Mentiras a respeito da urna eletrônica são comuns na Internet, mas você consegue reconhecer todas? A seguir, veja mitos e verdades sobre o dispositivo usado nas eleições
A urna eletrônica foi utilizada neste domingo (6) para que milhões de brasileiros definam os vereadores e prefeitos dos próximos quatro anos em suas respectivas cidades. Apesar de o voto eletrônico ter sido implantado no país há quase 20 anos, muitos boatos e dúvidas ainda envolvem o funcionamento do aparelho. Acredita-se, por exemplo, no mito de que apenas Brasil, Cuba e Venezuela definem suas eleições eletronicamente, quando, na verdade, 34% dos países do mundo utilizam ou estudam a implantação do método.
Ainda que o Brasil seja referência mundial em eleições informatizadas, muitos eleitores são atingidos por informações falsas sobre a urna eletrônica. Pensando nisso, o TechTudo preparou uma lista contendo sete mitos e verdades sobre a máquina das Eleições 2024.
1. Somente Brasil, Cuba e Venezuela usam urnas eletrônicas (mito)
O mito de que apenas Brasil, Cuba e Venezuela utilizam urnas eletrônicas é relativamente comum nas redes sociais, mas é falso. Embora o nosso país seja um dos pioneiros no uso massivo do aparelho nas eleições nacionais, muitas outras regiões também adotam tecnologias semelhantes. Um estudo atualizado, realizado pela Internacional IDEA, confirma que 34% dos países do mundo utilizam ou estudam a implantação total, ou parcial, de métodos eletrônicos. Dentre eles, estão Estados Unidos, Canadá, França, Rússia, Panamá, Peru, Austrália, Índia e mais.
Inclusive, a lista completa de países que usam urnas eletrônicas sem a impressão imediata do voto é Bangladesh, Butão, Brasil, França, Namíbia e Estados Unidos, em alguns estados. O mito de que, além do Brasil, apenas Cuba e Venezuela adotam urnas eletrônicas pode surgir de desinformação ou do uso político do tema para sugerir fraudes.
2. Os votos das urnas eletrônicas não são auditáveis (mito)
As urnas eletrônicas no Brasil são auditáveis. Na realidade, o sistema eleitoral brasileiro permite auditorias em diversas etapas do processo. Embora os aparelhos não imprimam o voto de cada eleitor (como defendem algumas propostas de “voto impresso”), o sistema é projetado para garantir segurança e transparência por meio de mecanismos robustos de averiguação.
Antes das eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) realiza testes públicos de segurança, nos quais especialistas tentam identificar vulnerabilidades nas urnas. Além disso, existem outras etapas visando a lisura e segurança do processo eleitoral eletrônico. Dentre elas estão: auditoria pré e pós-eleição, lacração dos sistemas, identificação biométrica do eleitor e registro digital do voto (RDV).
3. É fácil hackear a urna eletrônica (mito)
A afirmação de que é fácil hackear a urna eletrônica brasileira é falsa e não leva em conta os complexos mecanismos de segurança implementados no sistema eleitoral. Como dito anteriormente, o processo de votação no Brasil utiliza um sistema de urnas eletrônicas projetado com múltiplas camadas de proteção para garantir a integridade e segurança dos votos.
Em primeiro lugar, é importante saber que as urnas eletrônicas não são conectadas à internet. Dessa forma, não é possível que o aparelho seja invadido remotamente por nenhum hacker — por mais habilidoso que ele seja. Outro elemento importante é que todos os códigos-fontes utilizados no processo são desenvolvidos totalmente pelo TSE para cada eleição.
4. A eleição é anulada se metade dos eleitores votarem (mito)
A ideia de que uma eleição pode ser anulada se a metade dos eleitores votarem nulo é bastante difundida. Contudo, no sistema eleitoral brasileiro, esses votos simplesmente são descartados no momento da contagem, sem qualquer impacto sobre o resultado final. Segundo a legislação brasileira, os cargos em disputa serão preenchidos apenas com base nos votos válidos — aqueles dados de candidatos ou partidos.
A confusão pode surgir do fato de que, segundo o Código Eleitoral, uma eleição pode ser anulada em situações específicas, como fraude comprovada ou irregularidades que comprometam a lisura do pleito. No entanto, isso nada tem a ver com a quantidade de votos nulos.
5. A urna eletrônica é a mesma desde 1996 (mito)
A afirmação de que a urna eletrônica brasileira é a mesma desde 1996 é fake news. De fato, o aparelho começou a ser utilizado nesse ano, mas o sistema passou por várias atualizações tecnológicas ao longo do tempo. Esses dispositivos eleitorais estão em constante evolução, tanto em termos de hardware quanto de software, principalmente para incorporar novas recursos de segurança.
Desde sua introdução, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem investido em melhorias contínuas, como o uso de criptografia mais avançado, novos dispositivos de segurança e processos de auditoria mais rigorosos. Além disso, as urnas mais modernas passaram a contar com mecanismos como o registro digital do voto (RDV), que permite o armazenamento seguro de cada voto de forma auditável.
Para a eleição de 2024, o TSE está estreando um modelo desenvolvido em 2022. Segundo o órgão, o chip da nova urna eletrônica é 18 vezes mais rápido do que o instalado nas urnas de 2015. O perímetro criptográfico também foi atualizado, o que garante uma maior segurança e integridade dos dados.
6. Impressão do voto tornaria o processo mais seguro (mito)
A impressão do voto, proposta como uma forma de auditoria, é vista por muitos como uma maneira de aumentar a transparência. Porém, na realidade, pode trazer mais riscos e complicações do que benefícios para a segurança do processo. O sistema de urnas eletrônicas no Brasil já conta com diversos mecanismos de segurança que garantem a integridade das eleições. Por exemplo, o registro digital de voto (RDV) é um mecanismo utilizado para gravar dados internamente no aparelho, de forma que, mediante a solicitação, é possível realizar uma recontagem de votos.
Além disso, a impressão do voto não eliminaria o uso da tecnologia eletrônica, mas apenas exigiria uma etapa física ao processo, que poderia ser manipulada ou sujeita a erros. Problemas como “atolamento” de papel, divergências entre o voto eletrônico e o impresso, ou tentativas de interferência no transporte e contagem poderiam reduzir a segurança e a confiança no processo eleitoral.
7. O Brasil é referência em eleições informatizadas (verdade)
O Brasil é reconhecido internacionalmente como uma referência em eleições informatizadas, sendo um dos primeiros países a adotar o uso de urnas eletrônicas em larga escala. De acordo com informações do TSE, mais de 70 delegações mundiais já foram recebidas pelo órgão, a fim de conhecer a solução informatizada e o processo eleitoral brasileiro.
Inclusive, instituições internacionais como a Harvard University, dos Estados Unidos, e University of Sydney, da Austrália, já elaboraram, inclusive, um estudo denominado The Electoral Integrity Project (Projeto de Integridade Eleitoral). A pesquisa observou a confiabilidade do processo em mais de 150 países ao redor do mundo, e destacou o Brasil com o mais alto nível no quesito integridade eleitoral — superior a países como o Japão e Estados Unidos.