Conteúdos virais afirmam que receitas caseiras podem diminuir a carga viral no organismo e acabar com os sintomas de dengue.
Suco de limão, cana de açúcar e ivermectina não são eficazes contra a dengue, ao contrário do que é afirmado em conteúdos difundidos nas redes sociais. Até a tarde da última sexta-feira (09), publicações enganosas sobre a doença acumulavam centenas de curtidas e compartilhamentos no Instagram e no Facebook, respectivamente. O termo “ivermectina dengue” apresentou um aumento de 140% no número de buscas na plataforma de pesquisa Google.
Em um vídeo que circulou no aplicativo de mensagens WhatsApp, é explicado que o consumo de 200 mililitros de suco de limão é capaz de matar o vírus da dengue e acabar com a carga viral presente no organismo. O boato também afirmava que o caldo de cana seria suficiente para curar a dengue hemorrágica. As duas afirmações são falsas, conforme aponta Marcelo Neubauer, infectologista e professor de Clínica Médica e Semiologia na PUC-Campinas.
Após a picada do mosquito, o vírus da dengue se multiplica nas células do sistema imunológico, especialmente nos glóbulos brancos, e aumenta a chamada carga viral. Para ser efetivo, é preciso um medicamento ou princípio ativo que impeça a multiplicação do vírus dentro das células. O suco de limão e o caldo de cana não têm essa capacidade.
A ivermectina também voltou a ganhar holofotes como um possível método de tratamento da dengue — um boato vinculado, inclusive, no perfil das redes sociais de alguns profissionais de saúde.
O medicamento, segundo Marcelo, é utilizado no tratamento de parasitoses, como lombriga, sarna e piolhos, mas não é eficaz em diminuir a carga viral da dengue. Em nota, o Ministério da Saúde afirma que não reconhece qualquer protocolo que inclua o remédio para o tratamento da doença.
A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do Aedes aegypti, um mosquito urbano e diurno que se reproduz em depósitos de água parada. Com maior incidência no verão, a doença é considerada um grave problema de saúde pública no Brasil e deve ser encarada com atenção. Por isso, conheça os principais sintomas da dengue, quando procurar ajuda e qual tratamento adequado para combatê-la.
Quais os sintomas de dengue?
Os sintomas da dengue costumam surgir de três a 15 dias após a picada do mosquito e podem durar de cinco a sete dias. Alguns dos principais sinais incluem:
- Febre alta com início súbito (entre 39º a 40°C)
- Dor de cabeça intensa
- Dor atrás dos olhos, que piora com o movimento
- Manchas e erupções na pele, por todo o corpo
- Fadiga extrema ou irritabilidade
- Moleza e dor no corpo
- Náuseas e vômitos
- Tontura
- Perda de apetite e paladar
É importante lembrar que a pessoa com dengue não necessariamente terá todos os sintomas. Normalmente, a febre alta acompanhada de mal-estar, dor de cabeça e dores pelo corpo é a forma de apresentação mais comum, de acordo com o Ministério da Saúde. A forma mais grave da doença, a dengue hemorrágica, se manifesta através de dor abdominal intensa, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
Como é feito o tratamento de dengue?
Não existe tratamento antiviral específico para a dengue. Em casos leves, a recomendação é o repouso e a ingestão de líquidos — principalmente recorrendo ao soro caseiro em casos de vômito. A administração de paracetamol ou dipirona pode ser feita quando há dor ou febre alta.
˜Deve ser hospitalizado qualquer paciente que apresente algum critério de gravidade (sinais de hemorragia, queda de pressão, alteração do estado mental) ou pacientes que estejam muito sintomáticos˜, explica Marcelo.
Em caso de suspeita de dengue, também é necessário evitar o uso de remédios à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) ou que contenham a substância associada. Esses medicamentos têm efeito anticoagulante e podem causar sangramentos.
Quando ir ao médico com dengue?
A infecção pelo vírus da dengue pode ser assintomática ou apresentar quadro leve. Mesmo assim, se você notar sinais como febre, mal-estar, dor de cabeça e dores pelo corpo, procure atendimento em uma unidade de saúde mais próxima com um profissional. Se não tratada adequadamente, pode haver uma evolução para um quadro mais grave. E lembre-se: não se automedique.