Por meio do projeto Óculos Amigo, Luiz Henrique da Rocha, 13 anos, recebeu um dispositivo que tem auxiliado o aluno da rede estadual de ensino a ter mais autonomia na escola e em casa. Por meio de uma câmera e saída de áudio, os óculos podem ler textos em qualquer superfície, identificar até 200 rostos, e reconhecer diversos objetos e cores.
Diagnosticado com uma deficiência visual ao nascer, Luiz Henrique da Rocha, 13 anos, recebeu em agosto de 2023 um óculos de inteligência artificial que o Governo do Estado, por meio da Secretaria da Inovação, Modernização e Transformação Digital (SEI), disponibilizou através do projeto Óculos Amigo. Ele foi um dos 147 alunos cegos da rede estadual de ensino a receber o dispositivo de tecnologia assistiva. Um ano após estar com o equipamento, ele conta como os óculos têm ajudado a melhorar a sua qualidade de vida e autonomia com tarefas.
“Eu gosto bastante do óculos porque ele me ajuda muito. Na escola eu uso para ler, ou quando o professor passa alguma prova ou atividade que precisa marcar alternativas eu faço com ele”, explica o aluno do 8ª ano no Colégio Estadual Anita Canet, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Fabricado em Israel, o dispositivo fica acoplado na haste do óculos e não precisa de conexão à internet para funcionar. Por meio de uma câmera e saída de áudio, usa a inteligência artificial para transmitir informações em tempo real aos usuários, podendo ler textos em qualquer superfície, identificar até 200 rostos, e reconhecer diversos objetos e cores.
Hoje o aparelho já se tornou parte da vida do aluno. O zelo é tamanho pelo “Óculos Amigo” que o dispositivo sempre é carregado na caixinha e só utilizado quando necessário. “Eu não fico com ele o tempo todo porque tenho medo de que alguém esbarre e derrube”, brinca Luiz.
Mas a utilidade do equipamento não se limita à escola e aos estudos. Em casa, Luiz o utiliza para identificar coisas que estão à sua frente, para ajudar a saber as cores de roupas e objetos, reconhecer pessoas e até mesmo para usar outros equipamentos eletrônicos e assistir a vídeos de futebol, seu esporte preferido. “Ele é bem útil na minha vida porque ele me fala as coisas, os rostos das pessoas, também me diz a hora. Uso sempre para fazer os meus deveres e para mexer no celular”.
Entre os muitos benefícios que o projeto trouxe para a vida do aluno, a mãe, Mônica Celina Alves da Rocha, 31 anos, destaca que, além de ajudar no desenvolvimento estudantil, o equipamento permitiu a Luiz ter mais independência para fazer atividades do dia a dia. Agora, as lições de casa são mais independentes, além de ler livros e gibis favoritos sem a necessidade de ter alguém ao lado.
“É raro ele pedir algo para mim e isso é um grande avanço. Antes, pra ler um livro precisava ser em Braille, e agora não tem essa limitação, ele pode ler qualquer coisa. Foi algo muito bom para o Luiz, não só para o desenvolvimento na escola, mas para o cotidiano dele e também para nossa família. Acredito que é uma tecnologia que vai melhorar a vida de muitas pessoas ainda”, conta a mãe.
Fazendo o acompanhamento de Luiz desde o recebimento do dispositivo, o pedagogo do Colégio Estadual Anita Canet Claudio Roberto Molina relata o avanço expressivo no aluno com a utilização dos óculos. “O Luiz é um menino excelente, muito dedicado, e o equipamento veio para somar muito no desenvolvimento dele. Estamos sempre conversando sobre como isso tem auxiliado ele na aprendizagem e como tem sido a experiência de usar os óculos”, afirma.
INCLUSÃO – Com um investimento de R$ 2,9 milhões, visando promover a inclusão social de crianças e adolescentes como Luiz, o projeto Óculos Amigo abrangeu 75 municípios do Paraná. A iniciativa ganhou destaque pelo Brasil e serviu de exemplo para outros estados, como Santa Catarina, Rio de Janeiro e Espírito Santo, que buscaram o Governo do Paraná como referência para aplicação do projeto.
Além da SEI, responsável pela aquisição e a supervisão do projeto, outras duas secretarias estão envolvidas diretamente: do Desenvolvimento Social e Família (Sedef) e a da Educação (Seed). A primeira viabilizou a compra dos equipamentos, por meio do Fundo para Infância e Adolescência (FIA), que é administrado pelo Conselho Estadual dos Direitos da Criança e Adolescente (Cedca-PR). A segunda tem participação efetiva no dia a dia da implementação do novo recurso tecnológico no ambiente escolar.