Ícone do site CRN1.com.br

Motociclista do Paraná leva multa por não usar cinto de segurança em cidade mineira que nunca visitou

Motociclista do Paraná ganha multa por não usar cinto de segurança em cidade que nunca visitou — Foto: Arquivo Pessoal

Distância entre Toledo, onde família mora, e Alterosa, onde a multa foi registrada, é de mais de mil quilômetros.

O dono de uma moto com placas de Toledo, no oeste do Paraná, recebeu uma multa de R$ 195,23 por não usar o cinto de segurança na direção do veículo na rodovia MG-184, no município de Alterosa, no sul de Minas Gerais.

O problema é que, além de a moto não ter cinto de segurança, tanto o veículo quanto Armando Simonatto – o dono – nunca sequer estiveram em Minas Gerais.

A distância entre a cidade onde Armando e a família moram e a cidade onde a multa foi registrada é de mais de mil quilômetros.

Distância de Alterosa, onde a multa foi registrada, e Toledo, onde a família mora, é de 1.016 km — Foto: Gabriel Trinetto Pedrão/RPC/Artes

Distância de Alterosa, onde a multa foi registrada, e Toledo, onde a família mora, é de 1.016 km — Foto: Gabriel Trinetto Pedrão/RPC/Artes

‘Comecei a dar risada’

Esposa de Armando, Dileta Simonatto contou ao g1 que a carta com a notificação de trânsito veio do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DER-MG).

Além da penalidade em dinheiro, foram aplicados 5 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do proprietário da motoneta.

Dileta lembra que quando viu a carta do DER-MG estranhou e, quando leu o que estava escrito, não acreditou. Da mesma forma, o resto da família quase duvidou dela quando contou o motivo da multa.

“Como eu sou uma pessoa bem medicada, comecei a dar risada… Só que agora tem que ir atrás para resolver esse B.O”, brinca.

A família mora no distrito de Concórdia do Oeste e usa a moto para curtas distâncias.

“O único trajeto dela é quatro quilômetros por dia, durante a semana, quando meu marido vai trabalhar. Ele sai de casa e faz dois quilômetros e de noite ele volta para casa, mais dois quilômetros. Esse é o trajeto dessa moto, desde 2018, nunca saiu daqui da comunidade”, relata.

Cuidado com o cinto de segurança

Além da incoerência do registro, Dileta conta que preza muito pelo uso do cinto de segurança quando está de carro.

Ela lembra que semanas antes de receber a multa estava dirigindo o carro enquanto o marido estava no banco do passageiro. Ao fazer um trajeto curto com o veículo, ele afirmou que não precisava colocar o cinto de segurança.

Responsável, Dileta parou o veículo e falou que só seguiria viagem se o marido usasse o cinto corretamente.

“Estacionei o carro, desliguei e falei assim: ‘Quando você quiser ir para casa, você coloca o cinto e a gente vai embora’. Agora me veio uma multa porque estava sem cinto de segurança lá em Minas Gerais”, conta, brincando.

Próximos passos

Dileta conta que pretende contestar a multa e regularizar a situação. Diz também que tem medo da possibilidade de estar sendo vítima de um golpe ou de a placa da moto ter sido clonada.

Ela reforça também que pessoas que passam por situações como a que está passando procurem pelos direitos.

“A gente não pode ficar quieto quando acontece tipo de coisa. Muitas pessoas vão lá e pagam a multa e fica por isso mesmo, porque não querem perder tempo, mas eu vou atrás. Se eu estivesse errada, tudo bem, mas a gente não está errado. A gente mal saiu de casa com essa moto, né? Então não tem como ela estar indo para outro lugar, em outro estado”, afirma.

O que diz o DER-MG

O g1 relatou o caso ao DER-MG que, em nota, orientou que pessoas que passam por uma situação como essa podem entrar com recurso, como prevê o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

“Isto pode ser feito na primeira comunicação que o proprietário recebe (notificação de autuação) e posteriormente na segunda comunicação (notificação de penalidade)”, afirmou o departamento.

Caso não é o primeiro no Paraná

Em 2023, um motorista de transporte escolar de Bandeirantes, no norte do Paraná, ficou impedido de exercer a profissão após receber uma série de multas indevidas cometidas em São Paulo.

De acordo com o profissional, que dirige uma Kombi, a placa do veículo dele foi clonada por uma outra Kombi, que vende ovos na capital paulista.

Depois de meses, o motorista conseguiu a substituição da placa da Kombi escolar que dirige e pode voltar ao trabalho sem se preocupar com multas cometidas por outra pessoa.

G1/Globo

Sair da versão mobile