A campanha para devolver um pássaro pega (magpie, em inglês), que ganhou fama no Instagram, aos seus cuidadores humanos na Austrália está atraindo atenção até de políticos locais.
O animal foi apreendido por autoridades responsáveis pela vida selvagem.
A ave, apelidada de Molly, foi resgatada ainda filhote por um casal de Queensland e formou um vínculo improvável com Peggy, uma cachorra da raça bull terrier.
Mais de dois milhões de pessoas seguem o perfil “Peggy e Molly” nas redes sociais.
O governador de Queensland, Steven Miles, acredita que Molly deveria se reunir com a família, contradizendo a decisão das autoridades estaduais.
“Acho que às vezes o bom senso precisa prevalecer… E se você olhar para a história, há uma decisão possível que é melhor”, declarou Miles nesta quinta-feira (28/3).
O político desempenha a função conhecida como “prime minister” (primeiro-ministro em tradução literal parao português) na Austrália. Esse cargo é semelhante ao de governador no Brasil. Já o chamado “governor” (governador, na tradução literal) de estados e territórios australianos possui um papel mais cerimonial e apolítico.
Em um vídeo emocionante, Juliette Wells e Reece Mortensen anunciaram que “entregaram” Molly ao departamento ambiental de Queensland no início da semana, por causa de um “pequeno grupo de pessoas que reclamam constantemente” que o animal está sob os cuidados de humanos.
“Por que uma pega selvagem não pode decidir por si mesma onde quer morar e com quem quer passar o tempo?”, questionou o casal nas redes sociais.
Mais de 50 mil fãs assinaram uma petição para que os animais sejam reunidos novamente.
Eles aparecem juntos em vídeos há quatro anos.
Um dos apoiadores da campanha destacou que Molly consegue imitar um cachorro latindo — ele argumenta que isso seria uma prova de que a ave vê o parceiro canino como parte da família.
O Departamento de Meio Ambiente, Ciência e Inovação (Desi) do Estado de Queensland disse reconhecer o “interesse da comunidade em Molly”, mas alertou que as pegas não são animais domésticos e só deveriam ser alojadas por seres humanos temporariamente para fins de “reabilitação”.
“A pega está atualmente sob os cuidados do Desi. Infelizmente, ela está altamente habituada ao contato humano e não é capaz de ser devolvida à natureza”, detalhou um porta-voz.
Wells e Mortensen sinalizaram que continuarão a campanha, defendendo que Molly teria enfrentado “morte certa” se não tivesse sido cuidada pela família.
As pegas australianas — que podem viver até 30 anos — são uma espécie nativa protegida consideradas vitais para o ecossistema do país.
Elas têm esse nome devido à semelhança que possuem com as pegas da Eurásia, com a qual não estão diretamente relacionadas.