Kallynca Carvalho dos Santos está organizando festa à fantasia com cobrança de ingresso para arcar com prejuízo
Depois do fim de um relacionamento de 13 anos, a servidora pública Kallynca Carvalho dos Santos se deparou com um problema: a festa de casamento que estava marcada. Com contratos assinados com empresas de eventos, ela resolveu fazer uma festa de “descasamento” para fugir das multas de rescisão.
Moradora de Curitiba, a jovem de 29 anos disse até ter tentado cancelar os serviços contratados, mas que o valor das multas a fizeram mudar de ideia. Com isso, ela resolveu fazer uma festa à fantasia, com convites à venda por R$ 200.
Ela preferiu não revelar qual seria o prejuízo total. Mas contou ao g1 que, pelo contrato, teria que pagar multa de 40% sobre o valor total, além de arcar com “despesas, honorários de profissionais, taxas de administração, lucros cessantes, perdas e danos, custos e gastos já firmados” para a execução dos serviços contratados.
O noivado terminou sete meses antes da data marcada para o casamento, previsto para 21 de maio. Ao todo, 200 pessoas estavam convidadas para a festa, que seria em um salão de festas que simula um castelo, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba.
Após dois anos de restrições causadas pela pandemia, o setor de eventos vive um período de retomada e planeja voltar – ou superar – nos próximos meses os patamares de antes da crise sanitária (leia mais abaixo).
O sonho de casamento
Kallynca contou que, desde pequena, sonha com o próprio casamento, com esse dia tão especial. A reserva do castelo foi uma surpresa feita a ela pela mãe e pelo avô.
“Meu avô me criou, e ele e minha mãe queriam fazer para mim um dia de princesa. Minha mãe me falou que os dois tinham dado um jeito para realizar meu sonho. Logo depois, meu avô faleceu. Então, não tive como compartilhar essa alegria com ele”, contou.
A servidora pública começou a planejar os outros detalhes da cerimônia. Mas, com o passar do tempo, algumas dúvidas sobre o relacionamento surgiram. A jovem não chegou a provar o vestido de noiva.
“Foi um momento em que nós dois crescemos juntos. Foi um término tranquilo, concordamos que não estávamos mais funcionando como um casal. No momento não é fácil, mas chegamos juntos em um consenso”, contou.
O quase cancelamento
Depois do término, Kallynca começou a cancelar tudo que estava marcado. A surpresa veio quando ela foi informada do valor da multa do local onde a festa seria feita.
Ao saber dos valores, a mãe da jovem sugeriu manter o evento. As duas, então, resolveram fazer uma festa à fantasia.
A festa terá o jantar, bebidas, além de uma refeição da madrugada. Cada convite custa R$ 200.
Até agora, dos 200 convites disponíveis, 50 foram vendidos. Kallynca contou que foi um desafio organizar tudo, uma vez que a produção do evento ficou em cima da hora.
“Eu também precisei definir o valor do convite. Não foi a parte do dinheiro em si, mas fiquei pensando que eu deixaria em aberto algo que meu avô deixou para mim. Não acho justo eles tentarem realizar um sonho meu e eu ter desistido”, contou.
Mesmo com todo o trabalho, ela acredita que a realização da festa se tornou um marco para a vida dela.
“A partir do momento que eu tive essa decisão, foi engraçado como mudou muita coisa na minha vida, no sentido de eu sempre fazer tudo me preocupando com o que iam achar. Quando eu fui mandando meu textinho de descasamento, foi muito engraçado como eu comecei a conhecer história de outras mulheres. Que seja um momento de reviravolta. Temos que aproveitar”, disse.
Setor de eventos
A Associação Brasileira de Promotores de Evento (Abrape) disse esperar que, nos próximos meses, os números do setor de eventos, de cultura e entretenimento retornem ao patamar anterior à pandemia.
Nos últimos dois anos, a organização calcula que 98% dos eventos do país tenham sido impactados pela pandemia.
Para que haja recuperação, projeta a Abrape, o setor precisa movimentar cerca de R$ 355 bilhões até 2023.
Segundo a associação, o setor de eventos é responsável por 4,3% do PIB nacional, movimentando mais de R$ 270 bilhões, por ano.
Do G1/PR