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Mistura de água sanitária e álcool gel não mata coronavírus. Veja os riscos ao limpar a casa

Álcool em gel e água sanitária. Protagonistas desde que a pandemia do novo coronavírus atingiu o país, os produtos têm sua eficiência mais do que comprovada pelos especialistas para eliminar o vírus das superfícies e combater o contágio. O alerta, no entanto, fica para o perigo de se misturar os produtos na crença de que, juntos, eles potencializariam a limpeza e deixariam o local ainda mais higienizado.

Ao contrário disso, o professor do Departamento de Química da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), Fernando Molin, explica que a mistura faz com que os produtos percam sua capacidade de matar o coronavírus e outros vírus, além de resultar em compostos nocivos à saúde.

“A mistura dos dois destrói tanto o hipoclorito da água sanitária quanto o álcool do álcool em gel [ambas substâncias capazes de eliminar o vírus]. O hipoclorito da água sanitária é um agente oxidante e ele pode oxidar o álcool formando outro composto, o acetaldeído, que não mata o coronavírus”, explica. “E o acetaldeído é um composto tóxico, que pode causar irritação e queimadura”, completa o professor.

Outros produtos decorrentes da mistura são o clorofórmio e o ácido muriático, como acrescentam as personal organizers da Benfatto Organiza — Irene Loureiro, Cristiane Rebello e Marcelle Loureiro, que podem causar problemas em diversos órgãos, como pulmões, fígado, rins, pele e olhos.

Veja outras misturas que não devem ser realizadas e os problemas que elas podem causar à sua saúde.

Água sanitária com amoníaco
Essa é uma das misturas que mais podem agredir o sistema respiratório. Além disso, o amoníaco em grandes quantidades é potencialmente explosivo e tóxico.

Água sanitária com vinagre
Ao unir água sanitária com ácidos, como o vinagre, você pode produzir vapores tóxicos, como o gás cloro. “Este gás é bastante irritante e tóxico”, lembra Molin. Com isso, seus pulmões e olhos correm o risco de sofrerem queimaduras e terem outros problemas sérios.

Água sanitária com outros produtos de limpeza
Você já deve ter notado que a água sanitária é um dos produtos de limpeza que não deve ser misturado com outras substâncias, e isto também é válido para misturas dela com desinfetantes e limpadores multiuso à base de amoníaco. “Essa mistura pode formar compostos como as tricloraminas, que podem causar queimaduras nas mucosas e no trato respiratório, inclusive asfixia”, alerta o professor de Química.

Água sanitária com água oxigenada
Ambos os produtos são agentes oxidantes, como explica o professor Molin. A mistura deles cria uma diversidade de compostos tóxicos que são bastante prejudiciais à saúde.

Bicarbonato de sódio com vinagre
O bicarbonato é alcalino, ou seja, uma substância básica. Já o vinagre é um ácido. O resultado da união dos dois leva à produção de água com acetato de sódio. Sendo assim, todas as propriedades de limpeza que os produtos tinham antes, se perdem. Mas esse não é o único motivo que você tem para não combiná-los. Quando usados juntos, em um local fechado, esse dois compostos podem causar até mesmo uma explosão.

Vinagre com água oxigenada
Não é só com a água sanitária e com o bicarbonato de sódio que o vinagre não pode ser misturado. Quando usado juntamente com a água oxigenada, ambos criam um ácido paracético. Essa substância, quando presente em altas concentrações, pode não só irritar, mas também machucar a garganta, os olhos, a pele, o nariz e os pulmões.

“Os produtos de limpeza são produzidos com base em sua formulação própria, e eles já são agentes desinfetantes por si só, ou seja, devem ser usados separadamente”, resume Molin. “A água sanitária é suficientemente forte para matar o coronavírus e todos os demais vírus que têm essa camada lipoproteica. Então, a diluição correta da água sanitária, de 250 ml para cada 1 litro de água potável, já resulta em uma solução que pode ser utilizada para limpar as superfícies. É uma mistura mais prática, mais barata e mais segura para todos”, acrescenta o professor.

Dicas extras

  • Siga as normas de segurança presentes nas embalagens;
  • Mantenha os produtos de limpeza fora do alcance de crianças e animais domésticos.
  • Sempre armazene seus produtos em recipientes originais, com seus respectivos rótulos.
  • Nunca misture produtos de limpeza de diferentes marcas, mesmo que eles sejam do mesmo tipo ou tenham o mesmo princípio ativo.
  • “Quando você mistura produtos do mesmo tipo você perde o lote e a rastreabilidade deles. Se alguém depois usar aquele produto que foi misturado e ele causar irritação, alergia ou se houver algum contaminante tóxico, por exemplo, não será possível saber de qual lote, de qual empresa é o produto que causou aquele problema. O ideal é que eles não sejam misturados”, completa o professor Molin.

Fonte: Tribuna do Paraná

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