Ações foram tema de um evento em Curitiba que reuniu a comunidade escolar da rede estadual de ensino, agentes de turismo e da cultura. Mais de 1,3 mil pessoas participaram. Rota de mais de 3 mil anos, que atravessa o Paraná e vai até o Peru, é considerada patrimônio histórico, natural e cultural do Estado.
A comunidade escolar da rede estadual de ensino e agentes de turismo e da cultura participaram nesta terça-feira (03), em Curitiba, de um evento realizado pelo Governo do Estado para promover os Caminhos do Peabiru, uma rota histórica de mais de 3 mil anos que atravessa o Paraná e vai até o Peru, conectando o Oceano Atlântico ao Pacífico. Realizado no Teatro Guaíra, o evento “Caminhos do Peabiru – Aprender, Conhecer e Ensinar” contou com a participação de aproximadamente 1,3 mil pessoas, entre diretores e professores de escolas, autoridades e especialistas.
A iniciativa teve como principal objetivo o engajamento na valorização dessa rota histórica. Os participantes puderam aprender mais sobre sua importância para a formação do Estado e as possibilidades de desenvolvimento econômico por meio do turismo cultural. O conteúdo passará a ser aplicado em sala de aula.
Os Caminhos do Peabiru são uma rede de trilhas que, somente no Paraná, totalizam 2,2 mil quilômetros e compreendem mais de 700 sítios arqueológicos. A rota, que no Estado vai de Paranaguá a Foz do Iguaçu, foi usada por diferentes povos indígenas, como os Guarani, Kaingang e Xetá, e posteriormente por exploradores europeus, jesuítas e incas. Os caminhos serviam tanto para o comércio e comunicação entre aldeias quanto para fins religiosos, traçando o percurso do sol e seguindo a orientação da Via Láctea.
O secretário estadual do Planejamento, Guto Silva, um dos idealizadores do projeto, disse que o evento foi importante ao divulgar a rota, cuja história será recontada através da comunidade escolar, com os professores, visto que o tema será tratado em sala de aula.
“Essa atividade serviu para sensibilizar os professores, contando a história do caminho, que faz parte da história do Paraná. Após esse processo, o governador Carlos Massa Ratinho Junior já nos autorizou a fazer todo o trabalho de sinalização da rota, permitindo o georreferenciamento, apoiando e estruturando o turismo para valorizarmos esse patrimônio e gerar emprego e renda”, disse.
A secretária de Cultura, Luciana Casagrande Pereira, ressaltou que os Caminhos de Peabiru são mais do que uma homenagem ao passado, mas um compromisso com o futuro e uma celebração da diversidade, do intercâmbio cultural e da união entre os povos. “É uma oportunidade para que todos os paranaenses possam trilhar os caminhos de nossa antepassados com a consciência de que estamos, também, pavimentando novos caminhos para a futura geração”, disse.
EVENTO – O encontro em Curitiba foi aberto com uma apresentação cultural do grupo de dança e canto do Território Sagrado Tekoa Ywy Dju, de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, que emocionou os presentes com suas tradições. A programação se seguiu com apresentações de estudiosos e povos originários sobre o tema.
Para o secretário estadual do Turismo, Márcio Nunes, a iniciativa exige engajamento da comunidade como um todo. “Isso porque é um projeto transversal, que perpassa por muitas secretarias estaduais, como a de Turismo, Educação, Cultura, Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa e Indústria, Comércio e Serviços. E, além disso, envolve diversos municípios e conta uma história ainda pouco conhecida”, afirmou.
“Esse foi um momento espetacular ao reunir mais de mil professores para um contato mais próximo com o tema, e serviu como um chamamento para que contribuam com a difusão do conhecimento, visto que os caminhos são múltiplos e o Paraná tem o maior número de sítios arqueológicos dessa rota”, disse Nunes.
O secretário ainda ressaltou que, a partir da construção dessa narrativa e da divulgação ampla dos caminhos, a rota poderá ser transformada em um ativo histórico, cultural e de preservação. “Vamos fazer o turismo acontecer de maneira organizada, preservando o passado, mas com um olhar voltado para o futuro, para que haja geração de emprego e renda e resulte na melhoria de vida das pessoas”, complementou.
COMUNIDADE ESCOLAR – O papel crucial da comunidade escolar ao colocar esse trabalho dentro da sala de aula foi ressaltado pelo secretário da Educação, Roni Miranda. “O professor, trabalhando com os estudantes, é quem vai trazer a história do Paraná e ajudar na formação dessa identidade paranaense, passo fundamental para desenvolver o Estado e despertar nos alunos o orgulho de ser paranaenses”, disse.
Para o professor de Geografia do município de Prudentópolis, Márcio Luleck, do Colégio Estadual Cívico Militar Barão de Capanema, o resgate histórico realizado nesse encontro foi importante para fortalecer a identidade do paranaense e a sensação de pertencimento. “Os caminhos passam na área norte de Prudentópolis. Esse encontro foi importante porque sabemos que, quando falamos das coisas próximas ao aluno, isso o sensibiliza muito mais, o traz para conhecer essa história e, através disso, valoriza ainda mais o que é nosso”, afirmou.
A diretora da Escola Estadual Professora Halia T. Gruba, em Ponta Grossa, Ligia Souza, ressaltou que os caminhos despertaram um desejo de aprender mais sobre o assunto e que vai levar esse conhecimento para que seja divulgado entre os alunos. “Fiquei feliz pela oportunidade de participar desse encontro e de ter a oportunidade de despertar em outras pessoas esse conhecimento. Quero que os meus estudantes conheçam mais e que suas famílias também aprendam e ajudem a enriquecer a história do Paraná”, complementou.
PALESTRAS –O evento também contou com as palestras de Elon Jacintho, do povo Guarani Nhandewa, que compartilhou suas experiências na retomada dos territórios ancestrais; do pesquisador Arleto Rocha, que respondeu as perguntas fundamentais que todo professor deve saber sobre a rota; e de Claudia Parellada, especialista em Arqueoastronomia, que pesquisa o uso de constelações e de conhecimentos astronômicos pelos povos antigos.