Para que servem as bolas nos fios de alta tensão? VÍDEO
Ao passar por ambientes mais abertos, não é raro encontrar fios de alta tensão que possuem bolas vermelhas ou laranjas ao longo de toda a sua extensão. Mesmo que possam causar bastante curiosidade, esses objetos possuem um objetivo principal que é bem simples: sinalizar que os cabos estão efetivamente ali.
Essa marcação serve para alertar pilotos de aviões, helicópteros ou outros meios de transporte aéreo. Acidentes graves podem acontecer caso esse tipo de veículo fique preso nos fios, pois peças aerodinâmicas importantes sofrem risco de danos. Por isso, a presença das bolas é ainda mais importante em localidades mais próximas de aeroportos ou heliportos.
Além da sinalização que evita tragédias, as bolas também possuem materiais que podem atrair descargas elétricas. Com isso, os raios são desviados dos fios, das antenas e de qualquer outra estrutura mais alta que esteja localizada por perto dos fios de alta tensão.
Quem regulamenta a presença das bolas laranjas?
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão que obriga a instalação das bolas nos fios de alta tensão. A sinalização ainda precisa ter uma cor chamativa e que ofereça contraste em comparação com o verde da vegetação, e por isso ela é composta majoritariamente por esferas nas cores vermelho, laranja e, em alguns casos, amarela.
Mesmo que o nome oficial delas seja “esferas de sinalização diurna”, elas também precisam trazer características que facilitem a visualização durante a noite — quando a iluminação não é abundante, alguns locais ainda possuem sistemas com pequenos cilindros que trazem iluminação de neon.
As bolas ainda precisam ser construídas com materiais que consigam se manter intactos mesmo em condições extremas do tempo, como chuvas fortes, calor e exposição direta à luz do sol por longos períodos. Para isso, elas trazem orifícios para escoamento de água, peças anticorrosivas, tinta resistente a raios ultravioletas e revestimento em fibra de vidro.
Com isso, as bolas laranjas costumam ter cerca de 60 centímetros de diâmetro e 5 quilos de peso — dimensões que podem parecer grandes quando se visualiza as esferas apenas ao nível do solo. Todos os aspectos técnicos são definidos e avaliados pela ABNT.
Como essas bolas são instaladas?
Existem duas situações que podem exigir a intervenção de técnicos nas bolas laranjas. Quando uma nova rede elétrica é instalada, os cabos ainda não estão energizados e por isso é possível utilizá-los como um suporte, em que um profissional especializado desliza pelos fios com a esfera nas mãos.
Porém, dependendo do caso, uma manutenção pode acontecer enquanto os cabos já estão com passagem de energia, e por isso causam riscos bastante altos para quem é responsável pela assistência. Nesse caso, o trabalho em linha viva pode ser realizado com o auxílio de helicópteros e vários equipamentos de proteção individual, como é visto no vídeo abaixo:
Essa sinalização é presente em outros países?
A utilização de bolas coloridas com o objetivo de alertar para a presença de fios não é exclusividade do Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, a instalação dessas esferas é regulamentada pela Federal Aviation Administration, com regras que permitem a pintura das esferas nas cores laranja, vermelho, amarelo e branco.
O órgão ainda determina que a sinalização tenha pelo menos 36 polegadas (cerca de 0,9 metro em conversão direta) de diâmetro em áreas próximas de cânions, lagos ou rios. Elas podem ter 20 polegadas (0,5 metro) quando posicionadas a menos de 50 pés (15 metros) acima do nível do solo, e 1.500 pés (457 metros) do fim de uma pista de aeroporto. Além disso, quando estão próximas de locais de decolagem e aterrissagem, elas precisam ficar com um espaçamento máximo de 50 pés (15 metros), enquanto em outros locais a legislação permite uma distância de 200 pés (60 metros) entre cada esfera.
Bolas laranjas evitam acidentes
As bolas laranjas servem como sinais de trânsito para o transporte aéreo, e, portanto, a falta dessas esferas pode causar acidentes sérios. Vários casos de aviões que precisaram fazer pousos forçados ou até mesmo caíram são relacionados com fios de alta tensão que não foram devidamente equipados com a comunicação visual correta.
A queda do avião que vitimou a cantora sertaneja Marília Mendonça, por exemplo, pode ter sido causada por conta da má sinalização dos fios de alta tensão que estavam próximos ao aeroporto em que o jato pousaria.
Mesmo que as investigações relacionadas à tragédia não tenham sido encerradas até o momento, já foi aprovado o projeto de Lei Marília Mendonça, que aumenta a rigidez em relação à instalação de alertas na infraestrutura de rede elétrica. Entre as medidas previstas pela legislação está a pintura de torres em cores chamativas, e a colocação de bolas sinalizadoras com uma distância menor entre cada uma, em especial nos locais que são próximos a aeroportos.