Gripe H3N2 tem os mesmos sintomas da Covid, com febre mais alta e calafrios
Com sintomas parecidos com os da Covid-19, a gripe causada pela nova cepa Darwin (H3N2) já atingiu diversos estados brasileiros e registrou as primeiras mortes no Paraná, Rio de Janeiro, Bahia, Alagoas e em Pernambuco. “Essa doença pode ser muito grave, principalmente em idosos, crianças e em pessoas com comorbidades, então é preciso atenção”, orienta a médica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Raquel Stucchi.
Professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela explica que o H3N2 é um subtipo do vírus Influenza A que inicia, de maneira geral, com quadro súbito de mal-estar, além de cansaço extremo e febre alta.
“A diferença em relação à Covid é que essa gripe costuma causar febre mais intensa e com calafrios”, afirma a especialista, ao alertar que a nova cepa pode desencadear síndrome respiratória aguda grave e colocar em risco pacientes com alterações metabólicas, cardiopatias, câncer e obesidade.
Além disso, dados do último Boletim InfoGripe conduzido pela Fiocruz na primeira semana de dezembro mostram que a incidência do vírus Influenza foi maior entre crianças de 0 a 9 anos. Já “nas faixas etárias entre 30 e 59 anos o crescimento é relativamente leve, porém consistente, reforçando a necessidade de cuidados”, destaca o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.
Medidas de prevenção
Segundo ele, o aumento no número de casos ainda é lento, mas é necessário manter as medidas de prevenção da transmissão de vírus respiratórios, “especialmente em relação aos eventos de final de ano para evitar agravamento do cenário epidemiológico”, ressalta.
Para isso, a infectologista Raquel Stucchi incentiva a população a manter os mesmos cuidados que tem contra a Covid-19, como uso correto das máscaras – cobrindo nariz e boca – sempre que sair de casa, e a higienização frequente das mãos. “E devemos continuar evitando aglomerações e preferindo ambientes abertos e bem ventilados”, aconselha a especialista, ao orientar ainda vacinação contra gripe no ano que vem.
Vacinação controversa
De acordo com ela, há médicos que incentivam pessoas que não se vacinaram contra H1N1 durante o primeiro semestre deste ano a buscarem uma unidade de saúde atualmente para isso. “Só que esse ainda é um tema controverso”, diz, ao explicar que a proteção cruzada para a cepa denominada Darwin é praticamente inexistente, já que a vacina não foi feita para essa variante. Sem contar “que o indivíduo que se vacinar contra gripe agora pode diminuir a proteção que receberá em março de 2022”.
Então, neste momento, Raquel afirma que a proteção deve ser realizada com medidas não farmacológicas e, em caso de sintomas respiratórios, o paciente precisa se isolar e procurar atendimento presencial para realizar o teste que confirma se está com gripe ou Covid. Caso seja confirmado o diagnóstico da nova gripe, é possível tratar a doença com um medicamento antiviral disponível na saúde pública.