Eles cobriram o rosto com produto verde escuro em solidariedade a amigo que sofria de caso severo de acne, nos EUA
Dois adolescentes expulsos de uma escola católica de elite na Califórnia, acusados de usar “blackface”, receberam conjuntamente US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,1 milhões) de indenização depois de provarem que era apenas uma máscara facial verde escura para acne.
Os então alunos da Saint Francis High School, em Mountain View, tinham apenas 14 anos quando tiraram uma foto, durante uma festa do pijama em 2017, em que eles apareciam usando o tratamento em solidariedade a um amigo que sofria de acne grave, disse o processo.
O tratamento, comprado pela mãe de um dos meninos, era verde claro quando aplicado e ficava verde escuro depois de seco.
Um júri do condado de Santa Clara concordou esta semana que a escola violou um contrato verbal e não lhes concedeu o direito à defesa antes de expulsá-los em 2020, de acordo com reportagem do “Los Angeles Times”.
Os estudantes, identificados apenas no processo como AH e HH, receberam US$ 500 mil (R$ 2,5 milhões) cada e terão suas mensalidades reembolsadas, no valor de US$ 70 mil (R$ 360 mil).
“Este caso é significativo não apenas para nossos clientes, mas também por seu efeito inovador em todas as escolas de ensino médio privadas da Califórnia, que agora são legalmente obrigadas a fornecer procedimentos justos aos alunos antes de puni-los ou expulsá-los”, disse Krista Baughman, uma das advogadas dos estudantes.
A prática do “blackface” (black/negro + face/rosto) é considerada racista. Acredita-se que ela tenha se iniciado por volta de 1830, nos EUA, em meio ao período de transição entre escravidão e abolição da escravatura. O “blackface” surgiu numa época em que os negros não eram autorizados a subir nos palcos e atuar, por causa da cor da pele. Popular, a prática continuou em programas de TV e no teatro por boa parte do século XX, chegando a se tornar um gênero de teatro próprio. Em vários países, incluindo o Brasil, a prática foi amplamente usada em fantasias.