Em escolas de samba, na avenida ou em bloquinhos nas ruas, relacionamentos começam em meio ao Carnaval
Era Carnaval de 1985 quando Sandra Meneses, a Biluca, conheceu Marcos Militão, vulgo Paco, que se tornaria um parceiro de vida. Em 2025, o casal comemora 40 anos do amor que surgiu na folia.
Assim como eles, outros cônjuges se orgulham de relações que começaram em meio à festividade em São Paulo, seja em escolas de samba, na avenida ou em bloquinhos nas ruas. O Metrópoles reuniu histórias de celebração.

Sandra, de 59 anos, é professora de educação física. Marcos Militão, de 58 anos, é paisagista. Biluca e Paco, como são conhecidos, nasceram no bairro Vila Esperança, o qual descrevem como um reduto do Carnaval paulistano.
“Nós crescemos com o Carnaval presente na nossa vida, com desfiles, bloquinhos, bailes de salão, marchinhas. No ano de 1985, naquele Carnaval, fomos apresentados por uma amiga em comum, e a escola de samba de São Paulo que ganhasse iria desfilar na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. Por obra do destino, a Nenê de Vila Matilde ganhou”, relembra Sandra.
Paco a convidou para embarcar na aventura. Foram de carro com alguns amigos. “No caminho, na Via Dutra mesmo, pintou um clima e demos o nosso primeiro beijo. Fiquei encantada com os carros alegóricos, as fantasias. Desfilamos arrastando aquela avenida, com samba no pé.”
De volta a São Paulo, os recém-apaixonados descobriram que moravam em ruas paralelas, em casas a menos de 200 metros de distância. A partir do primeiro encontro de Carnaval, vieram outros. Casaram em 1988, tiveram duas filhas. Atualmente, dividem a folia até com os dois netos, de 6 e 14 anos.
“O Carnaval para a gente é sempre uma data muito alegre, festiva. A família toda gosta. Neste ano, para comemorar os 40 anos, vamos desfilar na Nenê de Vila Matilde, onde tudo começou. Vai ser muito bonito e alegre, como sempre foram todos os nossos Carnavais”, celebra Sandra.
Paco completa: “Como dizia Adoniran Barbosa: ‘Vila Esperança, foi lá que eu conheci o meu primeiro amor’. Foi assim que se eternizou a nossa história.”
Fantasias na folia
A atriz e cineasta Juliana Mesquita nasceu em Londrina, no Paraná, no mesmo ano que nasceu o palhaço e empreendedor Cafi Otta, em Barbacena, no interior de Minas Gerais. Mas foi no Carnaval de São Paulo, em 2017, que eles se conheceram.
“Foi no Bloco Nóis Trupica Mas Não Cai. Eu estava vestida de noiva em fuga. E ele de uma palhaça muito querida, amiga nossa, a Rubra”, conta. “A gente se viu e já logo se aproximou, daí a gente se beijou. Eu estava fugindo de relacionamento e ele estava procurando uma namorada. Como podemos perceber, ele conseguiu (risos)”, descreve Juliana.
Coincidentemente, a filha de Juliana e o filho de Cafi estudavam na mesma escola. Por ser palhaço, ele já tinha feito inclusive uma apresentação no colégio das crianças. Além disso, uma ex dele era produtora da peça em que Juliana trabalhava na época.
Para além das coincidências, o romance engatou despretensiosamente e até deu em casamento, em 2018. Atualmente, ambos aos 46 anos, Juliana e Cafi vão passar o Carnaval de 2025 em Olinda, Pernambuco.
“A gente ama muito Carnaval, só juntamos e continuamos juntos nesse amor. Esperamos ficar juntos para sempre”, Para este ano, o casal já preparou várias fantasias: supergêmeos; Sheetara e Lion; She-Ra e He-Man; Paquito e Paquita; e Piranha e Boi(y) de Piranha; entre outras.
Para quem quer encontrar um amor no Carnaval, Juliana sugere: “O segredo é não procurar, mas estar atento para não perder caso encontre”.
Encontro (e reencontro) em escola de samba
A gestora financeira Glauce Maria Ferreira, de 52 anos, conheceu o marido, o advogado David Martins, de 66, há 28 anos. Os paulistas se viram pela primeira vez na quadra da Nenê de Vila Matilde durante os ensaios de Carnaval de 1997: ele tocava na bateria e ela desfilava em ala.
No entanto, o relacionamento não ocorreu imediatamente. “Ele me achava novinha…. sempre só no oi e tchau. Quando fui tocar na bateria, ficamos relativamente próximos, nada muito intenso. David saiu da escola em 2011 e eu permaneci”, relata Glauce.
“Depois de bastante tempo, ele voltou a tocar na bateria da Nenê de Vila Matilde e eu estava fora, por problemas de saúde. Logo após a pandemia, fui participar da Batucada de Nego Véio e o David estava lá. Aí, sim, estreitamos amizade, até que ele me convidou para tomar um café e eu aceitei”, detalha.
Em 2021, Glauce e David começaram a namorar. Três meses depois, foram morar juntos. Casaram em fevereiro de 2024.
“Se não fosse o Carnaval, não sei se estaríamos juntos hoje. Amamos o Carnaval. Além de desfilarmos na bateria até hoje, mesmo os dois sendo mais velhos que o restante da rapaziada, ainda vivemos o Carnaval intensamente. Ouvimos samba enredo sempre, assistimos a desfiles antigos e vamos assistir nas arquibancadas”, alegra-se Glauce.
Neste ano, o Carnaval do casal já começou, com programação no Distrito Anhembi e na Vila Esperança. Em 2 de março, eles vão desfilar com a Nenê de Vila Matilde, como no começo da relação. “Também vamos ver os desfiles na arquibancada nos outros dias de Carnaval.”