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Mulher sem parte do cérebro intriga cientistas com habilidades “impossíveis”

Habilidades da mulher, que é pós-graduada e bilingue, contrariam tudo o que os especialistas acreditavam até então

A próxima edição da revista científica Neuropsychologia traz o relato de uma mulher não-identificada que perdeu o lobo temporal esquerdo, parte do cérebro envolvida no processamento da linguagem. A ciência diz que uma paciente assim deveria ter convulsões e dificuldades para se comunicar, mas as habilidades dessa mulher, que é pós-graduada e bilingue, contrariam tudo o que os especialistas acreditavam até então.

O artigo conduzido por neurocientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) buscou trazer algum esclarecimento sobre o desenvolvimento de regiões cerebrais responsáveis por desempenhar um papel no aprendizado e na compreensão da linguagem.

Os pesquisadores usaram ressonância magnética funcional para capturar a atividade cerebral da mulher enquanto ela realizava algumas tarefas, como ler frases. A equipe procurou evidências de atividade de linguagem no lobo frontal esquerdo e então comparou essa atividade cerebral com dados semelhantes de pessoas com lobos temporais esquerdos intactos.

A análise permitiu concluir que o córtex frontal esquerdo é perfeitamente capaz de suportar funções cognitivas de alto nível, e na ausência do lobo temporal esquerdo, a tarefa de processamento da linguagem parece ter simplesmente sido transferida para o hemisfério direito.

Mulher perdeu parte do cérebro envolvida na linguagem (Imagem: Aew/Rawpixel)

O artigo relembra que a maior parte do processamento da linguagem ocorre no hemisfério esquerdo do cérebro, exceto para algumas pessoas, cuja carga é dividida igualmente entre os dois hemisférios. Em situações ainda mais raras, o hemisfério direito assume a maior parte da tarefa. De qualquer forma, o processamento da linguagem ocorre principalmente nas regiões frontal e temporal.

De modo geral, os cientistas ainda não têm muitas informações de como o sistema se desenvolve, já que isso exigiria acesso ao cérebro ainda em desenvolvimento, ou seja, em crianças de um a três anos. Mas no caso da mulher, o grupo de pesquisa encontrou uma oportunidade de entender como o tecido cerebral remanescente reorganizou as tarefas cognitivas.

CanalTech

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