O início do relacionamento foi nos anos 1970, quando o casal tinha apenas 20 anos
Meio século de espera e um reencontro que nem o tempo nem a distância foram capazes de apagar. Essa é a história de Marlene Brutcho e José Silvio, que se casaram no último fim de semana em Umuarama, noroeste do Paraná (PR).
O início do relacionamento foi nos anos 1970, quando o casal tinha apenas 20 anos. Ambos com nanismo, Marlene e Silvio se conheceram e namoraram por cartas.
Eu conheci o Silvio por meio de uma professora minha. Eu morava em Pérola e ele em Foz do Iguaçu. Em um curso, ela o conheceu e pediu que ele me escrevesse uma carta.
De acordo com Silvio, a professora buscava ajudar Marlene a superar as dificuldades.
A Marlene era muito tímida, tinha muita vergonha. Então essa professora viu nessa carta a oportunidade de mostrar para ela que havia outras pessoas como nós.
Hoje servidora da Receita Federal, Marlene relata como era ser uma pessoa com deficiência naquela época.
Tudo era muito difícil. As pessoas olhavam, às vezes faziam chacota. Até para arrumar trabalho foi complicado. Apesar de ser apta para os cargos que eu me candidatava, acabavam não me contratando por eu ser ‘pequenininha’.
O rompimento
Marlene e Silvio chegaram a pensar em casamento. No entanto, o preconceito fez com que o casal se separasse. “Eu era uma menina muito tímida, ligava muito para o que as pessoas falavam. E, infelizmente, dei ouvidos a isso. Eu já tinha o enxoval feito para nosso casamento, mas parei de responder às cartas e terminamos”, conta.
“Foi muito difícil, mas eu entendi a decisão dela. Eu respeitei, mas nunca deixei de pensar nela, de me perguntar onde ela estaria e se um dia eu conseguiria encontrá-la”, lamenta Silvio.
O reencontro
Apesar dos caminhos distintos, o amor nunca deixou de existir. Por mais de meio século, Marlene e Silvio se procuraram até que o destino os colocou frente a frente no ano passado. “Durante todos esses anos, eu tentei encontrá-lo, mas não consegui. Mas, no ano passado, eu o achei em uma busca pelo Facebook”, explica Marlene.
“Ela me mandou: ‘Onde você está? Faz 50 anos que estou te procurando”, diz Silvio emocionado. O casal começou a se falar todos os dias por chamada de vídeo. “Foi como se o tempo não tivesse passado, e eu tive certeza de que agora poderíamos viver essa história”, conta Marlene.
História de filme
Do reencontro até o casamento, poucos meses se passaram. Marlene foi até o Pará para conhecer a família de Silvio, e os dois voltaram noivos para Umuarama. Marlene procurou a ajuda de Patrícia Gonçalves, da Lumiere Assessoria para organizar o casamento.
Após alguns meses cuidando dos preparativos, ela sentiu a necessidade de contar a história do casal. “Eu queria gravar um vídeo simples, com o celular mesmo, que servisse de inspiração para outras pessoas. Mas a história foi ganhando força e acabamos gravando um documentário de três episódios”, relata Patrícia.
A produção, compartilhada nas redes sociais, conta a história do casal e termina com o esperado “sim”, em uma cerimônia reservada na Catedral do Divino Espírito Santo.
O CASAMENTO
A cerimônia emocionou a todos, inclusive quem acompanhava apenas as postagens da assessora pelas redes sociais. Emocionado, o casal garante que o “sim” é apenas o começo. “Nós já temos mais de 70 anos, mas é como se estivéssemos começando agora. Espero que tudo isso que aconteceu sirva de inspiração. Vale a pena acreditar e lutar pelo amor em qualquer fase da vida”, finaliza Silvio.
Os episódios do documentário podem ser vistos nas redes sociais da Lumiere Assessoria pelo perfil @lumiereassessoria. Para ver o primeiro episódio clique aqui e para assistir ao segundo episódio clique aqui.
GMC Online (com OBemDito)
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