Equipes vão avaliar o que dá para salvar do navio que queimou com 1100 Porsches e outros carrões
O incêndio que atingiu um navio carregado de supercarros no oceano Atlântico, próximo do arquipélago dos Açores (Portugal), na última quinta-feira (17), está recuando. Desta forma, agora é possível, de acordo com informações da Marinha portuguesa, para a empresa responsável pelo resgate do Felicity Ace salvar os automóveis e impedir que ele se desloque mais ainda no mar.
“Já não há foco de incêndio visível nem fumaça”, disse João Mendes Cabeças, capitão do porto da Horta, na ilha açoriana de Faial, ao Wall Street Journal.
Cabeças afirmou também que dois rebocadores com equipamento de combate a incêndio já conseguiram descer mangueiras no casco da embarcação e arrefecer o fogo. Assim que a situação estiver controlada, a Smit Salvage, empresa holandesa contratada para resgatar o navio, poderá entrar em ação para salvar a embarcação e impedir que ela afunde com os supercarros.
As causas do incêndio ainda são desconhecidas. Especula-se, ao mesmo tempo, que a queima tenha a ver com as baterias de lítio alojadas nos carros elétricos. De acordo com depoimento de uma pessoa envolvida no resgate da embarcação ao Wall Street Journal, “parte do incêndio são as baterias [nos veículos elétricos a bordo] que ainda estão queimando”.
Além disso, segundo a publicação, oficiais da Marinha portuguesa e trabalhadores de salvamento tiveram acesso ao manifesto de carga em que puderam constatar que a maioria dos carros são movidos a bateria. Isso explicaria o porquê do incêndio ter continuado ao longo do fim de semana — embora os carros a gasolina tenham mais chances de pegar fogo, as baterias de íon-lítio podem queimar por horas e são mais difíceis de serem resfriadas. De qualquer forma, a Porsche, principal montadora prejudicada pelo incêndio, acredita que ainda é muito cedo para especular sobre a causa do incidente.
Prejuízo no navio dos Porsches pode chegar a R$ 2,5 bilhões
Operado por uma empresa japonesa, o navio Felicity Ace levava em torno de 4 mil automóveis de luxo, entre eles Porsches — especialmente Taycans —, Bentleys, Audis e Lamborghinis. A embarcação partiu de Emden, na Alemanha, no dia 10 de fevereiro e estava programada para chegar a Davisville, em Rhode Island (EUA), na quarta-feira.
No incêndio, todos os 22 membros da tripulação foram resgatados no mesmo dia e estão fora de perigo. Por conta de seus 200 metros de comprimento, o navio com os supercarros deve também ser rebocado de volta para a Europa ou as Bahamas, segundo a Marinha portuguesa.
Especialistas do setor e analistas de empresas já começam a estimar os prejuízos do caso. Segundo a Skytek, as perdas devem chegar a cerca de 441 milhões de euros (em torno de R$ 2,5 bilhões). Já o grupo Russell avalia um baque menor de 136,8 milhões de euros (R$ 776,4 milhões), mas ainda assim bastante significativo.
“Esses números mostraram, mais uma vez, a precariedade da cadeia de suprimentos global”, disse Suki Basi, diretor administrativo do Russell Group, em comunicado. “O incidente ocorre em um momento ruim para as montadoras que estão no meio de uma crise de fornecimento de semicondutores, resultando em novos atrasos para carros novos.”