hectares e equivalente a sete parques Ibirapuera, as duas poderão conviver juntas. O SEB é o primeiro lugar em toda a América Latina destinado à conservação desses animais.

O local possui área médica, tanques de água e setor de alimentação, as elefantas recebem cuidados diários e têm espaço de 29 hectares para percorrer -apenas as áreas adaptadas são permitidas aos animais, para que possam ter o acompanhamento adequado.

Pocha é descrita como uma mãe “quieta e protetora”, enquanto Guillermina “tem uma “grande personalidade” e age como uma criança mimada, já que por ser jovem não conhece o comportamento apropriado dos elefantes.

Diante deste comportamento, Pocha deixa a filha fazer o que quiser.

De acordo com as informações do Santuário, Pocha nasceu em 1967 na Alemanha e chegou na Argentina um ano depois em 1968. Ela chegou a ter um filhote natimorto em 1988.

Ela tem a pele clara e rosada com pintas pretas, comum com a despigmentação que ocorre nos elefantes asiáticos.

Já Guillermina tem uma aparência jovem com uma estrutura pequena, pele firme e uma pequena barriga. E apesar de ter vivido toda sua vida em um cativeiro, ela demonstra energia para brincar.

Além da chegada de Pocha e Guillermina, o SEB ainda aguarda a autorização da licença para trazer o Tamy, o pai de Guillermina da espécie asiática com 50 anos.

Outra que aguarda “visto” é Kenya, uma elefanta africana de 35 anos. Porém, as licenças necessárias para a transferência de ambos para o Santuário ainda estão em andamento.

Folhapress

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