Um novo estudo publicado na revista Nature na última quarta-feira (21) afirma que o jejum intermitente pode trazer benefícios, mas aumenta o risco de câncer. Os testes conduzidos em roedores também indicam que quebrar um jejum traz mais benefícios à saúde do que o jejum em si.
Conforme mostram os pesquisadores do Columbia University Irving Medical Center, depois que os ratos se abstiveram de comida, as células-tronco surgiram para reparar danos em seus intestinos — mas apenas quando os ratos estavam comendo novamente.
No entanto, se os ratos já tinham uma alteração genética que os tornava propensos ao câncer, esse processo de conserto, que normalmente é benéfico, também teve um efeito negativo: esses animais ficaram mais propensos a desenvolver pequenas lesões no intestino, chamadas pólipos, que podem eventualmente virar câncer.
Então o estudo mostrou que, embora o jejum possa ajudar a reparar danos no intestino, para ratos com uma predisposição genética ao câncer, o retorno à alimentação pode aumentar o risco de problemas graves no intestino.
Mas essa ativação de células-tronco teve um preço: os ratos tinham maior probabilidade de desenvolver pólipos pré-cancerígenos nos intestinos se sofressem uma alteração genética causadora de câncer durante o período pós-jejum do que se não tivessem jejuado.
Jejum faz bem ou mal?
O relatório da Nature reconhece que os pesquisadores têm investigado os potenciais benefícios do jejum para a saúde por décadas, e existem evidências de que a prática pode ajudar a retardar certas doenças e aumentar a expectativa de vida em roedores.
Para o estudo atual, os pesquisadores dividiram os roedores em três grupos:
- Os que jejuaram por 24 horas
- Os que retomaram a alimentação por 24 horas após um jejum de 24 horas
- Aqueles que podiam comer sempre que quisessem durante o estudo
As células-tronco intestinais se multiplicaram mais rapidamente nos camundongos que receberam comida após um jejum.
Essas células-tronco ajudam a reparar e regenerar o revestimento intestinal, em parte produzindo grandes quantidades de moléculas chamadas poliaminas, que são importantes para o crescimento e a divisão das células.
“Há tanta ênfase no jejum e na duração do jejum que meio que negligenciamos todo esse outro lado da equação: o que está acontecendo no estado de alimentação realimentada?”, diz o pesquisador, no relatório divulgado pela revista.
Células pré-cancerígenas
O problema é que as células-tronco intestinais, devido à sua capacidade de se dividir constantemente, também podem ser uma fonte de células pré-cancerígenas.
São essas predisposições extras ao câncer que ajudaram a levar os animais ao limite e a desenvolver tumores, em vez do ato de comer em si.
Em contrapartida, a revista Immunity afirma que, na verdade, o jejum pode ajudar organismo a combater câncer. Na ocasião, cientistas afirmaram que o jejum reprograma as NK (Natural Killer Cells) para sobreviver melhor ao ambiente hostil gerado pelos tumores, que absorvem nutrientes essenciais.