Fenômeno deve chegar ao país em setembro, elevando as temperaturas a 44ºC em algumas regiões
Junto com a chegada do mês de setembro, uma nova onda de calor vai elevar as temperaturas a partir da próxima segunda-feira (2/9) e deixar o país em alerta. O fenômeno pode ser o mais intenso registrado até o momento em 2024, informa a Climatempo.
A previsão indica que, em muitas cidades, principalmente no Centro-Sul, os termômetros podem ficar até 5ºC acima da média. Áreas localizadas no Norte, como Amazonas, Rondônia e Pará também serão afetadas.
“No Centro-Oeste, o calor vai passar tranquilamente dos 42ºC, como em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em algumas áreas desses Estados, pode variar de 41ºC a 44ºC, com toda a certeza. Já em São Paulo, mais na faixa leste, e até na parte noroeste do Paraná, vai superar os 40ºC”, explica o meteorologista Guilherme Borges.
A tendência é que esta onda de calor fique em ação até o dia 12, impedindo a formação de nuvens de chuva, diz Desirée Brandt, meteorologista e sócia da Nottus Consultoria.
“Agosto já termina com o tempo firme em grande parte do país e com as temperaturas bem mais altas. Não dá nem para acreditar que no fim de semana passado tivemos neve na serra de Santa Catarina e termômetros abaixo de zero em São Paulo. A partir da semana que vem, a situação fica bastante preocupante”.
O que vai causar a onda de calor?
A presença de massas de ar quente e seco são comuns nesta época do ano, mas têm ficado mais intensas com o passar dos anos. Desta vez, a explicação está na maior incidência de radiação solar e não tem relação com as mudanças climáticas, afirma Guilherme Borges.
“O que tem de diferente para as outras ondas é que estamos em setembro e, consequentemente, temos também as médias de setembro mais elevadas que em agosto. Por isso, quando vem uma massa de ar quente e se estabelece, a chance de temperaturas recordes é grande porque as médias são altas mesmo”.
O que é onda de calor?
O fenômeno meteorológico é causado por um sistema de alta pressão que atua como uma bolha, inibindo a formação de chuvas em uma determinada área. Por consequência, também reduz a chance de aproximação de frentes frias.
A Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês) define “onda de calor” como o período de, no mínimo, três dias em que as temperaturas permanecem 5ºC ou mais acima da média para o período.
Quais as áreas mais atingidas pelo fenômeno?
A onda de calor que promete ser a mais intensa de 2024 até o momento vai deixar as temperaturas 5ºC acima da média em dez Estados: Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo.
Em grande parte de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás, Acre, Tocantins e Maranhão, a elevação pode chegar a 4ºC acima da média.
Atenção para a agricultura e a saúde
A manutenção do clima extremamente seco, quadro que se estende há meses, é um dos principais gatilhos para os incêndios que assolam o país nas últimas semanas, explica Desirée Brandt.
No interior de São Paulo, por exemplo, mais de 105 municípios foram atingidos por queimadas entre 21 e 26 de agosto, causando mortes, cancelamento de aulas, bloqueios em rodovias, abandono de residências e prejuízos que ultrapassam R$ 1 bilhão na agricultura e na pecuária.
“Com essa condição de tempo quente e seco que temos agora e vamos continuar presenciando, o número do surgimento de focos incêndios pode aumentar”, diz.
A especialista ouvida pela Globo Rural alerta para os cuidados com a saúde que devem ser adotados por causa das queimadas.
“Umidificadores são muito bem-vindos, porque a umidade relativa do ar vai despencar, e a hidratação será vital. Além disso, não é recomendado praticar exercícios ao ar livre no período da tarde, quando teremos as maiores temperaturas do dia e os menores índices de umidade relativa do ar. Esse ar sujo e a presença de fuligem são muito prejudiciais”, orienta.