Bolsonaro atacou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contrariando o que os apoiadores informaram mais cedo, de que ele não citaria o nome do ministro por conta das investigações que estão em inquérito
Em ato convocado pela extrema direita na Avenida Paulista, o ex-presidente Jair Bolsonaro criticou o governo, relembrou da facada de 2018 e proferiu ataques ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes: “Eu espero que o Senado Federal bote um freio em Alexandre de Moraes, esse ditador que faz mais mal ao Brasil do que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva”.
O discurso do ex-presidente começou por volta das 16h, quase duas horas depois do início das manifestações. “Eu não passo a faixa para ladrão”, repetiu a frase como tem feito nos últimos pronunciamentos. Relembrou de feitos do seu governo, e se disse inconformado pela sua condição de inelegibilidade. Em tom provocativo, disse: “Não me reuni com traficantes no morro do alemão como Lula fez”.
“Alexandre de Moraes escolheu seus alvos como escolheu meu filho Flavio Bolsonaro. Eles tinham que me destruir, porque acharam que, fazendo isso, eu mudaria de lado. Eu jamais faria isso. Eu preferi o lado mais difícil, o lado do povo brasileiro”, declarou. “Isso me dá tranquilidade, me faz dormir e me orgulhar. Se vocês hoje estão aqui é porque corroboram com o que eu estou falando. Passamos momentos cada vez mais difíceis com aquelas armações do 8 de janeiro.”
O ex-presidente relembrou do episódio da facada: “Se o golpe tivesse sido efetivo, Haddad seria presidente da República e eu teria sido enterrado como mandante da morte de Marielle Franco”. O incidente ocorreu em 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora (MG). Nesta sexta-feira (6/9), o ex-presidente foi até a cidade mineira “celebrar” a data, junto de seu filho, o senador Eduardo Bolsonaro, do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e da mulher, Michele Bolsonaro, onde também apoiou a candidatura de Carlos Evangelista, repetindo que “renasceu” naquele dia.
Emocionado, acrescentou que “Deus permitiu que sua filha Laura não ficasse órfã”. Assim como os governadores e do pastor Silas Malafaia, o ex-presidente também fez um discurso com forte apelo religioso, como de costume: “Deus quis que eu me ausentasse no dia 30 de dezembro de 2022”. Bolsonaro pediu anistia para os presos condenados por atos antidemocráticos praticados no dia 8 de janeiro de 2023, que depredaram o patrimônio público dos prédios dos Três Poderes em Brasília.
“As pessoas estão sendo condenadas como membros de um grupo armado, e eu lamento por essas pessoas presas, mais de uma centena, jovens mães, idosos, chefes de família. Hoje temos filhos de pais vivos aqui no Brasil. Precisamos de uma anistia para beneficiar essas pessoas que foram injustiçadas”, apelou Bolsonaro. E, confrontando a sua inelegibilidade, disse que “em breve essa situação vai ser mudada, porque é o povo brasileiro que deve fazer suas escolhas no Brasil”.
Antes de encerrar, o ex-chefe do Planalto prestou apoio ao candidato às eleições presidenciais dos Estados Unidos, Donald Trump: “tenham certeza que a volta de Trump ao poder em novembro vai ser um recado para todo mundo”. Contrariando o que os apoiadores informaram mais cedo, de que Bolsonaro não citaria o nome de Alexandre de Moraes, e convocando o Senado Federal para “botar um freio” no ministro do Supremo. O pedido de impeachment contra Moraes deve ser protocolado na próxima segunda-feira (9/7) no Congresso Nacional.