Neste ano, a vacina contra a dengue será aplicada apenas em crianças e adolescentes, em cidades específicas, como planeja o Ministério da Saúde. Enquanto o imunizante não chega e a previsão é de alta de casos, a população deve adotar medidas de proteção contra o principal vetor da doença, o mosquito Aedes aegypti.
Evitar acúmulo de água parada, passar repelente contra mosquitos e usar roupas com mangas são três estratégias básicas de proteção contra o mosquito da dengue, mas existem formas de potencializar a redução de riscos entendendo melhor o comportamento do inseto, como aponta Flávio Cesar Viani, professor de biomedicina da Universidade Cruzeiro do Sul, para o Canaltech.
1. Conheça os hábitos do mosquito
Os pernilongos têm hábitos noturnos, como o Culex quinquefasciatus, mas, no caso do Aedes aegypti, esses insetos são majoritariamente diurnos. Então, a chance de ser picado é maior ao amanhecer e ao entardecer do que à noite.
“Porém, por ser oportunista e muito adaptado à vida próxima ao homem, podem ocorrer ataques à noite também”, explica o biomédico Viani. De forma preventiva, as medidas de proteção devem ocorrer sempre em áreas de risco, independente do período.
2. Cuidado com áreas de risco
“Normalmente, áreas próximas aos rios não costumam ser de risco para transmissão da dengue e, sim, os locais de aglomerados populacionais”, afirma o especialista.
Afinal, o Aedes aegypti tende a viver próximo ao homem, dentro e ao redor de casas. Como parte do seu ciclo reprodutivo, ele precisa de pequenas poças de água — parada, limpa e sem matéria orgânica — para colocar seus ovos.
“Nas áreas de vegetação natural e cursos de água, predominam outros mosquitos responsáveis pela transmissão de outras doenças”, reforça Viana. Isso não significa que são isentas de risco, já que outras arboviroses podem ser fatais.
3. Evite criadouros da dengue
Nas áreas de risco, as pessoas devem sempre estar atentas para o controle ambiental, ou seja, para a eliminação de criadouros e locais com água parada. São os casos de vasos, caixa d’água, ralos ou mesmo pneus no quintal.
Se não for possível remover a água empoçada em um local, o recomendado é adicionar água sanitária para impedir que o mosquito da dengue use aquele espaço para se proliferar.
4. Escolha o repelente correto
Como estratégia de proteção individual, o melhor é usar repelentes contra o mosquito da dengue, reaplicado de tempos em tempos. Na hora de comprar, é preciso checar se o produto é registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) — isso pode ser observado no rótulo do produto.
“Para a Anvisa aprovar um repelente, a empresa deve comprovar a eficácia e a segurança através de testes laboratoriais recomendados pela OMS”, comenta Viana sobre a importância da validação.
Hoje, as substâncias ativas sintéticas registradas na Anvisa são: o DEET, a Icaridina e o IR3535. Além disso, existem outros produtos que têm como substância ativa o extrato vegetal ou o óleo de plantas do gênero Cymbopogon, a conhecida citronela.
Quando reaplicar o repelente?
“O tempo de ação [do repelente] varia de acordo com cada princípio, os produtos a base de DEET apresentam um tempo médio de ação entre 30 e 90 minutos, devendo ser reaplicado após este período, o mesmo acontece com aqueles à base de IR3535”, orienta o biomédico. No caso dos repelentes com Icaridina, o tempo de ação pode ser de até 120 minutos.
5. Use citronela com moderação
Em busca de soluções naturais, há quem use diretamente o óleo de citronela como repelente natural contra o mosquito da dengue. No entanto, esses produtos não têm registro na Anvisa e não há como garantir sua eficácia.
“Mesmo sabendo que a citronela possui ação repelente e até desinfetante para ovos e larvas, um produto para ser aplicado à pele com segurança e apresentar ação repelente comprovada, deve passar por todos os testes e aprovações exigidas pela autoridade sanitária nacional”, pontua Viana.
6. Espere a vacina contra dengue
Se neste ano a previsão é que a vacina contra a dengue seja aplicada em um número limitado de pessoas, a expectativa é que mais doses da Qdenga cheguem ao Brasil nos próximos anos, expandindo a cobertura vacinal.
Em paralelo, é possível que outro imunizante possa contribuir, em breve, nas campanhas nacionais de vacinação: a vacina Butantan-DV, desenvolvida pelo Instituto Butantan. A eficácia estimada é de 79,6%, o que é comparável com o efeito protetor da Qdenga.